Após um período de esvaziamento e perda de vitalidade, o centro de Curitiba começa a viver um novo ciclo de transformações. O movimento é impulsionado pela valorização imobiliária (o índice FipeZap registrou alta de cerca de 20% no último ano) e pelo crescente interesse em um estilo de vida mais conectado à mobilidade urbana e aos espaços coletivos da cidade.
Com infraestrutura já consolidada, o centro volta a atrair moradores e investidores. Museus, faculdades, hospitais, comércio diversificado e transporte eficiente se tornam diferenciais em um momento em que cresce a procura por imóveis compactos, como studios e apartamentos menores, alinhados a um cotidiano prático.
A exemplo de Nova Iorque e São Paulo, especialistas destacam que o fenômeno acompanha uma tendência internacional de reocupação dos centros urbanos. Para o corretor de imóveis e presidente da Confraria Imobiliária de Curitiba, Carlos Eduardo Canto, que frequenta o centro há cinco décadas, uma medida essencial para sustentar esse movimento é o fomento via incentivos tributários. “Quando um médico ou empresário tem incentivo para se instalar no centro, movimenta o mercado e permite melhor valorização imobiliária - algo potencializado com a instalação de uma segurança pública constante e não esporádica”, afirma.
Canto também lembra que a rua Barão do Rio Branco está repleta de prédios públicos que precisam voltar a ser utilizados, reforçando que devolver vida a esses espaços é estratégico para o fortalecimento da região. “Fui amigo do Jaime Lerner, que sempre dizia ser uma loucura tirar do centro das cidades os centros de serviços especiais. A massa pensante precisa estar conectada e presente nesse núcleo urbano. Ao longo dos últimos 50 anos, essa área foi perdendo essas características, e a prefeitura tem a oportunidade de olhar com carinho para o epicentro da cidade”, completa o presidente da Confraria Imobiliária, rede que congrega 40 dos principais profissionais do setor na cidade.
Renata Agalli, proprietária da Agalli Imóveis, membro do CRECI, vice-presidente da ADPI, destaca: “O centro de Curitiba vive uma verdadeira revolução imobiliária. Cada vez mais investidores estrangeiros têm se interessado pela rentabilidade das locações. A cidade já é reconhecida como uma das melhores para se viver e, cada vez mais, se consolida também como um dos melhores lugares para investir.”
Um dos projetos que simbolizam essa retomada deve começar a ser construído em 2026, no coração da cidade. O edifício terá cerca de 750 unidades distribuídas em 32 pavimentos e aproximadamente 34 mil m² de área, tornando-se um dos maiores empreendimentos residenciais já lançados no centro de Curitiba. O projeto, desenvolvido pela Hype Empreendimentos, reúne escritórios de destaque da arquitetura e do design nacionais, como Königsberger Vannucchi Arquitetos Associados (arquitetura), Todos Arquitetura (interiores), Franco+Berriel Lighting Design (luminotécnico), DEA Design (comunicação visual) e Faisal Arquitetos Paisagistas (paisagismo).
Com mais de 70 projetos entregues, incluindo 3 obras no primeiro semestre desse ano, a Hype tem ampliado sua presença no mercado imobiliário brasileiro. A empresa curitibana, primeira do setor a integrar o programa Scale-Up da Endeavor Brasil, figura de forma recorrente no ranking Intec das 100 maiores construtoras do país, onde subiu dez posições nos últimos dois anos, e mantém operações no Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Com a assinatura de seis novos contratos de financiamento com a Caixa no primeiro semestre a incorporadora ampliará para 10 o número de canteiros de obra ativos nos 3 estados ainda este ano.

Embora o projeto represente um marco para a empresa e para a região central, especialistas lembram que o desafio vai além da verticalização: é preciso garantir que a revitalização traga benefícios para todos os moradores, antigos e novos. Questões como acessibilidade e integração com espaços públicos seguem como pautas centrais para o entorno.
Curitiba, conhecida historicamente por iniciativas de urbanismo inovador, parece agora reposicionar seu centro como palco de um novo estilo de vida. O movimento sinaliza uma tentativa de equilibrar investimento privado, cultura e vida comunitária - um caminho que, segundo Carlos Eduardo Canto, pode devolver ao coração da cidade a vitalidade e a convivência que marcaram gerações.

