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Com Ricardo Darín

“A Aura” completa 20 anos como um dos suspenses mais eletrizantes argentinos

Ricardo Darín interpreta Esteban Espinoza em "A Aura"
Ricardo Darín interpreta Esteban Espinoza no filme de 2005 (Foto: Divulgação Patagonik)

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Fabián Bielinsky era um dos mais promissores cineastas argentinos. Muitos espectadores ao redor do mundo tiveram contato com o rosto de Ricardo Darín pela primeira vez no filme de estreia de Bielinsky, o engenhoso e bem-humorado Nove Rainhas (2000), que depois seria refeito nos Estados Unidos com o nome 171.

Em 2005, o diretor e roteirista lançou seu segundo trabalho, o ainda mais impressionante A Aura, também protagonizado por Darín, e que agora pode ser visto gratuitamente na plataforma de streaming SESC Digital, além de constar no catálogo da HBO Max. No ano seguinte, Bielinsky sofreu um ataque cardíaco fulminante enquanto dormia num hotel em São Paulo, no meio de uma viagem para escolher atores para uma publicidade. Ele tinha 47 anos.

A história trágica deveria ter aumentado o interesse por A Aura, uma das melhores produções da fase de ouro do cinema dos nossos vizinhos, que começou na virada do século e dura até hoje. Mas a verdade é que o filme ficou meio esquecido, sem o prestígio que merecia ter alcançado, com seu registro bem mais sombrio do que o de Nove Rainhas e outros predicados que o antecessor não tinha.

Taxidermista epilético

Agora que A Aura está completando 20 anos talvez seja o momento ideal para mergulhar em sua narrativa e confirmar que se trata mesmo de um filmaço. Darín faz o compenetrado Esteban Espinosa, um tipo que se dedica à taxidermia, mas possui sonhos que vão muito além do quartinho onde recupera animais mortos. Seu senso de observação é tão aguçado que ele se julga capaz de roubar um banco ou de realizar algo tão extraordinário quanto, que o faria mudar de vida, além de comprovar seu talento para memorizar tudo que passa em sua frente.

O único senão é que o taxidermista sofre de epilepsia. A qualquer momento, sem qualquer motivo, ele pode sofrer um ataque, capaz de leva-lo ao chão e apaga-lo por alguns instantes. Instado a explicar o que sente durante as convulsões, Espinosa dá a definição mais profunda e poética sobre o tema já registrada num longa-metragem. A cena na qual ele descreve a condição se passa na Patagônia, durante uma expedição para caçar cervos, que ele topa ir para fazer companhia a um amigo e também para esquecer que a esposa acaba de abandona-lo.

Os dois únicos filmes de Fabián Bielinsky contam com Ricardo Darín como protagonistaOs dois únicos filmes de Fabián Bielinsky contam com Ricardo Darín no elenco (Foto: Divulgação Patagonik)

Lá, nas montanhas do sul argentino, cai no colo do taxidermista a oportunidade de participar de um crime milionário, em que ele finalmente poderia testar seus dons de observador e memorizador. Mas claro que a questão epilética poderá ser um fator de extrema complicação. Quem assiste a A Aura fica na tensão de descobrir como será o desempenho de Espinosa na oportunidade de sua vida.

O que nunca saberemos é como teria sido o desempenho de Bielinsky após dois grandes filmes. Teria ele produzido outros suspenses eletrizantes nessas duas décadas? Feito carreira nos EUA? Concorrido ou até ganhado um Oscar? Um infarto agudo do miocárdio abreviou o que anunciava ser uma exitosa carreira.

  • A Aura
  • 2005
  • 138 minutos
  • Indicado para maiores de 14 anos
  • Disponível na HBO Max e SESC Digital (gratuito)

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