A rede de apoio a mulheres com câncer é um elemento essencial para o sucesso do tratamento e o bem-estar das pacientes. Segundo a médica oncologista clínica Maria Cristina Figueroa Magalhães, vice-presidente do Instituto de Inovação e Ensino em Saúde (INTES), o suporte oferecido por familiares, amigos e grupos especializados pode influenciar diretamente a adesão terapêutica e a qualidade de vida.
“Viver um diagnóstico de câncer provoca um verdadeiro abalo: físico, psíquico e existencial. Ter um espaço para elaborar medos, inseguranças e incertezas ajuda a paciente a seguir em frente com mais força e resiliência”, afirma a especialista.
Acolhimento no câncer vai além do tratamento médico
Mais do que um amparo, a rede de apoio é uma parte importante do tratamento oncológico. De acordo com Maria Cristina, pacientes que se sentem emocionalmente acolhidas costumam apresentar: melhor adesão ao tratamento; menor índice de abandono terapêutico; redução de sintomas como ansiedade e depressão; e maior qualidade de vida, mesmo em fases difíceis da doença.
Para ela, o cuidado integral precisa incluir o corpo, a mente e a alma. “Quando a paciente se sente ouvida, respeitada e acolhida, ela resgata sua autonomia e esperança — elementos fundamentais para atravessar essa jornada”.
Além dos vínculos com familiares e amigos, os grupos de suporte para pacientes oncológicas exercem um papel transformador. Projetos como o “Nós por Elas” funcionam como espaços de escuta, identificação e partilha, promovendo o acolhimento no câncer com uma abordagem afetiva e empática.
“Esses grupos oferecem troca de experiências, estratégias para lidar com os desafios do dia a dia, sentimento de pertencimento e resgate da autoestima. Muitas vezes, a palavra de quem já viveu isso tem mais força do que qualquer manual”, explica a médica.
Como familiares e amigos podem ajudar?
Para quem deseja apoiar uma pessoa com câncer, mas não sabe como agir, a oncologista orienta: “Esteja presente com o coração aberto”. Segundo ela, não é necessário ter as palavras certas, e até mesmo o silêncio pode ser um gesto de cuidado. Outras dicas incluem:
- Evitar minimizar a dor e permitir que a paciente expresse sua vulnerabilidade;
- Oferecer ajuda prática, como caronas, refeições, companhia para consultas;
- Respeitar o tempo e os sentimentos de quem está em tratamento;
- Manter o apoio constante, e não apenas nos primeiros momentos;
- Evitar conselhos não solicitados e manter uma escuta empática.
“Acima de tudo, não é sobre salvar o outro, mas caminhar junto. A presença amorosa, paciente e respeitosa é o melhor presente que alguém pode oferecer”, finaliza Maria Cristina.

