Receber o diagnóstico de câncer representa um divisor de águas na vida de muitas mulheres. A notícia, geralmente inesperada, provoca uma avalanche de emoções e exige uma nova reorganização da rotina, da mente e do coração. Segundo a médica oncologista clínica Maria Cristina Figueroa Magalhães, vice-presidente do Instituto de Inovação e Ensino em Saúde (INTES), a forma como esse diagnóstico é transmitido e o suporte imediato oferecido à paciente são determinantes para o enfrentamento da doença.
A especialista destaca que comunicar um diagnóstico como o câncer vai além do aspecto técnico: requer presença, empatia e escuta ativa. “O primeiro passo é preparar o ambiente: um local tranquilo, sem interrupções, onde a paciente se sinta segura. Depois, é fundamental avaliar o quanto ela já sabe e está pronta para ouvir”, afirma Maria Cristina.
Uma conversa transparente, respeitosa e sem termos técnicos em excesso ajuda a paciente a absorver a informação e se sentir amparada. Atitudes como olhar nos olhos, fazer pausas e oferecer tempo para perguntas contribuem para criar um vínculo e estabelecer uma relação de confiança. Também é importante transmitir que ela não estará sozinha, pois existem caminhos e uma equipe pronta para acompanhá-la em cada etapa.
As reações emocionais ao diagnóstico variam, mas sentimentos como medo, tristeza, negação, raiva, ansiedade e preocupação com a aparência são muito comuns. “É fundamental que essas emoções sejam validadas e acolhidas, sem julgamentos”, explica a especialista. A presença de um suporte psicológico, especialmente nos primeiros dias, pode ser decisiva para o enfrentamento saudável da jornada.
O acolhimento faz diferença
Após o choque inicial, é necessário orientar a paciente sobre os próximos passos de maneira clara e prática. De acordo com a oncologista, após ter buscado acolhimento e apoio emocional, é fundamental reunir informações confiáveis: entender o tipo e o estágio do câncer, bem como as opções de tratamento disponíveis. O papel da equipe médica é essencial para traduzir o diagnóstico em um plano de ação compreensível e acessível.
Também é necessário organizar a vida prática, o que inclui a realização de exames complementares, a obtenção de autorizações médicas e o contato com a equipe multiprofissional que irá acompanhar o tratamento. Tudo isso deve ser feito com o apoio de profissionais capacitados para oferecer informações adequadas, sempre com empatia e cuidado.
Outro aspecto importante é a construção de uma rede de apoio. Amigos, familiares, grupos de pacientes e projetos de solidariedade, como o “Nós por Elas”, podem contribuir para diminuir a sensação de isolamento. Além disso, cuidar da saúde de forma integral — com atenção à alimentação, ao sono, à espiritualidade e ao autocuidado emocional — fortalece a mulher durante todo o processo.
“O tratamento não é só medicamentoso — é também humano”, afirma Maria Cristina. O impacto do diagnóstico pode ser profundo, mas, com suporte emocional, acolhimento médico e comunicação sensível, é possível atravessar esse momento com mais dignidade, força e esperança.

