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Françoise Bettencourt Meyers, Liliane Bettencourt e François-Marie Banier em pôster da série
Françoise Bettencourt Meyers, Liliane Bettencourt e François-Marie Banier em pôster da série| Foto: Netflix/Divulgação

Uma fortuna, traição, amor, brigas familiares e corrupção. A união desses itens seria um prato cheio para a criação de um drama complexo nos cinemas, mas é apenas uma parte da história real de Liliane Bettencourt, herdeira da empresa de cosméticos francesa L’Oréal. Ela morreu em 2017, aos 94 anos, deixando uma fortuna de aproximadamente 30 bilhões de euros, e está tendo sua trajetória revivida agora, como a personagem central de uma série da Netflix.

A Bilionária, o Mordomo e o Namorado, lançada em novembro na plataforma de streaming, apresenta em três episódios tudo que se precisa saber sobre um dos maiores escândalos na história moderna da França. Em formato documental, com entrevistas e encenações baseadas em áudios reais, a produção apresenta já em seu primeiro capítulo quem é cada um dos personagens que batizam a série.

A bilionária, Liliane, é uma mulher que foi casada por 60 anos com a mesma pessoa, o político André Bettencourt, mas que se sentia infeliz, independentemente da riqueza e do relacionamento longevo. Com depoimentos de pessoas próximas, como uma amiga de sua filha, Françoise Bettencourt Meyers, o espectador descobre que ela sentia que sua vida era vazia, até conhecer o tal do “namorado” do título.

Esse personagem é François-Marie Banier, fotógrafo de celebridades como Johnny Depp e Salvador Dalí. Os dois se conheceram em 1987 e viraram “amigos” inseparáveis. Ambos apareciam juntos em eventos, o que gerou suspeitas de um affair. É por isso que ele acaba identificado como o namorado, mesmo que a série esclareça que Banier é homossexual

A relação esquisita dos dois foi escancarada pela filha quando, em 2007, após a morte do Sr. Bettencourt, ela descobriu que sua mãe havia presenteado o fotógrafo com obras de arte e dinheiro, totalizando algo em torno de um bilhão de euros. Se a coisa já não bastasse como um enorme alerta, uma contadora de Liliane alertou Françoise de que o “amigo” chegou a pedir que ele fosse adotado legalmente pela bilionária, assim tornando-o herdeiro legítimo da fortuna.

Mas como tudo isso veio a público? Bom, é aqui que entra o mordomo, Pascal Bonnefoy. Próximo da filha de Liliane, que lutou na justiça para assumir a fortuna da mãe, ele suspeitava dos interesses de Banier e decidiu plantar escutas por toda a mansão da bilionária para entender melhor como eram as principais transações na rotina da ricaça.

Sobrou até para Sarkozy  

O caso ganhou grande relevância na França, pois, além de parar nos tabloides, acabou ligado ao então presidente do país, Nicolas Sarkozy. Com o vazamento dos áudios gravados no escritório de Liliane, foi descoberto que ela havia doado um valor em espécie para Eric Woerth, tesoureiro da campanha de Sarkozy, que mais tarde foi nomeado para o posto de Ministro do Trabalho.

Como resultado, em 2013, Sarkozy foi acusado de se aproveitar da senilidade da herdeira da L’Oréal para financiar sua campanha presidencial de 2007. As acusações caíram no mesmo ano, com a Justiça alegando falta de provas, mas a produção da Netflix resgata áudios do mordomo que ainda geram dúvidas sobre o caráter do ex-presidente francês.

Sim, o caso Bettencourt é bastante local, mas a forma como é contado e apresentado em A Bilionária, o Mordomo e o Namorado faz com que tudo seja bastante interessante para quem é fã de produções sobre tramoias e corrupção. Se você assistiu a Succession, talvez encontre aqui uma história tão farta quanto a da família Roy. Além disso, a minissérie oferece uma reflexão sobre como uma fortuna desse tamanho é capaz de mover montanhas e corromper pessoas próximas – é bom tomar cuidado, Elon Musk!

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