Para boa parte das empresas, foi preciso muita criatividade e inovação para permanecer no mercado em 2020. Em meio aos muitos desafios impostos pela crise sanitária e por uma série de lockdowns impostos para garantir a segurança de clientes e funcionários, companhias dos mais diversos setores precisaram se reinventar para driblar os obstáculos. No ramo da gastronomia, um dos mais afetados pela pandemia de Covid-19, cases como o do Grupo Risotolândia apontam alguns caminhos para a sobrevivência - e, até mesmo, para o crescimento - durante este período.
Especializado em refeições coletivas, o grupo tem como principais nichos de atuação as escolas e empresas, para quem forneciam alimentação em vários Estados, totalizando cerca de 550 mil brasileiros atendidos diariamente. Com o fechamento das escolas públicas e privadas e o início do funcionamento em modelo remoto de muitas das organizações que faziam parte da sua cartela de clientes, a Risotolândia não esperou de braços cruzados o retorno à “normalidade”. Pelo contrário: enxergou na crise uma oportunidade de se reinventar e identificou novas maneiras de atuar junto aos antigos e novos públicos, acelerando processos que já estavam em andamento e colocando em prática a diversificação que já caracterizava as atividades do grupo.
Algumas das iniciativas que marcaram este período já estavam no radar dos gestores da empresa e só precisaram ser operacionalizadas, o que aconteceu muito rápido graças às pesquisas e ao know-how adquirido em 70 anos de atividade. Com atuação no ramo desde a década de 50, o grupo nasceu de uma iniciativa familiar e expandiu suas atividades, até se tornar líder do segmento no Sul do Brasil e uma das maiores empresas de alimentação coletiva do país.
A presença muito próxima aos clientes permitiu identificar demandas e novas necessidades, que foram implementadas ao longo do ano passado. “Nossa estratégia de expansão sempre vislumbrou atuar em diferentes nichos e, durante a pandemia, ampliamos a carteira de clientes em 8,5% mesmo nesse momento especialmente crítico ao setor de alimentação”, detalha o CEO do Grupo, Carlos Humberto de Souza. Para ele, a diversificação de portfólio manteve sólida a saúde financeira da empresa para que ela pudesse continuar operando normalmente, com a mesma qualidade e agilidade durante a pandemia.
Soluções para crescer na pandemia
Empresas, escolas privadas e públicas, presídios e até mesmo obras de caráter temporário estão entre os nichos atendidos pela marca paranaense em todo o país. Ao todo, são sete estados de atuação. Com a diversidade no DNA e tantas frentes de atendimento, foi mais fácil para a empresa investir na diversificação dos serviços como norte para o crescimento neste período.
Com o conceito de alimentação como fator crucial à manutenção da saúde, bom desempenho, produtividade e concentração, a empresa movimentou-se para ampliar o escopo de atendimento, passando a oferecer refeições também para hospitais de campanha estruturados para receber pacientes com Covid-19. “Firmamos, por exemplo, contratos imediatistas com hospitais de campanha espalhados pelo país com fornecimento de alimentação para profissionais de saúde e pacientes. É um segmento que está em alta e como nossos focos estão direcionados para vendas, alavancamos grandes oportunidades”, conta o CEO.
Segundo o CEO da marca, além de garantir a sobrevivência da companhia e a estabilidade de seus colaboradores, este nicho também é valioso pois configura uma maneira de colaborar socialmente no combate à pandemia. “Entregar refeições é a nossa obrigação. O que queremos é oferecer a alimentação como aliada da saúde para melhorar o desenvolvimento da criança na escola e elevar a produtividade do colaborador na empresa, ou ainda para ajudar na melhora de um paciente no hospital. É essa missão, acima de tudo, que norteia as decisões estratégicas de expansão da nossa marca e que agora, diante dessa calamidade na área de saúde, passou a ser ainda mais valorizada”, acrescenta Carlos Humberto.
Com a pandemia, o grupo constatou que os clientes passaram a ser ainda mais cuidadosos, compreendendo a importância de consumir alimentos mais saudáveis e ricos em nutrientes para fortalecer a imunidade e driblar o novo coronavírus, além de muitas outras doenças. “Nesse período, muitas empresas nos procuraram pensando em proporcionar aos colaboradores alta qualidade na alimentação. Crescemos em meio à pandemia justamente pela proposta de ir além da refeição, oferecendo qualidade de vida, saúde e bem-estar através de pratos saborosos e nutritivos”, acrescentou.
Além dos novos clientes que chegaram, algumas empresas já atendidas pela Risotolândia se reinventaram e seguiram contratando, mantendo o essencial serviço de alimentação à manutenção da saúde de seus colaboradores diante da maior crise de saúde da história. “Em algumas empresas, mesmo com pessoal reduzido, os restaurantes administrados por nós continuaram operando e passaram a contar com o apoio de novas tecnologias que já estavam planejadas e em fase de testes, mas que rapidamente foram implantadas, aceleradas pela crise. Nós estávamos prontos”.
Tecnologia como aliada
Outra solução implementada pelo Grupo Risotolândia foi a disponibilização de um aplicativo para smartphones que permite que os clientes da Risotolândia Restaurantes Corporativos, a marca do grupo que atende empresas privadas, façam pedidos de refeições de forma rápida. No APP Foods, como foi batizado o recurso, o cliente pode selecionar e pedir o prato desejado e retirá-lo diretamente na cozinha em horário agendado. A refeição pode ser feita então no restaurante ou na própria estação de trabalho.
Segundo a gerente de marketing do Grupo Risotolândia, Giuliane Souza, o aplicativo foi desenvolvido internamente por uma equipe própria, e deve funcionar como um sistema de delivery exclusivo dos restaurantes do grupo. “O APP Foods é um importante aliado nos planos de contingência das organizações, lado a lado com as medidas obrigatórias: uso de máscaras, redução da capacidade dos restaurantes, maior número de escalas no horário de almoço, além de outros cuidados e importantes condutas de higiene”, acrescenta Carlos Humberto.
Além de tornar mais segura a logística de consumo, o aplicativo também facilitou o diagnóstico de algumas tendências de alimentação entre os clientes. “Neste período, um dos nossos restaurantes disponibilizava um prato vegetariano por dia no aplicativo. Numa empresa que tem 250 refeições, estão sendo pedidos cerca de 70 unidades vegetarianas por dia, são pessoas que estão substituindo a carne pelo prato vegetariano. É um case de sucesso, pois nos sugere que outros restaurantes podem ter interesse nesta opção”, conta.
Resposta rápida e proximidade com o cliente
Estratégias como a implementação do aplicativo e um contato constante com os profissionais que representam a empresa na ponta final do atendimento possibilitam conhecer seu público e identificar as demandas.
“Nosso negócio nos permite estar muito perto dos nossos clientes, nós temos uma fonte de pesquisa de 550 mil pessoas, como costumamos dizer. Cada gestor de escola, de empresa e supervisora de merenda escolar conhece nosso público. Conseguimos, por exemplo, saber quantas crianças de uma escola são alérgicas ao leite, são conhecimentos muito específicos. Em paralelo, temos um setor de desenvolvimento que cria produtos e processos novos, equipamentos, melhorias”, explica Giuliane.
Reuniões periódicas entre as equipes e um serviço de pós-vendas eficiente também contribuem para identificar e diagnosticar hábitos alimentares, preferências e particularidades dos públicos por regiões, entre outros. Além disso, neste período, somado ao fato de que continuou contratando pessoas, o grupo também ofertou treinamentos 100% online e gratuitos aos funcionários. Com a perspectiva de segurança e estabilidade, os colaboradores também se mantêm motivados e têm as condições necessárias para seguirem atentos a estes aspectos.
Essa proximidade e atenção ao cliente e ao funcionário, unida ao know-how do negócio, facilitam a resposta rápida que o mercado demanda em momentos singulares como foi o ano inteiro de 2020, quando foi preciso se reinventar e usar a criatividade para manter as empresas com lucratividade.
