Santa Catarina já se consolidou no mapa do enoturismo brasileiro como um destino que une paisagens de tirar o fôlego, gastronomia diferenciada e vinhos de alta qualidade. Se no inverno as vinícolas serranas se destacam pelo charme do frio, é na primavera que os vinhedos ganham nova vida: os parreirais começam a brotar, os dias ficam mais longos e ensolarados e o clima confortável.
Essa combinação é um convite irresistível para experiências ao ar livre. Os visitantes podem saborear vinhos em cenários que combinam taças, vinhedos, montanhas – e pratos preparados com ingredientes típicos da estação.
Vinhos de altitude: o cartão-postal da serra

A Serra Catarinense é o epicentro dos vinhos de altitude, produzidos a mais de mil metros acima do nível do mar. Nessas condições, a amplitude térmica, o solo e o clima resultam em rótulos complexos e aromáticos, reconhecidos em concursos nacionais e internacionais. Municípios como São Joaquim, Urubici, Bom Retiro e Lages concentram vinícolas abertas ao turismo, oferecendo degustações guiadas, passeios pelos vinhedos e harmonizações exclusivas.
A gastronomia da serra acompanha esse charme. Queijos artesanais, embutidos coloniais e pratos quentes mais leves – como risotos de cogumelos, carnes brancas e massas frescas – compõem menus especiais para a estação. Algumas vinícolas, como Villa Francioni e Monte Agudo, oferecem restaurantes próprios, com cardápios assinados por chefs que exploram ingredientes locais e harmonizações de safras recentes.
Outra experiência em alta são os piqueniques entre os parreirais floridos, em que cestas com queijos, pães, frutas da estação e geleias caseiras podem ser apreciadas ao ar livre.
Vale da Uva Goethe: tradição italiana no Sul

Fora da serra, Santa Catarina guarda um tesouro singular: o Vale da Uva Goethe. Localizado na região sul, em municípios como Urussanga, Nova Veneza, Pedras Grandes e Cocal do Sul, o território é o único do Brasil para a uva Goethe – variedade rara trazida por imigrantes italianos no fim do século 19.
Os vinhos elaborados com essa uva têm perfil frutado, leve e aromático, ideais para os dias ensolarados de primavera. A região, no Sul de Santa Catarina, possui a Indicação de Procedência (IP) dos Vales da Uva Goethe, que certifica a qualidade e a autenticidade da uva e dos vinhos produzidos na região. Este selo foi conquistado em 2012, a primeira Indicação Geográfica de Santa Catarina, e recentemente foi elevado à Denominação de Origem (DO).
Aqui, a gastronomia é uma atração à parte. Massas caseiras, polenta, galinha ensopada, fortaia (prato típico italiano semelhante a uma omelete) e salames artesanais e salames artesanais fazem parte da herança italiana que se reflete nos cardápios familiares e nos restaurantes locais. Os vinhos Goethe, leves e frescos, harmonizam bem tanto com esses pratos típicos quanto com sobremesas tradicionais, como cucas e doces à base de frutas.
Outras rotas do vinho catarinense
Além da Serra e do Vale da Uva Goethe, outras regiões também vêm ganhando espaço no mapa enoturístico. O Vale do Itajaí e o Litoral Norte abrigam pequenas propriedades familiares que produzem vinhos artesanais e recebem visitantes em ambiente intimista. Nessas áreas, a gastronomia ganha sotaque regional: bistrôs rurais oferecem menus autorais e, pela proximidade com o mar, não é raro encontrar espumantes, brancos e rosés catarinenses acompanhados de peixes, ostras e frutos do mar frescos. Uma combinação que traduz a diversidade do estado — das montanhas frias ao litoral ensolarado.
Muito além da taça: experiências ao ar livre

O enoturismo catarinense na primavera vai além da degustação. As vinícolas vêm investindo em atividades que reforçam a conexão com a natureza e a cultura local. Trilhas ecológicas, observação de fauna e flora, exposições de arte e apresentações musicais fazem parte da programação. Mas a mesa continua sendo ponto de encontro: seja em um jantar harmonizado, em um piquenique rústico ou em um almoço típico italiano, a gastronomia se confirma como aliada indispensável para transformar cada taça em experiência completa.
Turismo em expansão

Segundo dados da Epagri e da SETUR, o turismo ligado ao vinho em Santa Catarina cresce a cada ano, impulsionado pela qualidade dos rótulos e pelo fortalecimento das rotas enoturísticas. A diversidade do estado — que vai das montanhas geladas da Serra ao litoral ensolarado — garante experiências para diferentes perfis de visitantes: do turista em busca de sofisticação à família interessada em vivências culturais e de contato com a natureza.
Com a chegada da primavera, os vinhedos catarinenses se transformam em palco de um espetáculo natural que só aumenta o encanto da taça. Mais do que degustar vinhos premiados, o visitante encontra hospitalidade, tradições centenárias, sabores autênticos e paisagens que unem flores, montanhas e a promessa de momentos inesquecíveis.
Região Serrana e do Planalto (Vinhos de Altitude)

Essas cidades têm vinhedos acima de 900 m, clima frio e produção reconhecida pela qualidade:
- São Joaquim – principal polo dos vinhos de altitude, com diversas vinícolas abertas à visitação (Villa Francioni, Suzin, Monte Agudo, Pericó).
- Urubici – além do turismo natural, abriga vinícolas com experiências ao ar livre.
- Urupema – cidade mais fria do Brasil, também integrada à rota dos vinhos de altitude.
- Bom Retiro – vinhedos de altitude em crescimento, próximos a São Joaquim.
- Lages – importante centro histórico da viticultura serrana, com vinícolas tradicionais.
- Campos Novos, Água Doce, Treze Tílias, Videira, Pinheiro Preto e Tangará – municípios produtores com vinícolas boutique e cooperativas que oferecem visitas, degustações e venda de rótulos premiados.
Região Sul (Vales da Uva Goethe)

Território único no Brasil, voltado à produção da uva Goethe, trazida por imigrantes italianos no século 19:
- Urussanga – “capital da uva Goethe”, com várias vinícolas abertas ao turismo, além de festas e eventos.
- Nova Veneza – mistura de tradição italiana, gastronomia típica e vinhedos de Goethe.
- Pedras Grandes – cidade histórica ligada à imigração e à vitivinicultura.
- Cocal do Sul – integra a rota da uva Goethe, com vinícolas familiares e experiências enogastronômicas.
Vale do Itajaí e Litoral

- Vale do Itajaí (Rio do Sul, Ibirama, Apiúna e região) – produção crescente, com vinícolas familiares que apostam no enoturismo e cada vez mais atraem visitantes.
- Florianópolis e Litoral Norte – surgimento de projetos experimentais de vinhos de pequena escala, mas que já integram roteiros turísticos diferenciados.
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Vales da Uva Goethe
Vinhos de Altitude

