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Ator consagrado, Clint Eastwood também se tornou um dos diretores mais celebrados do século XXI ao produzir filmes que instigam dilemas morais capazes de atormentar qualquer um. É o caso de A Mula, obra dirigida e protagonizada pelo americano. A produção foi lançada em 2018 e entrou para o catálogo da Netflix neste mês.
O enredo baseado em uma história real, gira em torno do personagem interpretado por Eastwood, chamado Earl Stone. Ele é um horticultor, veterano do exército, que enfrenta sérios problemas financeiros e familiares. Até que surge uma proposta inesperada que pode mudar sua vida: transportar cocaína para um cartel de drogas mexicano.
Stone topa e rapidamente se torna o transportador ideal. Quem desconfiaria de um senhor de mais de 90 anos, discreto, com honras no serviço militar e respeitador das leis de trânsito? Ninguém. O sucesso das empreitadas com o tráfico, entretanto, faz aumentar o risco das entregas de drogas cada vez maiores.
O filme retrata um dilema moral. Sem alternativas, já no fim da vida, é justificável cometer um crime para recuperar a autoestima, o sustento e reconquistar a família? Os fins justificam os meios? Para realizar seu trabalho, Stone não precisa envolver-se diretamente com a violência, mas alia-se a um grupo perigoso do crime organizado.
A proposta que Stone decidiu aceitar dá resultados pessoais imediatos. Com o grande dinheiro que obtém, o protagonista compra uma nova camionete, salda seus problemas financeiros e ainda consegue bancar o casamento e a educação de sua neta. Carregar drogas de lá para cá, daí a expressão “a mula” do título, proporciona uma nova fase.
O filme vai crescendo em drama e suspense. Uma força-tarefa do DEA, a polícia anti-drogas dos Estados Unidos, está na cola do cartel. Ao mesmo tempo, Stone vai ficando mais próximo dos traficantes. Os atores Bradley Cooper, Michael Peña e Laurence Fishburne interpretam os agentes da lei que investigam toda a operação.
Inspirado em fatos
O caso real veio à tona a partir de uma reportagem do The New York Times, escrita pelo jornalista Sam Dolnick. Leo Sharp, 87 anos, acabou preso por Jeff Moore, investigador do DEA. O idoso estava transportando drogas para o Cartel de Sinaloa, organização sanguinária baseada na cidade de Culiacán, próxima do Golfo da Califórnia.
Veterano da Segunda Guerra Mundial, Sharp ganhou até um apelido carinhoso dos traficantes, chamado de El Tata, algo como “O Vovô”, numa tradução livre do espanhol. À época, o americano de Indiana foi considerado a “mula” mais velha do mundo. O caminhão que dirigia levava 104 quilos de cocaína, carga estimada em US$ 3 milhões.
Desde o lançamento de A Mula, Clint Eastwood já produziu outros quatro filmes. Também em 2018, chegou aos cinemas 15h17 - Trem para Paris, já em 2020 foi a vez de O Caso Richard Jewell, em 2021 veio Cry Macho - O Caminho para a Redenção, obra em que também atuou, e por último, em 2024, Jurado Nº 2.
Aos 95 anos, Eastwood iniciou a carreira no cinema em 1955. Desde então, já participou de mais de 60 filmes, seja como ator ou diretor. Clint acabou marcado, especialmente, pela Trilogia dos Dólares, no papel do O Homem Sem Nome na série de faroestes dirigidos por Sérgio Leone nos anos 60. Já na década de 70, protagonizou filmes policiais como Dirty Harry.
Em maio, Clint Eastwood revelou ao jornal austríaco Kurier ter planos para dirigir um novo filme. O projeto já estaria em pré-produção. Entretanto, não há maiores detalhes sobre a trama ou as participações de atores.
- A Mula
- 2018
- 113 minutos
- Indicado para maiores de 16 anos
- Disponível na Netflix e para locação na Amazon, Google Play e YouTube
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