Por que as startups brasileiras perderam investidores em 2022?
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  • Por IBEF-PR
  • 22/08/2022 16:15

Após o aumento exponencial de investimentos nos últimos anos, as startups enfrentam uma queda dos valores injetados nas empresas. Para entender melhor o cenário, o coordenador do Comitê de Inovação do Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros do Paraná (IBEF-PR), Aldo Macri, comenta a influência das mudanças globais em investimentos de startups.

Nos últimos anos o crescimento destas novas empresas é notado no mercado financeiro como uma revolução econômica. Somente em 2021, o valor aportado em startups brasileiras cresceu 200%, segundo Relatório 2021 Wrapped Brazilian Startups, elaborado pela plataforma Sling. O número de contratações no ano passado também foi surpreendente, chegando a 100 mil admissões.

Mesmo com esse cenário, 2022 começou em queda, de acordo com relatório da plataforma Distrito, as startups captaram 44% a menos apenas no primeiro trimestre do ano, comparado ao ano anterior. No segundo trimestre, os valores caíram de US$ 2,14 bilhões do ano passado para US$ 343 milhões neste ano.

Para o coordenador do Comitê de Inovação do IBEF-PR, Aldo Macri, é normal o setor apresentar essa instabilidade, como reflexo do cenário macroeconômico global. “Diversos veículos de investimentos em startups surgiram nos últimos anos. Além do tradicional venture capital, outros modelos também foram criados, como angel investors, corporate venture, venture builders e outros, e cada vez mais pessoas se interessam por esse mercado. O que acontece é que os fundos de investimentos em inovação passaram a ser mais criteriosos em suas alocações”, afirma o coordenador.

Macri relembra que todos os setores passaram por ajustes relacionados com a pandemia e com a guerra na Ucrânia. “As startups acabaram tendo esse ajuste um pouco mais tardio que os negócios tradicionais, mas invariavelmente passaram por isso”, diz. De acordo com o especialista, as reduções de empregos são reflexos desse cenário. Por outro lado, é possível dizer que as centenas de pessoas que foram desligadas de uma empresa ‘unicórnio’ ou de uma scale-up foram rapidamente realocadas no mercado de trabalho, pois há um déficit de mão-de-obra qualificada em startups menores.

Outro ponto de destaque nesse ajuste de mercado, refere-se à redução do valuation - quando a empresa perde valor no mercado. Mas de acordo com Macri, a diminuição está ligada a uma exigência de mais rapidez na apresentação dos resultados das startups. “A pressão pelo retorno mais rápido vai ser maior do que era antes, por isso, algumas empresas que não chegarem ao break-even ou atingirem os resultados esperados com os investimentos, terão as expectativas de valuation e crescimento subavaliadas”, comenta.

O coordenador afirma que as startups estão acostumadas com mudanças repentinas de cenários e conseguem executar mudanças mais rapidamente que os negócios tradicionais. “As empresas inovadoras e ágeis se adaptam rapidamente às mudanças, pois normalmente nessas organizações, as mudanças são diárias”, destaca.

Para lidar bem com estas mudanças é necessário que o CFO da startup tenha as habilidades necessárias e saiba se moldar às mudanças do mercado. “É preciso saber lidar com as frustrações do dia-a-dia, altos e baixos de fluxo de caixa e atuar em sinergia com todas as decisões estratégicas do negócio. O líder precisa saber incentivar e assumir riscos com mais responsabilidade, afinal em startups o investimento de risco é cotidiano”, finaliza Macri.

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