Brasileiras contam com possibilidade de congelar óvulos com tanta segurança e eficiência quanto no exterior.
Brasileiras contam com possibilidade de congelar óvulos com tanta segurança e eficiência quanto no exterior.| Foto: Divulgação
  • Por Dr. Regis Cho | CRM-PR 25.875 | Especialista em Reprodução Assistida (RQE 25702)
  • 19/10/2021 11:13

Muitas vezes, os avanços revolucionários da ciência parecem pertencer aos outros países ou ao futuro, mas nunca ao Brasil e ao presente. É o caso da criopreservação, técnica de armazenamento de células em baixas temperaturas, utilizada no congelamento de óvulos. Várias mulheres que se interessam pelo procedimento acabam receosas, pensando se tratar de uma novidade muito distante da realidade nacional.

A verdade é que a preservação de tecidos biológicos a graus negativos é uma estratégia mais comum e tradicional do que parece. As primeiras pesquisas sobre o assunto datam do início da década de 50, no Reino Unido.

O congelamento de óvulos possui uma trajetória mais longa do que parece. Em 2011, durante minha formação em Reprodução Assistida no hospital universitário de Angers, na França, o debate sobre a questão já andava a passos largos na Europa. Afinal, o Reino Unido já autorizava o uso de óvulos congelados como prevenção à infertilidade há mais de uma década.

No ano seguinte, em 2012, a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE, da sigla em inglês) passou a reconhecer a criopreservação como um método seguro de planejamento familiar e preservação da fertilidade. Os Estados Unidos, por meio da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (American Society for Reproductive Medicine - ASRM), também atestaram a eficácia do procedimento por volta da mesma época, quando removeram a classificação “experimental”.

Desde então, a prática se popularizou e perdeu o status de tabu em boa parte do hemisfério norte. Por lá, o congelamento de óvulos é difundido como uma ferramenta de autonomia da mulher, que não precisa mais abrir mão da sua carreira e nem de viver sua juventude com mais liberdade para realizar o sonho da maternidade. Os projetos de presente e futuro podem coexistir.

De acordo com dados da ESHRE, a Espanha é um dos países que mais se destaca em números de procedimentos, em parte pelas leis que facilitam a criopreservação. Os espanhóis, inclusive, não estabelecem um limite de óvulos a serem armazenados, ao contrário de outras localidades europeias. O preço também é um dos mais acessíveis da região, com um investimento que flutua entre 3 mil e 5 mil euros.

Naturalmente, embora o congelamento de óvulos já tenha recebido o atestado de eficácia das entidades médicas e científicas competentes, cada país estabelece as regras para realização do procedimento de acordo com sua legislação, cultura e conjuntura política e econômica.

O Brasil não fica atrás. Aqui, a crioconservação é regulamentada pela Anvisa desde 2013, ano bem próximo às mudanças nas diretrizes no restante do mundo. Na prática, os especialistas em fertilidade nacionais já acumulam quase uma década de experiências eficazes e seguras com o congelamento.

A criopreservação é recomendada para pacientes que desejam ter filhos no futuro e pacientes oncológicos, que podem ter a fertilidade afetada pelo avanço da idade ou pelos tratamentos de quimioterapia e radioterapia. O congelamento em nitrogênio líquido a -196ºC mantém a qualidade dos gametas e embriões, preservando a fertilidade para um tratamento de reprodução assistida no futuro, como a FIV ou ICSI.

Regidos pela Anvisa com critérios muito rigorosos, os espaços que conservam óvulos são inspecionados constantemente pela vigilância sanitária. De acordo com dados do Ministério da Saúde, são 166 clínicas em todo o país autorizadas a fazer o armazenamento. O cenário brasileiro não perde em nada para as opções no exterior. Além da equiparação em relação aos países europeus e norte-americanos, ainda há o benefício do investimento, mais vantajoso em tempos de dólar inflacionado. Quem deseja planejar melhor seus sonhos e sua família pode fazer isso com tranquilidade aqui no Brasil.

Dr. Regis Cho | CRM-PR 25.875 | Especialista em Reprodução Assistida (RQE 25702)
Dr. Regis Cho | CRM-PR 25.875 | Especialista em Reprodução Assistida (RQE 25702)| Crédito: Divulgação

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