Em um cenário educacional cada vez mais pressionado por resultados imediatos e índices de alfabetização precoce, o Colégio Suíço-Brasileiro de Curitiba segue na contramão. Na Educação Infantil, lápis e cadernos dão lugar a blocos de montar, jogos, cantigas, tintas e brincadeiras ao ar livre. Longe de ser um mero passatempo, o brincar é tratado como ferramenta pedagógica essencial para o desenvolvimento integral, capaz de desenvolver competências que servirão de alicerce para toda a trajetória escolar e para a vida.
Brincar: fundamento para o desenvolvimento integral
Entre os 2 e 7 anos, segundo Jean Piaget, a criança vive o chamado estágio pré-operatório – fase em que desenvolve a capacidade de representar o mundo por meio de símbolos, como a linguagem e a brincadeira de faz de conta, mas ainda não realiza operações lógicas complexas. Já para Lev Vygotsky, aos 4 e 5 anos, o convívio social e a linguagem desempenham papel central para ampliar o repertório cognitivo e emocional.
É nesse período que o brincar, especialmente sob a abordagem “Spielen Plus” adotada pelo Colégio Suíço-Brasileiro de Curitiba, torna-se ferramenta essencial: criar situações lúdicas significativas favorece a autonomia, o controle inibitório, a flexibilidade cognitiva, a memória de trabalho e o planejamento, funções executivas que servirão de base para o sucesso escolar e para a vida. É aqui que a escola vive a filosofia de brincar e não alfabetizar, com o método 'Spielen Plus. Os resultados do Spielen Plus mostram que oferecer tempo regular para o brincar livre e estruturado favorece habilidades como comunicação, autocontrole, resolução de conflitos e criatividade, competências que têm impacto direto no desempenho escolar.
Evidências científicas reforçam essa escolha. Um estudo longitudinal conduzido pela pesquisadora suíça Margrit Stamm (2014) comparou crianças alfabetizadas precocemente com aquelas que vivenciaram intensamente o brincar antes do Ensino Fundamental.

Os resultados mostraram que, no 9º ano, os maiores índices de sucesso acadêmico estavam entre os alunos que tiveram mais oportunidades de brincar livremente na primeira infância, indicando que experiências lúdicas bem estruturadas podem ter impacto positivo e duradouro no desempenho escolar e socioemocional.
Mais do que entretenimento, brincar é um processo ativo, motivado internamente, que envolve emoção positiva, liberdade de escolha e participação integral na aprendizagem.
Do bosque às caixas sensoriais: o brincar em ação na sala de aula
Conforme avalia Cintia Gorz, coordenadora da Educação Infantil, em seu texto “Brincar na Educação Infantil”, brincar não é apenas entretenimento, mas uma poderosa ferramenta de aprendizagem que, quando orientada, cultiva desde cedo habilidades essenciais para uma vida adulta consciente e equilibrada.
Essa prática é vivida intensamente no Colégio Suíço-Brasileiro de Curitiba, onde o brincar assume formas variadas da construção de casas com blocos de madeira aos jogos de faz de conta, estimulando resolução de problemas, empatia, criatividade e comunicação.
No dia a dia, as professoras transformam o ato de brincar em oportunidades ricas de aprendizagem. No bosque, por exemplo, um graveto pode virar colher, pedrinhas se transformam em feijões e folhas em alfaces. Nesse ambiente lúdico, surgem interações espontâneas entre as crianças, questionamentos e ideias que ampliam a brincadeira. O professor atua como mediador, inserindo conceitos matemáticos, enriquecendo o vocabulário e promovendo reflexões que ocorrem de forma natural.
Outro recurso amplamente utilizado são as caixas sensoriais, repletas de materiais como areia, grãos, tecidos e objetos texturizados. Como explica a professora Suelene Pauls, elas estimulam sentidos, coordenação motora, atenção e memória, ajudando a construir uma base sólida de habilidades que acompanharão as crianças por toda a vida.

Werkstatt: oficinas que unem cabeça, coração e mãos
Conforme explicam Debora Andressa da Silva e Jackeline Sell Tiefenbacher, professoras da Educação Infantil, no texto “A dinâmica da Werkstatt na Educação Infantil”, a participação ativa da criança no processo de ensino-aprendizagem é fundamental para seu desenvolvimento integral. As oficinas chamadas “Werkstatt”, palavra alemã para “oficina”, partem de um tema gerador e propõem atividades cuidadosamente planejadas para cada faixa etária, respeitando o ritmo de aprendizagem e incentivando a troca de experiências entre as crianças.
Nesse contexto, funções executivas como controle inibitório, memória, planejamento e flexibilidade cognitiva são estimuladas à medida que os alunos resolvem problemas, tomam decisões e organizam suas ações. A dinâmica envolve ainda uma roda de conversa inicial, na qual cada atividade é explicada e as dúvidas são esclarecidas. Além das oficinas estruturadas, a escola também oferece diversos jogos e brincadeiras no dia a dia, complementando a metodologia e garantindo que o aprendizado seja contínuo e lúdico.
As crianças recebem um cartão com as propostas e escolhem por onde começar registrando as tarefas concluídas e oferecendo feedback sobre a experiência.
É a filosofia de brincar e não alfabetizar em ação.
Com mais de 40 anos de história, o Colégio Suíço-Brasileiro de Curitiba se consolidou como uma referência em educação internacional no sul do Brasil. A instituição oferece uma formação completa e multicultural, unindo a tradição suíça com a inovação pedagógica e tecnológica. Os alunos são preparados para um mundo globalizado por meio de um currículo que integra o ensino do português, alemão, inglês e francês, além de abordar temas globais como direitos humanos e proteção ambiental.
O colégio também se destaca pela sua abordagem pedagógica, baseada na teoria de Pestalozzi de "aprender com a cabeça, o coração e as mãos", que promove o desenvolvimento integral e prepara os estudantes para atuar de forma crítica e curiosa na sociedade. Leia mais na matéria da Gazeta do Povo.
Avaliação que vai além da nota: o brincar como medidor de desenvolvimento
Em relação à forma como a escola mede o impacto do brincar no desenvolvimento dos alunos, a coordenadora Cintia Gorz explicou que o Colégio Suíço-Brasileiro utiliza indicadores qualitativos. Segundo ela, a equipe pedagógica observa continuamente a capacidade das crianças de resolver problemas, a organização do pensamento e a experimentação de diferentes papéis sociais.
O brincar como métrica: uma abordagem que vai além da sala de aula
Cintia Gorz ressaltou que essas competências, desenvolvidas desde a Educação Infantil por meio de experiências lúdicas, impactam positivamente não apenas a alfabetização, mas também toda a trajetória acadêmica, contribuindo para a autonomia, o planejamento e a intencionalidade dos estudantes.
Ao ser questionada sobre a adaptação do conceito “Spielen Plus” para diferentes idades, Cintia detalhou que o brincar se desenvolve em fases. Ela explicou que a abordagem acompanha a maturação da criança, começando pelas experiências sensoriais e evoluindo para jogos de exercício e faz de conta.

Com o avanço do desenvolvimento cognitivo e social, as brincadeiras se tornam mais estruturadas, dando lugar aos jogos simbólicos e de regras. Cintia Gorz enfatizou que a proposta “Spielen Plus” é cuidadosamente adaptada a cada faixa etária, respeitando o ritmo de desenvolvimento e oferecendo experiências lúdicas significativas.
Quer ver o poder do brincar em ação?
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