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Saúde mental da mulher que cuida: burnout atinge profissionais da saúde de forma silenciosa

Por que o bem-estar emocional de quem cuida dos outros também merece atenção urgente

Profissionais da saúde enfrentam desafios para conciliar trabalho e bem-estar emocional
Profissionais da saúde enfrentam desafios para conciliar trabalho e bem-estar emocional (Foto: Shutterstock)

Dra. Maria Cristina Figueroa Magalhães - Médica Oncologista | CRM PR 22643 | RQE Nº: 19751 - Especializada no Cuidado da Mulher, Pesquisadora em Câncer de Mama e tumores ginecológicos, Professora Universitária, Palestrante, Chefe de Residência de Oncologia Clínica.

07/05/2025 às 14:39

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Exaustas, sobrecarregadas e muitas vezes invisíveis. Assim vivem milhares de mulheres que atuam como médicas, enfermeiras e demais profissionais da saúde em todo o Brasil. Com rotinas intensas e alta responsabilidade emocional, elas enfrentam uma crescente crise de saúde mental — em muitos casos, com sinais claros de burnout.

O alerta é da médica oncologista clínica Maria Cristina Figueroa Magalhães, vice-presidente do Instituto de Inovação e Ensino em Saúde (INTES), que defende o cuidado com o bem-estar emocional dessas mulheres como uma questão ética e coletiva. “Por trás do jaleco ou do cuidado diário há uma mulher que também sente, sofre, se culpa e se cansa”, afirma.

Quando cuidar adoece

Segundo Maria Cristina, o adoecimento emocional das mulheres que cuidam se instala de forma silenciosa e, muitas vezes, é confundido com produtividade. Ansiedade crônica, insônia, sensação de insuficiência mesmo diante de bons resultados, isolamento social e desgaste nos vínculos familiares são alguns dos sinais iniciais. Em casos mais graves, a situação pode evoluir para depressão ou ideação suicida.

A médica destaca que o burnout entre mulheres tem características específicas, por estar frequentemente associado a múltiplas jornadas de trabalho e à cobrança por desempenho impecável tanto no ambiente profissional quanto pessoal.

Identificar os primeiros sintomas pode evitar agravamentos. Para prevenir sofrimentos mais profundos e restaurar a qualidade de vida e de trabalho, é necessário ficar atenta à exaustão física e emocional constante, cinismo, irritabilidade, distanciamento afetivo, sensação de ineficácia ou inutilidade, perda de motivação e do prazer pela profissão, dificuldades de concentração, insônia e queixas somáticas (dores, palpitações e falta de ar).

Estratégias de autocuidado e equilíbrio emocional

Não existe uma solução mágica, mas algumas práticas ajudam a preservar o equilíbrio emocional. Entre elas:

  • Reconhecer os próprios limites e aprender a dizer “não”;
  • Buscar terapia, grupos de apoio ou práticas espirituais que ofereçam escuta e acolhimento;
  • Manter hábitos de autocuidado, como sono de qualidade, boa alimentação, atividade física e pausas reais;
  • Desconectar-se do trabalho e encontrar prazer em momentos que não envolvam performance;
  • Priorizar vínculos afetivos saudáveis, como familiares, amigos e colegas de confiança;
  • Refletir sobre o propósito e sentido da profissão, resgatando motivações internas e não apenas metas externas.

“Cuidar da saúde mental não é sinal de fraqueza, é uma necessidade legítima”, reforça Maria Cristina.

O papel das instituições de saúde

As instituições também têm responsabilidade direta sobre o cenário de esgotamento. Para a médica, é essencial que organizações deixem de tratar o tema apenas com discursos e implementem ações efetivas, como:

  • Criar programas estruturados de apoio psicológico;
  • Oferecer espaços seguros de escuta ativa e sem julgamento;
  • Promover jornadas de trabalho mais humanas, com pausas respeitadas;
  • Valorizar lideranças preparadas para lidar com questões emocionais no cotidiano;
  • Estimular a cultura do cuidado coletivo, onde pedir ajuda não seja tabu.

“Quando a saúde mental da equipe é prioridade institucional, o cuidado oferecido aos pacientes também melhora — porque gente cuidada cuida melhor”, conclui Maria Cristina.

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