Transformar diversidade e inclusão em valores estruturantes, e não apenas em estratégias corporativas, é um dos principais desafios das organizações que buscam se manter relevantes e sustentáveis no longo prazo. Para Mirella Prosdócimo, especialista em diversidade e inclusão e conselheira de Administração do Comitê Paralímpico Brasileiro, o caminho passa por liderança comprometida, políticas consistentes e métricas claras de acompanhamento.
De acordo com Mirella, que é tetraplégica desde os 17 anos e há mais de 20 atua na construção de ambientes mais diversos, acessíveis e inclusivos, “não se trata apenas de ter programas, mas de reconhecer que a pluralidade de pessoas, histórias e perspectivas é parte essencial da sustentabilidade e da longevidade de qualquer negócio”. Para ela, quando incorporados ao propósito, esses valores deixam de ser iniciativas pontuais para se tornar parte natural da cultura organizacional.
Motores de inovação
A especialista ressalta ainda que ambientes inclusivos são motores de inovação, pois, ao reunir diferentes visões de mundo, as empresas ampliam seu repertório criativo e constroem soluções mais eficazes. “A inovação acontece justamente no encontro de visões distintas, quando há espaço seguro para a expressão e a colaboração. Nesses casos, o resultado deixa de ser privilégio de poucos para se tornar conquista coletiva”, explica.
Outro ponto de destaque é o papel da responsabilidade social na construção da imagem corporativa. Segundo Mirella, ela funciona como prova de credibilidade: “Não basta comunicar valores, é preciso demonstrar compromisso com práticas que impactem positivamente a comunidade e o meio em que a organização está inserida. A reputação se fortalece quando há coerência entre discurso e ação”.
Forma genuína e contínua
Integrar diversidade aos processos decisórios também é um passo fundamental. Isso significa garantir representatividade em cargos de liderança, criar fóruns plurais e incorporar diferentes perspectivas na avaliação de riscos e oportunidades. Para Mirella, grupos diversos tomam decisões mais equilibradas, éticas e inovadoras.
O impacto dessa postura vai além das paredes corporativas. Quando a responsabilidade social é tratada de forma genuína e contínua, seus efeitos se refletem em toda a sociedade. “Ela contribui para a redução das desigualdades, para a ampliação de oportunidades e para o fortalecimento do tecido social. Empresas que assumem esse papel ajudam a construir uma sociedade mais justa, sustentável e resiliente, ao mesmo tempo em que formam mercados mais saudáveis para seus próprios negócios”, conclui.

XVIII CONPARH
O assunto foi um dos temas que compôs a programação do XVIII CONPARH – Congresso Paranaense de Recursos Humanos, realizado em outubro, em Curitiba. A proposta desta edição do evento, tradicionalmente organizado pela Associação Brasileiras de Recursos Humanos do Paraná – ABRH-PR, foi celebrar o ser humano como o verdadeiro centro das organizações, da inovação e da liderança, destacando que a nossa capacidade de sentir, criar, se relacionar e transformar nos diferencia em um mundo digitalizado.

