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No Ano Internacional do Cooperativismo da ONU, cooperativas do Paraná se destacam como modelo de desenvolvimento sustentável

Reconhecido por impulsionar o desenvolvimento econômico e social do Brasil, o cooperativismo do Paraná promove a sustentabilidade, gera empregos e renda, e contribuiu para construir um mundo melhor

Sede do Sistema Ocepar, no Centro Cívico, em Curitiba.
Sede do Sistema Ocepar, no Centro Cívico, em Curitiba. (Foto: Realiza Vídeo)

Sistema Ocepar

17/09/2025 às 14:19

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No Ano Internacional do Cooperativismo, declarado pela ONU, as cooperativas do Paraná consolidam-se como referência nacional e internacional do setor, destacando-se não apenas pelos números, mas também por seu impacto transformador na economia, na sociedade e no desenvolvimento sustentável. 

Com 227 cooperativas ativas, mais de 4 milhões de cooperados e 146 mil empregos diretos gerados em 2024, o estado reafirma seu protagonismo no cooperativismo brasileiro e mundial.

De acordo com dados consolidados do Sistema Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), as cooperativas paranaenses alcançaram faturamento recorde de R$ 205,7 bilhões em 2024, com resultado líquido (sobras) de R$ 10,8 bilhões. O desempenho representa um terço do faturamento total das cooperativas brasileiras, estimado em R$ 757,9 bilhões, consolidando o sistema paranaense como o mais robusto do Brasil.

E as perspectivas são promissoras: o PRC300 (Plano Paraná Cooperativo 300) prevê atingir R$ 300 bilhões de faturamento até 2027. Na sequência, o cooperativismo do Paraná projeta alcançar R$ 500 bilhões até 2030, valor dez vezes maior que o registrado em 2015 (R$ 50 bilhões). 

As cooperativas paranaenses são responsáveis por cerca de 65% da produção de grãos e 45% da produção de carne e produtos lácteos do estado. 

O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, destaca alguns pontos que contribuíram para o avanço e o sucesso do cooperativismo no Paraná: 
“Nós sempre tivemos um planejamento por região, desde o início. E esse modelo permanece até hoje. Outro ponto importante é a profissionalização. Hoje, quem faz a operacionalização das cooperativas são profissionais altamente especializados e preparados”. 

Com décadas de dedicação exclusiva ao cooperativismo paranaense, Ricken ressalta o crescimento contínuo do setor no estado: 
“Em 2015, nosso faturamento era de R$ 50 bilhões. Hoje, passamos de R$ 200 bilhões, e até 2030 planejamos chegar a meio trilhão de reais de movimentação econômica. O Paraná é o estado que mais evoluiu, com os melhores indicadores sociais e econômicos do País. Isso se converte em desenvolvimento, melhoria da qualidade de vida para toda a população”, observa. 

Investimentos para crescimento sustentável

O Sistema Ocepar projeta que as cooperativas paranaenses investirão R$ 9,2 bilhões ao longo de 2025. Os recursos serão direcionados à construção de agroindústrias, estruturas de armazenagem, logística, produção e distribuição de energia, além de serviços. Todos os ramos do cooperativismo serão beneficiados, com foco no fortalecimento da competitividade, sustentabilidade e modernização das cooperativas. 

“O nosso histórico demonstra crescimento consistente nos investimentos. Foram R$ 2,2 bilhões em 2019, R$ 3,5 bilhões em 2020, R$ 6,2 bilhões em 2022, R$ 6,8 bilhões em 2024 e, agora, em 2025, mais de R$ 9 bilhões”, enumera Ricken, ao observar que uma das principais dificuldades para avançar mais são os juros altos. “Com taxa básica de juros de 15% ao ano, fica difícil, mas nós estamos buscando alternativas”, afirma. 

Além dos investimentos, o Sistema Ocepar prioriza a formação e capacitação. Em 2024, foram promovidos cerca de 15 mil eventos de capacitação, alcançando quase 400 mil pessoas. As ações foram conduzidas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Paraná (Sescoop/PR), que integra o Sistema Ocepar, com foco em qualificação técnica, formação de lideranças, educação política e estímulo à inovação. 

A inovação também é prioridade. Por meio do Programa de Inovação do Cooperativismo Paranaense, incentiva-se a adoção de novas tecnologias, modelos de gestão modernos e práticas sustentáveis, garantindo a longevidade e a eficiência do setor.

Modelo paranaense serve de inspiração 

A solidez do cooperativismo no Paraná está apoiada em uma forte cultura de governança, baseada em cooperação, ética, transparência e responsabilidade social. 

As práticas bem-sucedidas do cooperativismo paranaense atraem delegações de outros estados e países, interessadas em conhecer os modelos de gestão, estruturas de governança e arranjos produtivos locais. A diversificação das atividades – que abrange os ramos agropecuário, crédito, saúde, infraestrutura, transporte, consumo, trabalho, produção de bens e serviços – contribui para a resiliência e a capilaridade do sistema, beneficiando milhares de famílias e comunidades em todo o estado. 

O cooperativismo no Paraná tem se consolidado como um verdadeiro instrumento de transformação social, promovendo inclusão produtiva, desenvolvimento regional e melhoria da qualidade de vida, especialmente em áreas rurais e regiões menos assistidas pelo poder público. 

José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar. José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar. (Foto: Samuel Milléo Filho/Sistema Ocepar)

“No Paraná, nós temos trabalhado para fazer com que a missão da cooperativa fique clara: organizar economicamente as pessoas para que elas tenham mais renda. E com mais renda, elas conquistem uma condição social melhor. Com esse princípio, o modelo será duradouro e sustentável, contribuindo para a construção de um mundo melhor, que é o tema do Ano Internacional do Cooperativismo declarado pela ONU.” 

José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar. 

O papel da Ocepar para o fortalecimento das cooperativas 

A Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) tem atuação fundamental no desenvolvimento do cooperativismo, tanto no Paraná quanto no Brasil, por meio da representação institucional, fomento e apoio às cooperativas. O sistema é composto por três entidades: Federação e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Fecoopar),  Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/PR). 

A Fecoopar é uma entidade que congrega os sindicatos patronais de cooperativas e apoia nas ações de natureza trabalhista, mediante análises de pautas de reivindicação, oferecimento de contraproposta, negociação e fechamento de acordos e convenções coletivas de trabalho. 

A Ocepar atua na representação e defesa dos interesses das cooperativas paranaenses junto a órgãos públicos e à sociedade, assegurando seus direitos e promovendo o desenvolvimento do setor. 

"Ela (Ocepar) foi criada em abril de 1971 com essa missão: representar e defender os interesses do cooperativismo, fortalecer um modelo socioeconômico com base em princípios como cooperação, ética, transparência, participação e inclusão”, explica Ricken. 

No campo do fomento e apoio, oferece programas e soluções que visam tornar as cooperativas mais competitivas, perenes e sustentáveis, sempre alinhadas aos princípios da organização. 

A capacitação e o desenvolvimento também são prioridades. Por meio do Sescoop/PR, braço educacional do sistema, são promovidas ações voltadas à qualificação de trabalhadores e dirigentes, além de iniciativas de promoção social. 

A Ocepar ainda se destaca pela elaboração e execução de planejamentos estratégicos. 
"Desde 1991, instituímos um sistema de acompanhamento com 42 indicadores econômico-financeiros e sociais, e fazemos esse monitoramento mensalmente", pontua Ricken. 

A inovação também é um dos pilares da atuação da Ocepar, que promove programas como o Programa de Inovação do Cooperativismo Paranaense, estimulando a adoção de tecnologias e práticas modernas como estratégia de sustentabilidade e competitividade. Além disso, o Sistema Ocepar desenvolve programas de educação política, incentivando a participação dos cooperativistas na vida pública e fortalecendo a representação institucional do setor. 

Mensalmente, as diretorias da Fecoopar, Ocepar e Sescoop/PR se reúnem.Mensalmente, as diretorias da Fecoopar, Ocepar e Sescoop/PR se reúnem. (Foto: Cassiano Rosário)

Desafios a serem enfrentados 

Para Ricken, presidente do Sistema Ocepar, os avanços trazem otimismo, mas há muitos desafios pela frente: 
“Um dos nossos grandes desafios é superar a etapa de você produzir e tentar vender. Nós temos que agregar valor ao que foi produzido, temos que colocar o produto lá na ponta, encurtar caminhos, porque daí você tem uma renda melhor para o cooperado e oferece produtos a preços melhores à população. Não é uma coisa simples, isso tem concorrência, é uma questão de organização econômica”, diz. 

Outro desafio apontado por Ricken são os juros altos: 
“Como é que você faz um armazém com 20% de juros ao ano? Você não consegue pagar. Então, nós temos que buscar alternativas, principalmente para a logística e infraestrutura, com recursos mais adequados.” 

O terceiro desafio, na avaliação do presidente do Sistema Ocepar, é gravíssimo: a infraestrutura deficiente. 
“No Brasil, nós somos supercompetentes dentro da propriedade. Hoje, nós somos modelo para os americanos, para os europeus, conseguimos produzir barato, mas nossa infraestrutura de transporte é arcaica. Como é que você chega aos portos com competitividade? Da propriedade até o porto, o produto encarece muito, então esse é um desafio enorme”, ressalta. 

Ricken cita ainda como prioridades a questão da sucessão, ou seja, o preparo das novas gerações para assumir os negócios; o peso da carga tributária, que sufoca quem produz e encarece os produtos para quem consome; e a necessidade de maior integração entre todos os ramos do cooperativismo. 

Brasil como referência no setor cooperativo 

Com milhares de cooperativas distribuídas em todo o território, o Brasil foi apontado pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI) como referência internacional, especialmente por aliar crescimento econômico à inclusão social e à sustentabilidade. 

“O Brasil apresenta um terreno fértil para o desenvolvimento e crescimento do movimento cooperativista, refletindo não apenas na economia, mas também na inclusão social e no desenvolvimento sustentável das comunidades.” 

Ariel Guarco, presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), durante Assembleia Geral da entidade e da Conferência Cooperativa Global, realizadas na Índia, em novembro de 2024. 

O cooperativismo brasileiro alcançou um marco histórico em 2024: 25,8 milhões de pessoas estão vinculadas a cooperativas, de acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2025, divulgado pelo Sistema OCB. Esse número representa 12,14% da população do país e 23,32% da população ocupada.

O crescimento de 66% nos últimos cinco anos comprova a força do modelo cooperativista como um dos principais motores da economia nacional, além de ser uma ferramenta eficaz na promoção da inclusão social e de práticas sustentáveis. 

“Esse aumento representa milhões de brasileiros que decidiram fazer parte de um modelo baseado em confiança, solidariedade e desenvolvimento compartilhado”, destaca Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB. 

Atualmente, o Brasil conta com 4.384 cooperativas registradas, presentes em 3.586 municípios – o equivalente a 64% das cidades brasileiras. Juntas, essas cooperativas geraram 578 mil empregos diretos em 2024, um crescimento de 5% em relação a 2023, superando em mais de três vezes a taxa de crescimento da força de trabalho nacional no mesmo período (1,4%, segundo o IBGE).

Embora alguns ramos, como agro, crédito e saúde, tenham maior participação, outras áreas também estão em desenvolvimento. Em todo o país há organizações cooperativas consolidadas nos setores de consumo, infraestrutura, trabalho, transporte e seguros, o mais novo ramo do cooperativismo.  

A equidade de gênero também avançou no setor: 52% dos empregos diretos gerados pelas cooperativas são ocupados por mulheres, e 42% dos cooperados também são mulheres, o que demonstra um aumento contínuo do protagonismo feminino no ambiente cooperativista. 

Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). (Foto: Divulgação)

“O mundo mudou, e os propósitos do cooperativismo, que se concentram no bem-estar das pessoas e na busca por um mundo mais sustentável, são exemplos que merecem ser reconhecidos e adotados de forma mais efetiva.” 

Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). 

Em termos financeiros, as cooperativas brasileiras movimentaram R$ 757,9 bilhões em 2024, o que representa uma alta de 9,5% em relação ao ano anterior. Além disso, foram distribuídos R$ 51,4 bilhões em sobras aos cooperados, um aumento de 32%, e R$ 41,5 bilhões foram pagos em salários e encargos, um crescimento de 30,9%. 

Desde 2019, os valores pagos em salários e distribuídos como sobras mais que dobraram, evidenciando o compromisso do cooperativismo com a valorização do trabalho e a distribuição de renda de forma equitativa. 

O Sistema OCB projeta que o número de cooperados poderá atingir 30 milhões até 2027, ampliando ainda mais a contribuição do cooperativismo para um Brasil mais justo, solidário e sustentável. 

ONU: cooperativismo como modelo estratégico para um mundo melhor 

A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou por unanimidade a resolução que declara 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas (IYC 2025). O reconhecimento coloca o cooperativismo em evidência como modelo de negócios inclusivo, resiliente e sustentável, com capacidade comprovada de enfrentar desafios globais como pobreza, fome, desigualdade e mudanças climáticas.

A decisão foi aprovada por todos os 195 Estados-membros da ONU, consolidando o papel das 3 milhões de cooperativas existentes no mundo, que reúnem mais de 1,2 bilhão de membros e empregam 280 milhões de pessoas – o equivalente a 10% da força de trabalho global.

Impacto global do cooperativismo

  • 3 milhões de cooperativas no mundo 
  • 1,2 bilhão de membros cooperados 
  • 280 milhões de empregos ligados a cooperativas 
  • US$ 2,4 trilhões em receita anual das 300 maiores cooperativas 
  • Atuação em mais de 100 países 
  • ACI representa mais de 1,2 bilhão de cooperados 

“As cooperativas demonstram a força da união para enfrentar desafios globais e impulsionam o desenvolvimento, combatem a pobreza, fortalecem a segurança alimentar, além de criar oportunidades econômicas em mais de 100 países ao redor de todo o mundo.”  

António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Segundo o World Cooperative Monitor (2023), as 300 maiores cooperativas e mútuas do mundo movimentaram US$ 2,4 trilhões por ano e ofereceram infraestrutura e serviços essenciais para milhões de pessoas. O modelo é visto como um caminho viável para a justiça econômica, especialmente em tempos de crise ambiental e instabilidade geopolítica.

A resolução da ONU que estabelece 2025 como Ano Internacional das Cooperativas orienta os governos a:

  • Implementar políticas públicas de apoio ao cooperativismo; 
  • Garantir acesso a financiamento e tecnologias;  
  • Estimular o fortalecimento institucional e a cooperação técnica internacional. 
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