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Isolamento e depressão com pessoas com mais de 60 anos

Especialista em relações familiares alerta para cuidados essenciais no trato da saúde mental da população idosa

Brasil tem atualmente 28 milhões de idosos, que representam 13% da população total e o isolamento pelos familiares pode levar a quadros de depressão.
Brasil tem atualmente 28 milhões de idosos, que representam 13% da população total e o isolamento pelos familiares pode levar a quadros de depressão. (Foto: ShutterStock)

Dra. Ivete Contieri Ferraz - Conteúdo publicitário Dra Ivete Contieri Ferraz Médica Psiquiatra CRM PR 15779 | RQE 15263

30/06/2021 às 15:08

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No mês de junho nós olhamos com ainda mais cuidado para a saúde dos idosos com o apoio da campanha Junho Violeta.

A população brasileira vem envelhecendo nas duas últimas décadas. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, destacam que o Brasil tem 28 milhões de idosos, o que representa 13% da população. Tratam-se de pessoas com 60 anos ou mais que, mesmo tendo conquistado uma autonomia muito maior na época atual, requerem mais cuidados por parte dos familiares, buscando qualidade de vida e a prevenção de problemas físicos ou emocionais.

Na história do desenvolvimento humano, os filhos depois de criados deveriam sair da casa dos pais para criar sua família, sua história e a vida à sua maneira. Embora isso seja natural e saudável, além de ser reflexo de uma boa educação, existe um efeito colateral dessa fase, que é vivenciado quase que plenamente pelos pais idosos, o famoso “Ninho Vazio”.

Quando o casal se vê só, passa a ser muito importante que se reencontrem e desenvolvam uma rotina juntos. Teoricamente, o relacionamento entre o casal, o companheirismo e a parceria tão sonhados durante a história do casamento seriam nesse momento finalmente conquistados. Além disso, a chegada dos netos costuma ser um oásis no deserto da vida dos idosos, assim como a presença dos filhos e amigos próximos podem tornar finais de semana e datas festivas extremamente agradáveis.

No entanto, a vida nem sempre segue uma cartilha e eventos dolorosos como patologias físicas, viuvez, desemprego ou mesmo o divórcio podem acontecer. E é aí que a chamada Síndrome do “Ninho Vazio” pode tornar-se um pesadelo, significando solidão e abandono. No contexto da pandemia de Covid-19 isso tudo tem sido particularmente mais intenso e difícil.

A velhice é marcada pela diminuição geral de estímulos da vida, sendo isso um dos fatores de redução da função mental dos idosos. Essa diminuição de estímulos, associada a uma rotina com repertório muito precário de atividades e de funcionalidade, assim como a sensação de perda da identidade social, que é o sentimento de não ser mais útil, podem alimentar os quadros depressivos da senescência, tornando o último estágio da vida extremamente penoso.

Além do isolamento pela pandemia, tão necessário para prevenção da contaminação por Covid-19 entre os mais velhos, há o isolamento pelo crescimento exponencial do universo digital, que naturalmente distancia ainda mais os idosos que não tiveram a chance de fazer a inclusão digital.

Quadros de Transtornos Depressivos do Idoso são reais e podem vir permeados por ideias suicidas. A quietude excessiva, o desânimo, a perda de autocuidados, assim como a insônia e o choro fácil, sugerem um quadro depressivo, passível de ser tratado com medicações, que podem trazer alívio significativo. Além disso, técnicas como a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), que favorecem  a melhora cognitiva ao tratar a depressão, podem proporcionar a melhora da sensação de pertencimento, gerando melhora da qualidade de vida.

Em meio a esse contexto denso, cabe à população não idosa estar atenta e sensível ao ancião ou anciã da família. Gestos simples, como um telefonema ou um convite para almoço, podem levar os filhos ou os netos a perceberem se essa pessoa tão especial está em sofrimento devido a um quadro psiquiátrico que pode ser tratado.

O tratamento traz uma melhora muito importante na qualidade de vida do seu ente querido e consequentemente melhora do bem-estar de toda a família.

Portanto, esteja atento àqueles que um dia foram atentos a você.

É possível apoiar os idosos, mesmo em isolamento social, com o objetivo de evitar que transtornos emocionais e cognitivos desenvolvam-se.É possível apoiar os idosos, mesmo em isolamento social, com o objetivo de evitar que transtornos emocionais e cognitivos desenvolvam-se. (Foto: ShutterStock)

Legenda: É possível apoiar os idosos, mesmo em isolamento social, com o objetivo de evitar que transtornos emocionais e cognitivos desenvolvam-se.

Transtornos cognitivos

Com o tempo, o corpo humano passa por um processo de envelhecimento natural, com perdas progressivas em diversas áreas. A visão é uma das primeiras funções que começa a falhar – já a partir dos 40, 45 anos, há pessoas que não conseguem ler sem a ajuda de óculos. Há também um declínio físico, com perda de massa muscular e dificuldades para atividades mais pesadas. Além disso, aprender novas tarefas ou lidar com as novidades tecnológicas se transformam em desafios.

Outro cenário na vida dos idosos é revelado com a chegada dos transtornos cognitivos, relativos à inteligência, memória e raciocínio. Com o envelhecimento, há uma perda cognitiva natural. Mas o idoso pode apresentar diferentes quadros de demência, como Alzheimer, Corpúsculos de Lewy, Parkinson e Demência Senil. Seja pela perda cognitiva natural da idade ou por um quadro de demência, o idoso sente-se ainda mais só, pois percebe que não pode mais se apoiar em sua memória e sente que não consegue expressar integralmente suas ideias e desejos.

Os idosos também podem sofrer uma redução da inibição social, tendo comportamentos diferentes do seu habitual, podendo criar surpresas e constrangimentos na família. Esses comportamentos por vezes são confundidos com “manias propositais e teimosias”, que então podem gerar irritabilidade na geração mais jovem. Quando essa dinâmica de irritabilidade se estabelece, pode ocorrer uma disfunção familiar, com brigas e conflitos, produzindo ainda mais sofrimento.

Portanto, o processo de envelhecimento precisa ser acompanhado por profissionais, em especial os da Saúde Mental, para que a família e os idosos possam ser alertados sobre possíveis transtornos.

E se necessário o tratamento de um quadro demencial, além das medicações, o idoso pode ser muito beneficiado pela neuromodulação ou Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), já mencionada anteriormente, uma técnica segura e não-invasiva.

A estimulação magnética transcraniana pode ser utilizada no tratamento do Mal de Parkinson.A estimulação magnética transcraniana pode ser utilizada no tratamento do Mal de Parkinson. (Foto: Divulgação)
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