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Governança em movimento: entre riscos, dados e propósito

Seminário discutiu o papel da governança nos caminhos que as empresas escolhem seguir

(Foto: Divulgação)

IBGC

20/05/2025 às 15:12

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A 8ª edição do Seminário de Finanças e Governança Corporativa, promovida pelo Capítulo Paraná do IBGC e IBEF Paraná, provocou uma reflexão essencial: qual é, de fato, o papel da governança nos caminhos que as empresas escolhem seguir?

A governança não foi tratada como ferramenta técnica, tampouco como um conjunto de boas práticas isoladas. Ela surgiu — e se sustentou ao longo de todo o seminário — como o alicerce sobre o qual se constroem decisões mais responsáveis, estratégias mais coerentes e negócios mais preparados para riscos e oportunidades.

A comentarista de economia da CNN Brasil, Rita Mundim, em um painel dedicado ao cenário político e econômico, foi cirúrgica ao apresentar os riscos que estão, de fato, remodelando o ambiente decisório do Brasil e dos negócios. Com linguagem acessível e contundente, ela alertou para os efeitos do risco sistêmico, aquele capaz de desencadear uma reação em cadeia quando uma parte do sistema entra em colapso e compromete todo o restante.

Ao lado dele, destacou o risco soberanorisco de mercadorisco do negóciorisco de crédito — a chance real de vender e não receber — e o risco de liquidez, que expõe empresas que, mesmo com ativos, não conseguem convertê-los rapidamente em caixa sem perdas ou sob pressão. Em sua fala, ficou evidente que conselhos que não incorporam esses riscos às suas discussões estratégicas já estão operando em desvantagem.

Esse olhar adiante também esteve presente na fala de Sandro Guedes da Costa, do Google Cloud, durante o painel sobre tecnologia. Com uma abordagem acessível e estratégica, ele destacou que a inteligência artificial já representa a próxima grande virada dos negócios — mas que só será uma alavanca de valor se for acompanhada por uma governança robusta de dados, com ética, segurança e visão clara sobre o impacto que essas tecnologias nos negócios e na sociedade.

O painel sobre sucessão em empresas familiares ampliou essa perspectiva, ao tratar da governança como estrutura viva, capaz de dar forma ao afeto, traduzir legado e incluir as novas gerações. Foi nesse contexto que Renata Abravanel, presidente do Conselho do Grupo Silvio Santos, e Paula Setúbal, conselheira da Dexco, compartilharam suas trajetórias. Renata, ao expor os aprendizados de sua família empresária, evidenciou que a sucessão, quando guiada por governança, deixa de ser ruptura e passa a ser continuidade com intencionalidade. Paula apresentou uma leitura delicada e realista sobre o desafio de equilibrar tradição e inovação — não para manter o status, mas para ressignificar o futuro. A mediação foi conduzida por Cristiano Roveda, sócio-fundador da Roveda e Marcelino Sociedade de Advogados.

Essa mesma visão de continuidade estruturada e responsabilidade ampliada esteve presente no painel que celebrou os 30 anos do IBGC, entrelaçados com a história de evolução da COPEL. A mesa, conduzida por Yuri Müller Ledra, vice-presidente jurídico e de Compliance da COPEL, e Deborah Wright, presidente do Conselho de Administração do IBGC, conectou passado e futuro.

A COPEL compartilhou sua jornada — do ingresso na NYSE à criação de uma diretoria dedicada à Governança, Risco e Compliance —, culminando em sua recente transformação em corporation, um movimento inédito no setor elétrico nacional. Ao revisitar os marcos institucionais que sustentaram essa trajetória, foi inevitável reconhecer o papel do IBGC na construção do ambiente institucional brasileiro, com contribuições fundamentais na Lei das Estatais, na Lei Anticorrupção e na Lei das S.A. e elaboração das sucessivas edições do Códigos das Melhores Práticas. Tudo isso ajudou a profissionalizar o ambiente de negócios no País.

No painel de Sustentabilidade, Ariane Santos, fundadora e CEO da Badu Design, compartilhou a jornada de uma marca construída desde o início com base em diversidade e impacto social, que encontrou na governança uma aliada para escalar propósito sem perder coerência. Seu relato dialogou com o projeto apresentado por Mirian Andrade, membro do comitê de sustentabilidade do Grupo Portobello, e Marcelo Rosenbaum, diretor criativo e presidente do Instituto A Gente Transforma.

Juntos, relataram como um problema ambiental — o descarte dos moluscos sururu —transformou-se em solução socioambiental regenerativa: a criação de revestimentos sustentáveis a partir dos resíduos, em parceria com comunidades locais, gerando renda, inovação e preservação cultural. É um exemplo claro de que sustentabilidade só gera valor quando está verdadeiramente integrado à estratégia da empresa. Nesse painel, a mediação foi conduzida por Gabriel Alencar, Chief Revenue Officer (CRO) da DEEP ESG.

O que uniu todas essas vozes, diferentes em origem, setor e abordagem, foi a consciência de que a governança é o ponto de partida e o caminho. Não basta ter dados se não há direção. Não basta ter valores se eles não são praticados nas decisões estratégicas. Não basta querer transformar se a estrutura não sustenta o movimento.

Ao final, ficou a certeza de que o seminário não foi um encerramento, mas uma abertura. Uma convocação para que conselheiros, executivos, empresários, agentes da governança e cada voz presente ou que ecoou nos painéis assumam seu papel na construção de empresas mais éticas, mais sustentáveis e mais humanas. Porque todos somos responsáveis pelas empresas que ajudamos a construir, pelas decisões que tomamos e pelos impactos que elas geram nas pessoas e no planeta.

*Janete Anelli é coordenadora-geral do Capítulo Paraná do IBGC.

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