“Lembro hoje da primeira vez em que acompanhei uma obra nossa, como Realiza Arquitetura, em que o cliente estava com a esposa, todos empolgados com a casa em que iriam morar, fazendo planos para os cômodos, a disposição dos móveis… lembro de pensar: ‘eles vão morar nesse lugar que nós desenhamos’. Aquilo me mostrou como é impactante na sociedade e para as pessoas o trabalho que a gente faz”. A lembrança é do arquiteto Antonio José Gonçalves Jr., da Realiza Arquitetura, empresa que fundou e na qual é sócio diretor junto do também arquiteto Frederico Carstens.
Começar um texto sobre a Realiza Arquitetura falando sobre o passado pode ser até contraditório, para quem conhece o DNA da empresa, tão marcado pela inovação, pela vanguarda e pelo pioneirismo. Por outro lado, olhar para trás também significa reconhecer a trajetória de uma companhia que, embora esteja completando quatro décadas e valorize suas raízes, permanece jovem na essência. “Em algum sentido, a empresa é hoje tão jovem e tão criança como no primeiro dia. Esse trabalho conceitual, autoral, com essa espinha dorsal de inovação e arte, isso é a nossa empresa. Toda sexta-feira temos reunião de planejamento, com as pessoas do time, e essa vibração, essa inovação, falando de coisas que a gente quer fazer, isso tudo é como se fosse no primeiro dia, 40 anos atrás”, complementa Carstens.
As falas de ambos são complementares, mesmo tendo sido feitas em dias separados, o que evidencia a sintonia entre os sócios no modo de traduzir sua jornada compartilhada, sua missão como profissionais de arquitetura e sua visão da profissão e do mundo. A parceria, construída tijolo a tijolo, levou aos 9 milhões de metros quadrados projetados.
A emoção de ver o primeiro cliente planejando a vida na casa que desenharam, hoje se multiplica milhares de vezes. Quatro décadas depois, a dupla estima que 200 mil pessoas utilizam diariamente ambientes construídos pela Realiza Arquitetura. O que não mudou, neste período, foi o compromisso da entrega: “Não se trata do que o cliente quer, mas da jornada espetacular que eu posso oferecer a um ser humano. A Realiza começou a existir e existe até hoje criando esse tipo de possibilidades para as pessoas”, diz Carstens.
O que sustenta esse propósito vai além da busca por inovação pura e simples. O caldo de cultura da Realiza tem boas doses de arte, filosofia, tecnologia e paixão pela arquitetura. “Tanto eu quanto o Antonio sempre fomos do mundo das artes e nossa escolha pela arquitetura como profissão foi por entendê-la como a grande arte, são as grandes esculturas que o homem deixa na paisagem do planeta, é a marca da passagem do homem pela Terra”, elabora Carstens.
Segundo ele, “a estética, na arquitetura, não é só o material, é o espaço residual do material, o vento, a temperatura, a forma como você induz o passeio arquitetônico”. Assim, os projetos desenvolvidos pela empresa incorporam fundamentos de outras artes e ciências, em um diálogo com o contexto atual, mas também com o que se espera do futuro.
“A gente procura detectar as tendências. Então, por exemplo, isso que chamamos de “casa viva” é algo ainda em vias de se concretizar, porque muitas das tecnologias ainda não existem. Mas, a gente vê o que está acontecendo em várias áreas, o desenvolvimento da informática, da biologia. E a casa viva é isso. Lá na frente, todo meio vai ser biológico, projetado geneticamente, o arquiteto vai projetar uma casa viva, e tudo isso a gente pensou extrapolando o hoje”, adianta Gonçalves..
Na prática, para a história da empresa, isso significou fazer apostas arriscadas, mas que se provaram certeiras. Nos anos 90, quando projetaram o Tower Club House, edifício localizado no Água Verde, em Curitiba, a permeabilidade vertical ainda era vista com desconfiança no mercado imobiliário. Duas décadas depois, quando a ideia de sustentabilidade ganhou força na construção civil, o Tower Club House se tornou referência em aproveitamento de iluminação natural e otimização de recursos.
“Já na década de 90, montamos um grupo de pessoas interessadas em pesquisar o que seria o futuro da arquitetura e chegamos ao conceito da casa viva, que mudaria a forma de construir, a forma de projetar e a estética da arquitetura. E é só agora, na década de 20, que vemos empresas de fato criando materiais vivos para a construção”, comenta Carstens.
“Nos próximos dez anos, talvez possamos criar uma tinta que faz fotossíntese ou fazer um prédio que renova o oxigênio. Tudo isso está no caminho da casa viva, que é algo que vai acontecer naturalmente quando as tecnologias forem evoluindo. É uma utopia que a gente criou 30 anos atrás, mas que vemos acontecendo aos poucos agora”, reforça Gonçalves.
Celebrar e compartilhar conhecimento
Hoje, cerca de 50 profissionais de diferentes regiões do mundo atuam de maneira direta ou indireta na Realiza. No escopo da companhia, estão projetos de pequeno, médio e grande porte em que o principal ponto de convergência é pensar fora da caixa. Mais do que isso: é desmontar a caixa e entender o que faz dela uma caixa e como ela pode ser otimizada para que mais pessoas possam fugir dela e pensar diferente.
Para isso, faz parte da programação comemorativa dos 40 anos de Realiza Arquitetura a divulgação de uma série de investimentos de cunho pedagógico. A empresa está desenvolvendo o projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), com o objetivo de democratizar os conceitos presentes no dia a dia da Realiza. “Uma das grandes falhas no ensino da arquitetura é que você passa cinco anos e não há um ensino da estética da arquitetura nesse nível, o que existe é quase uma conformação das pessoas dentro do “isso eu gosto”, “isso eu não gosto”. É uma arquitetura com pouca crítica estética, que dá preferência à arquitetura moderna, dizendo que é bom o que é clean, e quando sai disso é ruim”, comenta Carstens.
O projeto contempla ensino para crianças, cursos livres, graduação, mestrado e doutorado, além de pesquisa, pautado em quatro pilares: inovação, sustentabilidade, tecnologia e mercado.
Outras iniciativas serão um espaço na Casa Cor 2021 que resumirá a caminhada da empresa e a edição de um livro para apresentar os projetos mais significativos da Realiza em detalhe, para que o público possa conhecer plantas, cortes, croquis, pensamentos e conceitos por trás dos projetos. “Além dos investimentos pedagógicos - da criança até o doutorado -, também faremos mostras de arte, porque a gente produz muita arte, mas ela fica escondida, então vamos começar a mostrar isso em galerias”, adianta Carstens.
A empresa também desenvolve, em paralelo, projetos que refletem a preocupação com a inovação e prometem revolucionar a arquitetura curitibana. Confira algumas das novidades:
Projeto Paralax
Resultado de parcerias e estudos junto a projetistas de estrutura, o projeto Paralax tem uma proposta ousada: com os mesmos custos de um edifício convencional, trazer resultados que chegam ao dobro do Valor Global de Venda. Para isso, o projeto prevê pavimentos maiores no alto e menores na base, liberando mais espaços no térreo e aproveitando melhor os andares mais altos. O nome se justifica: “Paralax é esse efeito em que a luz das estrelas é diferente de onde ela está saindo até o ponto de observação na Terra, por isso chamamos assim”, explica Carstens.
Madeira: o material da vez
Outra aposta da Realiza vai na linha da sustentabilidade, com projetos cuja estrutura é composta por uma soma de concreto, metal e de madeira, extraindo o melhor de cada um. “Cada material tem uma resistência maior a determinado tipo de esforço - tração, compressão, ruptura. A madeira engenheirada já tem algumas indústrias no Brasil, na Europa é a sensação, e a gente já está com dois projetos na prancheta tentando viabilizar essa novidade aqui, com pilares, vigas e lajes em madeira”, adianta o arquiteto.
Essa tecnologia também dialoga com a tendência das construções off site, onde se fabrica o produto na indústria e ele já chega pronto ao canteiro de obras, reduzindo os custos e acelerando o processo construtivo. “A madeira permite isso, além de ser um material reciclável, que aprisiona o carbono. Ela se soma a soluções como ventilação natural, melhor insolação, tudo isso com muita tecnologia. Hoje em dia você consegue voltar à natureza, mas de uma forma menos passiva, interferindo na maneira como a natureza será utilizada”, complementa Gonçalves.
Edifícios Jardim
Outra tipologia na qual a empresa vem apostando são os prédios-jardim ou prédios-praça, que transformam em paisagem áreas que atualmente são desconsideradas no projeto como apenas transitórias. Nas palavras de Carstens, “requalificar o corredor”. A ideia é trazer o espaço externo para dentro do edifício. “Quando a gente estaciona o carro, parece que entramos num espaço-tempo que se perde. E a gente está criando prédios em que, quando você está se deslocando do estacionamento até o apartamento, você está em um espaço externo também”.
Planejamento urbano e alta tecnologia
Outro projeto pioneiro da Realiza que já está em fase de prototipagem é o Planejamento Urbano de Incentivo aos Modais de Alta Tecnologia. Trata-se de uma metodologia de planejamento urbano que permitirá regular e incentivar o trânsito de modais de alta tecnologia autônomos ou dirigíveis, como patinetes, robôs, bicicletas, carros, ônibus, caminhões, drones delivery e drones de passageiros "Criamos uma metodologia que será aplicada nas cidades e ensinaremos na FAU. Nela, os prédios dentro do raio de alcance destes modais poderá recebê-los via terrestre ou aérea, inclusive individualmente, em uma espécie de “sacada retrátil", esclarece Carstens.
Realiza Casa
Simplificando o processo de projetar residências, os arquitetos criaram o Realiza Casa, que propõe modelos pré-desenvolvidos de residências com opções que variam de acordo com a metragem quadrada desejada. O projeto é personalizável no nível da implantação, em aspectos como o paisagismo e a estética da fachada, mas a solução é ágil no desenvolvimento pois parte de um modelo fixo, com baixo custo de manutenção, alta tecnologia construtiva e de sustentabilidade.
Projeto Caelum
A frase "Dormindo sob as estrelas, pensando em tocá-las" resume o sentido deste projeto, que propõe a instalação de tetos solares em cômodos específicos ou na área total de casas ou apartamentos de cobertura. Batizado com o termo para "céu", em latim, o projeto prevê a possibilidade de abrir ou fechar a cobertura de acordo com o momento ou a preferência, assim como acontece com os veículos com teto solar.
"Se a pessoa não quer sol, ela está com uma proteção especial, se ela quer o sol, ela tira essa proteção, os raios solares aquecem o espaço, pode trabalhar com áreas abertas e outras fechadas, fazendo o efeito chaminé, usando sombreamento externo e interno", explica Carstens. A Realiza já detém a tecnologia necessária para implementação do projeto, oferecendo também a possibilidade de vidros fotovoltaicos com geração de energia. As possibilidades criadas com o projeto Caelum são inúmeras. "A casa se torna um grande espaço aberto, você pode ter uma festa ao ar livre dentro da sua casa, dormir olhando as estrelas... isso nos permite romper o paradigma que temos há milhares de anos de que o homem precisa estar dentro da caverna. Queremos tirar o homem da caverna e acho que no século 21 já podemos fazer isso", conclui.
Conheça mais sobre o trabalho da Realiza acessando o site realiza.com e acompanhe as novidades da empresa pelo Instagram @realizaarquitetura.
