Criado para transformar o cuidado com mulheres em tratamento contra o câncer, o programa “Nós por Elas” é uma iniciativa do Instituto de Inovação e Ensino em Saúde (INTES), com curadoria da vice-presidente da instituição, a médica oncologista clínica Maria Cristina Figueroa Magalhães. No encontro “As Vozes das Rosas” - parte do programa “Nós por Elas” -são promovidos momentos que fortalecem a conexão entre mulheres, oferecendo rede de apoio, suporte emocional e estímulo ao crescimento pessoal, além de ampliar o conhecimento sobre toda a esfera do cuidado das pacientes com diagnóstico de câncer.
O programa surgiu da escuta sensível de Maria Cristina às angústias das pacientes. “Percebi que muitas vezes o que mais faltava não era a medicação, mas acolhimento, empatia e pertencimento”, explica a médica. Desde então, o “Nós por Elas” se tornou um espaço seguro onde mulheres compartilham histórias, superações e acolhem umas às outras, ressignificando o processo de tratamento oncológico.
Três pilares, um propósito: acolher e transformar
O “Nós por Elas” se estrutura em três momentos complementares:
Elas por Elas – Cuidando de quem cuida: espaço de acolhimento e fortalecimento voltado às médicas e profissionais da saúde que, diariamente, colocam sua escuta e afeto a serviço do outro. O encontro propõe uma pausa para olhar para dentro, partilhar vulnerabilidades e reconhecer a humanidade de quem cuida. O bem-estar emocional dessas mulheres impacta diretamente na qualidade do cuidado prestado às pacientes. Além de ser um momento de partilha de conhecimento entre as diferentes especialidades médicas que tratam da saúde feminina em todas as suas particularidades.
Nós por Elas – Encontro científico: reúne gestores públicos, representantes da indústria farmacêutica, empresários, profissionais da saúde, do direito e da sociedade civil para discutir os principais gargalos na jornada da paciente com câncer. O foco é transformar escuta em estratégia e dor em política pública.
As Vozes das Rosas: esse é, possivelmente, o momento mais delicado e importante do programa. Nele, a escuta ativa é dedicada às mulheres que vivenciam o câncer em todas as suas dimensões — física, emocional e simbólica. Por meio de relatos intensos e verdadeiros, essas pacientes revelam onde o sistema de saúde ainda falha e onde há espaço para fazer diferente. Mais do que partilhar experiências, elas constroem um espaço de acolhimento, reconhecimento e pertencimento.
Empoderamento feminino e suporte emocional na prática
Durante os encontros, o que se vê é o empoderamento feminino ganhando forma: mulheres que chegaram fragilizadas se tornam líderes dentro dos grupos, inspirando outras com palavras e gestos. “Tivemos o caso de uma paciente que compôs e cantou uma música especialmente para o momento — emocionou a todas nós”, conta a oncologista.
As vivências revelam o impacto da conexão entre mulheres e do afeto no processo de superação do câncer. Segundo Maria Cristina, o apoio entre mulheres é “uma força silenciosa e poderosa”, capaz de transformar medo em esperança e dor em vínculo.
A importância da rede de apoio no tratamento
Para muitas pacientes, a ausência de uma rede de apoio pode significar solidão emocional, dificuldade de adesão ao tratamento e sensação de invisibilidade. Por isso, iniciativas como o “Nós por Elas” são fundamentais, pois mostram que ninguém precisa passar por essa jornada sozinha.
A médica destaca que fortalecer essa rede exige intencionalidade e afeto. “Criar espaços seguros de escuta, fala e troca; incentivar campanhas de autocuidado; formar lideranças femininas que inspirem outras mulheres; e fomentar parcerias com o poder público e empresas privadas são passos essenciais para ampliar esse movimento”, afirma.
Um movimento coletivo por uma sociedade mais saudável
Mais do que um programa, o “Nós por Elas” é um movimento de empatia e transformação. Ele conecta ciência e sensibilidade, profissionais e pacientes, dados e histórias reais. E, sobretudo, prova que o cuidado coletivo é parte essencial do tratamento. “O ‘Nós por Elas’ é sobre cura que vai além do físico — é sobre cura na alma, no afeto, na escuta e no abraço”, diz a médica.
Ao impulsionar o crescimento pessoal de cada participante, o projeto fortalece toda a comunidade feminina, promovendo um ciclo de apoio contínuo. Porque quando uma mulher estende a mão a outra, toda a sociedade se fortalece.

