Promover a prevenção é um dos caminhos mais eficazes para reduzir a mortalidade por câncer no Brasil. A médica oncologista clínica Maria Cristina Figueroa Magalhães, vice-presidente do Instituto de Inovação e Ensino em Saúde (INTES), reforça que exames preventivos e mudanças no estilo de vida podem salvar vidas. Mas ainda é preciso vencer o medo, o desconhecimento e as barreiras de acesso que afastam muitas mulheres dos cuidados essenciais.
De acordo com a especialista, a rotina de prevenção deve começar cedo, com exames que variam conforme a idade e os fatores de risco de cada mulher. Ainda na idade escolar, entre 9-14 anos de idade, todos devem receber a vacina do HPV, atualmente, para esta faixa etária, em dose única. Dos 20 aos 30 anos, são indicados o Papanicolau (idealmente a partir do início da vida sexual), o teste do Papilomavírus Humano (HPV), o exame clínico das mamas, além da avaliação ginecológica anual e dos exames laboratoriais de rotina.
Entre os 30 e 40 anos, é recomendada a continuidade do Papanicolau a cada três anos — após dois resultados normais consecutivos — junto ao teste do HPV, avaliação ginecológica e das mamas anual, e exames de sangue para check-up metabólico e hormonal.
A partir dos 40 anos, é indicada a mamografia anual (ou conforme orientação médica); o Papanicolau, ; e a avaliação do risco cardiovascular, da saúde óssea e, em alguns casos, a colonoscopia (a partir dos 45 anos de idade). Já pacientes tabagistas — carga igual ou superior a 20 maços/ano — devem realizar, a partir dos 50 anos, a tomografia de tórax de baixa dose como forma de rastreamento para câncer de pulmão.
Além dos exames, a prevenção está diretamente relacionada ao estilo de vida. A médica recomenda uma alimentação equilibrada, prática regular de atividade física (mínimo 150min/semana de atividade física moderada), manutenção do peso adequado, sono de qualidade, cuidado com a saúde mental, acompanhamento ginecológico e clínico com regularidade , não fumar e evitar (ao máximo) consumo de álcool.
“Esses hábitos não apenas reduzem o risco de câncer, como também de outras doenças comuns e, ainda, promovem qualidade de vida, longevidade e bem-estar. Quando a mulher entende o valor da prevenção e se sente respeitada em seu cuidado, ela passa a se colocar no centro da própria saúde”, reforça Maria Cristina.
Ainda assim, muitas mulheres resistem à realização dos exames. Entre os motivos, estão o medo dos resultados, experiências traumáticas, vergonha ou insegurança com o próprio corpo. Para superar esses obstáculos, a oncologista defende um atendimento mais acolhedor e humanizado, com ambiente seguro, escuta ativa e empatia.
A prevenção é uma escolha diária que envolve conhecimento, responsabilidade e cuidado. Com acesso facilitado e orientações claras, cada mulher pode assumir o protagonismo da própria saúde — e transformar exames e hábitos em aliados poderosos contra o câncer.

