O segundo semestre de 2025 promete ser um período de alta volatilidade nos mercados globais. Com as eleições estaduais e locais nos Estados Unidos marcadas para o dia 4 de novembro, investidores atentos ao cenário macroeconômico e geopolítico já começam a ajustar suas estratégias — e um dos mercados que mais sente esse impacto é o forex, onde moedas são negociadas em tempo real e reagem de forma quase imediata a eventos políticos de grande escala.
Embora este não seja um ano de eleição presidencial, cargos-chave como os governos de Virginia e New Jersey, além de cadeiras em assembleias estaduais e cortes judiciais, estarão em disputa. Essas eleições funcionam como um termômetro político nacional e costumam antecipar tendências para o ciclo federal seguinte. O reflexo disso é sentido diretamente no câmbio: o mercado forex precifica risco político com base nas perspectivas fiscais, comerciais e regulatórias de cada partido — e neste contexto, o dólar volta a ocupar seu lugar como moeda de proteção.
Ao mesmo tempo, o cenário é amplificado por tensões geopolíticas e dilemas energéticos globais, o que reforça a importância de entender como o resultado das urnas americanas pode mexer com o real, o euro, o iene e outras moedas relevantes para o investidor brasileiro.
O que está em jogo nas eleições de novembro?
Apesar de não envolverem a Casa Branca, as eleições deste ano possuem grande peso simbólico e estratégico. A disputa pelos governos estaduais e assembleias legislativas pode redefinir a correlação de forças nos EUA, afetando pautas como:
- política tributária e estímulos fiscais;
- regulação de setores estratégicos (energia, tecnologia, saúde);
- sinalizações sobre o equilíbrio entre gasto público e responsabilidade fiscal.
Tudo isso impacta diretamente a expectativa de investidores internacionais quanto à solidez da economia americana e, por consequência, o valor do dólar no mercado forex.
Geopolítica: o pano de fundo que agrava a instabilidade
O peso dos EUA em conflitos internacionais é mais do que simbólico — é financeiro. As tensões em curso entre China e Estados Unidos, a guerra prolongada no Oriente Médio e os desdobramentos da guerra da Ucrânia criam um ambiente de incerteza que impulsiona movimentos defensivos nos mercados.
Historicamente, em cenários de instabilidade, investidores recorrem ao dólar como moeda forte, provocando desvalorização de moedas emergentes como o real. No forex, esse movimento se reflete em pares como USD/BRL, USD/TRY ou USD/CLP, por exemplo.
Política energética e transição verde também entram no radar
Com o debate climático cada vez mais presente nas disputas eleitorais americanas, os rumos da transição energética também entram na equação cambial. Os dois partidos adotam abordagens bastante distintas: enquanto democratas tendem a favorecer subsídios à energia limpa, republicanos historicamente defendem o setor de combustíveis fósseis.
Essa diferença pode impactar o preço de commodities energéticas e influenciar moedas de países exportadores, como Brasil, México e Canadá — o que faz do forex um termômetro da política energética global.
E as criptomoedas? Um mercado que também observa as urnas
O avanço das criptomoedas como alternativa ao sistema financeiro tradicional tem colocado esse setor sob os holofotes da política americana. Regulações mais severas — como as propostas em estados conservadores — tendem a impactar o apetite por ativos digitais, enquanto setores mais progressistas costumam adotar uma abordagem mais aberta à inovação financeira.
Isso tem reflexo indireto no forex, já que a credibilidade do dólar, o controle monetário e a concorrência de ativos descentralizados entram no radar dos investidores globais.
Efeitos diretos no real e oportunidades para o investidor brasileiro
Para quem investe no Brasil, o câmbio continuará sensível à política externa americana e às oscilações de curto prazo nas expectativas do mercado internacional. O real, por ser uma moeda de país emergente e altamente atrelada ao fluxo de commodities, pode se valorizar ou desvalorizar rapidamente diante de:
- expectativa de juros nos EUA;
- fuga ou entrada de capital estrangeiro;
- movimentos especulativos no forex.
Investidores brasileiros devem observar os desdobramentos eleitorais não apenas como um fator político externo, mas como um gatilho de curto prazo para estratégias de hedge, fundos cambiais e operações com derivativos.
Mesmo sem uma eleição presidencial em 2025, os Estados Unidos seguem sendo o centro gravitacional do sistema financeiro global — e qualquer mudança em sua dinâmica interna tem reflexo direto no mercado cambial. Combinadas às tensões geopolíticas, às políticas energéticas e à regulação de novas tecnologias como as criptomoedas, as eleições deste ano tornam-se um fator essencial de análise para quem opera ou investe em forex. Monitorar os movimentos do dólar, interpretar os sinais vindos das urnas e alinhar estratégias de proteção pode ser a chave para aproveitar — ou proteger-se — da volatilidade que virá.
Texto de Marcelo Berenstein. Saiba mais sobre o autor em - www.linkedin.com/in/marceloberenstein

