Relacionamentos afetivos podem ser fonte de segurança emocional ou de sofrimento silencioso. Quando o vínculo deixa de acolher e passa a ferir, muitas pessoas não percebem de imediato. Outras percebem, mas permanecem. Falta de reciprocidade, críticas constantes, manipulação emocional e relações que drenam energia são queixas recorrentes nos consultórios de psicologia.
Segundo o psicólogo Renan Gallo, aceitar menos do que se merece raramente está ligado à fraqueza emocional. Na maioria dos casos, trata-se de padrões emocionais aprendidos, construídos ao longo da vida, que influenciam escolhas afetivas, limites e a forma como a pessoa se enxerga dentro da relação.
Quando o relacionamento começa a afetar a saúde emocional
Relacionamentos que adoecem impactam diretamente a autoestima, o bem-estar psicológico e até a saúde física. Alguns sinais costumam se repetir:
- Falta de reciprocidade emocional, quando apenas um lado se esforça para manter a relação;
- Críticas frequentes, invalidação emocional ou silenciamento de sentimentos;
- Manipulação emocional, com culpa constante ou exigências disfarçadas de cuidado;
- Drenagem emocional, quando a relação consome mais energia do que oferece apoio.
Com o tempo, esses comportamentos geram insegurança, ansiedade, confusão emocional e a sensação persistente de não ser suficiente.
Por que o cérebro insiste em relações que fazem mal
A psicologia explica que vínculos dolorosos muitas vezes estão ligados a experiências emocionais do passado. Relações familiares marcadas por afeto instável, ausência emocional, críticas excessivas ou amor condicionado moldam, ainda na infância, a ideia inconsciente do que é amar e ser amado.
Quando esse padrão se repete, o cérebro passa a associar apego com sofrimento. Assim, mesmo relações emocionalmente tóxicas podem parecer “familiares” e, paradoxalmente, mais seguras do que o desconhecido. Isso ajuda a entender por que tantas pessoas permanecem em relações que sabem que as machucam.
Como romper ciclos de relacionamentos que adoecem (relacionamentos tóxicos) e reconstruir a autoestima
Romper padrões emocionais não acontece de forma automática. Exige consciência, acolhimento e ações práticas. Alguns caminhos importantes incluem:
- Reconhecer padrões repetitivos de sofrimento sem culpa ou autojulgamento;
- Fortalecer a autoestima e desenvolver limites emocionais claros;
- Aprender a comunicar necessidades e desconfortos de forma assertiva;
- Buscar apoio psicológico para ressignificar crenças emocionais antigas.
Cada um desses passos amplia a capacidade de escolha e ajuda a construir relações baseadas em respeito, reciprocidade e segurança emocional.
Dicas práticas para quem desconfia que está em um relacionamento adoecedor
Se você tem dúvidas sobre a saúde emocional da sua relação, reflita sobre alguns pontos:
- Você sente medo de expressar o que pensa ou sente?
- Costuma se culpar pelos conflitos, mesmo quando o outro não assume responsabilidades?
- Sente que precisa se anular para manter a relação?
- A relação traz mais ansiedade do que tranquilidade?
Esses sinais não devem ser ignorados. Eles indicam que algo precisa ser revisto — e cuidado não é sinônimo de sofrimento constante.
Entrevista com o psicólogo Renan Gallo sobre Relacionamentos que adoecem

Por que tantas pessoas permanecem em relacionamentos que claramente as fazem sofrer?
Renan Gallo: Permanecer em uma relação dolorosa não é falta de coragem. Muitas vezes existem padrões emocionais internalizados que associam amor ao sofrimento ou ao medo de abandono. O cérebro tende a repetir o que é familiar, mesmo quando isso gera dor.
Como experiências da infância influenciam a tendência a aceitar menos do que se merece?
Renan Gallo: As experiências afetivas iniciais moldam nossos esquemas de apego. Quando o afeto foi inconsistente ou condicionado, aprendemos que precisamos “merecer” amor. Isso leva à busca constante por validação e à tolerância de relações desequilibradas.
Quais os primeiros passos para romper esse ciclo e reconstruir a autoestima?
Renan Gallo: O primeiro passo é reconhecer o padrão sem se julgar. Depois, é fundamental reconstruir limites emocionais, fortalecer a autoestima e, quando possível, contar com apoio terapêutico para aprender a escolher relações que promovam bem-estar.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui atendimento psicológico individualizado. Em caso de sofrimento emocional persistente, procure um profissional habilitado.
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