A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) classificou como “extremamente perigosa” a atual situação do sistema elétrico brasileiro. O alerta foi feito pelo diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, ao destacar os riscos crescentes de desequilíbrio entre geração e consumo de energia. O momento de maior risco ocorre no fim da tarde, quando a produção solar cai abruptamente e aumenta a demanda nas hidrelétricas, pressionando ainda mais o sistema elétrico do país.
Segundo especialistas, o risco existe porque o número e capacidade dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras seja hoje insuficiente para atender o crescimento da carga, já que passamos de 130 milhões de habitantes em 1990 para 215 milhões em 2025.

O Risco da “Rampa de Carga” e a falta de planejamento
Feitosa detalhou que, a chamada “rampa de carga”, que é a variação rápida entre a demanda e a geração deverá subir muito nos próximos três anos, passando dos atuais 40 gigawatts (GW) para 53 GW até 2028, com aumento de 33% no risco de desequilíbrio.
A principal causa dessa instabilidade é o avanço da geração solar, que é inconstante, sem a correspondente ampliação de novas fontes permanentes, como hidrelétricas e termelétricas e construção de novas linhas de transmissão. O diretor alertou que este momento de "rampa" representa perigosa vulnerabilidade para o sistema elétrico, como dizem especialistas consultados.
Para o engenheiro eletricista Ivo Pugnaloni, presidente da Enercons, ex-diretor do grupo COPEL e da ABRAPCH, o alerta da ANEEL deve ser tratado com máxima prioridade. Pugnaloni afirma que o país vive um “apagão do planejamento”, trocando a estratégia de longo prazo pelo improviso no curtíssimo prazo.
“A população ainda não faz ideia dos riscos que decorrem quando um alerta como esse é feito pelo diretor geral da agência reguladora que tem a obrigação legal de garantir o fornecimento seguro, eficiente e equilibrado do sistema elétrico, ao mesmo tempo, a proteção dos direitos dos consumidores e o desenvolvimento do mercado elétrico, conforme a Lei 9.427/96. Na minha opinião, o diretor geral deveria enviar uma correspondência ressaltando esse seu importante alerta à presidência do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e à Presidência da República”, afirma o empresário que foi presidente da COPEL DISTRIBUIÇÃO.

A crítica à "Demonização" das Hidrelétricas
Pugnaloni critica veementemente o abandono do planejamento estratégico, que, em sua visão, atendeu à pressão de interesses comerciais imediatos, que utilizaram uma campanha publicitária de “demonização” do potencial hidrelétrico brasileiro, o terceiro maior do mundo.

Para ele, a falta de novas hidrelétricas de todos os portes é a principal causa dos apagões cada vez mais frequentes, derivados da instabilidade da qual o diretor-geral da ANEEL alertou à sociedade em sua entrevista, que infelizmente não teve a repercussão que mereceria.
O engenheiro aponta que, sem as hidrelétricas que ele chama de “baterias naturais, que são gratuitas, como são gratuitos os seus lindos lagos, que fazem parte de usinas como UHE Paranoá em Brasília, UHE Xingó, UHE Furnas, etc, que geram a energia mais barata de todas durante 24 horas. Para Ivo, o país que planejava, que fazia engenharia, resolveu improvisar. "Esquecemos que sem investir em novas linhas de transmissão as energias renováveis solar e eólica não poderiam vir do Nordeste. Esquecemos que essas fontes são intermitentes e que não conseguem atender à carga durante 24 horas” , critica Pugnaloni.
O engenheiro eletricista formado pela UFPR em 1976, destaca que como consequência, o Brasil se viu obrigado a multiplicar por 664% a capacidade de geração das termelétricas no Sudeste e as emissões de gases de efeito estufa em 400% para garantir a segurança do sistema. Segundo o engenheiro, essa ausência de planejamento estratégico foi a grande responsável pela elevação em 174% acima da inflação das tarifas para a indústria, tornando-a uma das menos competitivas do mundo.
Energia como questão de Segurança Nacional e Social
Pugnaloni defende que o setor elétrico precisa retomar o planejamento estratégico e que a disponibilidade de energia elétrica volte a ser considerada assunto da mais alta relevância para a Segurança Nacional, como o era até 1985. Ele é categórico ao afirmar que planejar de forma estratégica com base no interesse da sociedade e não desde ou daquele grupo é a única forma de evitar soluções emergenciais, tomadas por motivações apenas comerciais e eleitorais, sem a transparência e a qualidade técnica adequadas.

O engenheiro utiliza uma forte analogia para ilustrar a criticidade do setor: “A energia elétrica hoje é aquela parte da sociedade que mais se assemelhe ao sangue. Ela é quem garante o funcionamento dos demais órgãos do corpo. Por isso deve merecer não apenas um hemograma atualizado, mas um cuidado permanente e especializado com as fontes que alimentam sua produção e distribuição por todas as partes do sistema elétrico. Caso contrário os riscos de problemas se multiplicam e o rendimento total vai cair.”
Proposta: Conferência Nacional de Energia Elétrica (CNEE)
Para reverter o quadro, Pugnaloni propõe que o Ministério de Minas e Energia convoque uma Conferência Nacional de Energia Elétrica (CNEE), nos moldes das conferências nacionais de saúde, educação dos povos indígenas, etc.
“Só uma Conferência Nacional, convocada pelo Ministro da área, na forma da Constituição poderá recolher as mais avançadas visões técnicas, ambientais e sociais para concebermos o futuro energético que queremos para o Brasil."
Ele ressalta que a CNEE é necessária “para que a sociedade conheça mais sobre energia, para assim poder escolher dentre todos quais seriam os mais adequados recursos energéticos estratégicos de que dispomos." Para Pugnaloni, a Conferência, convocada desde os níveis municipal e estadual, teria o papel de dar início ao empoderamento da sociedade no que toca à energia elétrica, aproximando a população do debate técnico e permitindo que ela cobre maior transparência.
Diferença entre Fontes Permanentes e Fontes Inconstantes ou intermitentes

O engenheiro critica as propostas radicais e impossíveis de “petróleo zero” vindas da Europa, lembrando que o Brasil precisa que seu sistema seja abastecido o máximo possível de fontes renováveis. Mas sem esquecer que é preciso equilibrarmos as fontes renováveis inconstantes, - que são aquelas que só funcionam poucas horas por dia -, como mostra acima o gráfico da produção da fonte solar, que precisa ser combinado com as fontes renováveis permanentes, como as PCHs, CGHs, e UHEs, que funcionam dia e noite. ” Caso contrário teremos que completar de noite a falta de energia solar com energia das termoelétricas movidas a combustíveis fósseis, jogando fora muito dinheiro e poluindo a atmosfera que dizemos aos quatro ventos que estamos querendo proteger. Uma combinação de ironia e hipocrisia difícil de encontrar igual”, afirma.
O papel das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Micro Centrais Hidrelétricas (MCHs) é fundamental nesse equilíbrio, segundo Pugnaloni.
- Estabilidade Regional: “As PCHs são fundamentais. Elas produzem energia renovável, mas durante 24 horas, são permanentes, constantes, não intermitentes, e tem baixo impacto ambiental, estabilidade de fornecimento e custo competitivo,” afirma.
- Desenvolvimento Social: Além disso, promovem o desenvolvimento regional, viabilizando a irrigação, a piscicultura e o abastecimento das cidades e localidades do interior, sendo “parte essencial da solução — e não um problema ambiental,” como alguns setores insistem em sugerir.
Otimismo com a mudança de rumo e transparência
Pugnaloni reconhece um sinal positivo no governo federal com a declaração do Ministro Alexandre Silveira, em agosto, sobre a retomada da indústria de hidrelétricas e o leilão de PCHs e CGHs.
Para ele, houve uma “mudança de 180 graus” no curso anterior no qual, durante 12 anos, o setor vinha sendo muito prejudicado pela falta de leilões e pela fixação arbitrária de preços-teto economicamente inviáveis para favorecer outras fontes que não operam 24 horas, ou são movidas a combustíveis fósseis e não com água.
“Só a Conferência poderá dar mais transparência e tranquilidade à sociedade em geral e ao mercado, inaugurando um clima de colaboração e não de queda de braço entre grupos de lobby, onde um queira passar por cima dos demais”, diz Pugnaloni.
Ele sugere ainda que a abertura da CNEE seja um momento para o Estado Brasileiro, pedir desculpas por todas as arbitrariedades cometidas contra as famílias que cederam suas terras para empreendimentos de energia solar, eólica ou termelétrica, garantindo o respeito e a justa indenização aos afetados.
Sistema Elétrico: Oportunidade para quem tem energia firme, mas “adormecida”
O crescente interesse do mercado por fontes de energia firme, que compensem mas com baixo custo à falta de constância da fonte solar, indica uma mudança clara no setor elétrico brasileiro: a valorização das soluções capazes de garantir estabilidade ao sistema sem custos adicionais com armazenamento, uma vantagem que as hidrelétricas de todos os portes oferecem.
Para o engenheiro Ivo Pugnaloni, esse movimento revela uma oportunidade ainda pouco explorada por pequenos, médios e grandes investidores. E principalmente pelos produtores rurais. “Está ficando claro que muito em breve vai faltar exatamente aquilo que muitos brasileiros já têm em suas propriedades: bons fluxos de água caindo de alturas capazes de gerar energia firme e sustentável .
Ele destaca que face às maiores exigências ambientais e de capital que recaem sobre as grandes hidrelétricas, essa é uma grande oportunidade muito boa para as pequenas e micro centrais hidrelétricas desempenharem um papel decisivo nesse novo cenário, pois elas trazem consigo, ao mesmo tempo a geração renovável, a segurança do fornecimento e grande estímulo ao desenvolvimento regional. E seu custo é acessível ao pequeno investidor, pois são100% fabricadas no Brasil.
A ENERCONS desenvolveu, para vários clientes, mais de 30 projetos de pequenas hidrelétricas ao longo de seus 25 anos de trabalho, todos aprovados pela ANEEL.
Três desses projetos, totalizando 21,3 MW, localizados na região Sul, estão mais avançados em seu licenciamento ambiental para poderem participar do próximo leilão do mercado regulado. Ou para operar no mercado livre de energia, na modalidade de autoprodução para indústrias ou Data Centers. Conheça as vantagens desses projetos para o investidor, para o sistema elétrico e para o meio ambiente clicando aqui.
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