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Animação “As Aventuras Escolhidas” leva “The Chosen” para o público infantil

Em "As Aventuras Escolhidas", Jesus interage com as crianças Joshua e Abby
No desenho do Prime Video, Jesus interage com as crianças Joshua e Abby (Foto: Divulgação Prime Video)

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A série The Chosen: Os Escolhidos, com uma abordagem mais humanizada da narrativa da vida de Jesus de Nazaré e seus discípulos, conquistou milhões de espectadores ao redor do mundo, tornando-se um fenômeno cultural para além do nicho cristão. Agora, a proposta se expande para o público infantil com As Aventuras Escolhidas (The Chosen Adventures), um desenho animado criado pela mesma produtora, a 5&2 Studios, em parceria com a Amazon Studios, disponível no Prime Vídeo.

As Aventuras Escolhidas não é apenas um spin-off, mas uma adaptação da essência de The Chosen para o universo infantil. A fórmula narrativa se mantém fiel aos princípios da série original, explorando as interações humanas com Jesus, com este dando lições de fé, compaixão e superação.

Em vez de um drama serializado, a animação apresenta episódios curtos, com cerca de 11 minutos de duração, focados em histórias quase independentes entre si. Os protagonistas de As Aventuras Escolhidas são crianças: a menina Abby, de 9 anos, e seu amigo Joshua, que vivem em Cafarnaum por volta do ano 30 d.C., sempre acompanhados de um carneiro e uma pomba, interagindo com Jesus e alguns de seus discípulos.

Um ponto de forte conexão com a série original é a participação dos atores de The Chosen na dublagem dos personagens animados, como Jonathan Roumie (Jesus) e Elizabeth Tabish (Maria Madalena). Ambas as produções compartilham o objetivo de humanizar Jesus, tornando-o mais próximos do espectador. No desenho, essa humanização é feita pelo olhar de crianças, que observam, questionam o tempo todo e aprendem com Jesus.

A principal distinção entre as obras reside no seu público-alvo e, consequentemente, na complexidade narrativa. Enquanto The Chosen explora as nuances psicológicas em um drama mais profundo e com múltiplos arcos, a animação simplifica as histórias, focando na lição moral e espiritual de cada evento.

Milagres como fábulas

Essa humanização de Jesus não está isenta de críticas. As mesmas que costumam ser feitas ao seriado original se aplicam também à animação. Segundo essa crítica, haveria uma redução cristológica na abordagem de Jesus feita pelas obras, nas quais a divindade intrínseca de Jesus, ou seja, sua natureza como Filho de Deus e sua singularidade como Messias e Salvador, acabaria sendo atenuada ou mesmo obscurecida.

Ou seja, ao focar predominantemente no Jesus que ri, brinca e se relaciona em um nível puramente humano, as obras correriam o risco de apresentar uma imagem incompleta do Cristo de fé, aquele que é plenamente Deus e plenamente homem. Para as crianças, isso pode significar que Jesus seja percebido apenas como um grande líder religioso ou um amigo imaginário.

A voz de Jesus na animação é de Jonathan Roumie, que faz o mesmo papel em "The Chosen"A voz de Jesus na animação é de Jonathan Roumie, que faz o mesmo papel na série original (Foto: Divulgação Prime Video)

Por exemplo, as histórias de milagres são frequentemente contextualizadas de forma a extrair lições morais claras: Jesus cura porque é bom, porque se importa, porque ensina a amar o próximo. No entanto, biblicamente, os milagres de Jesus são mais do que isso. São sinais (σημεῖα) da chegada do Reino de Deus, manifestações do poder divino irrompendo na história humana e comprovações da identidade messiânica de Jesus.

Se os milagres forem interpretados apenas como fábulas com uma lição de moral, perde-se a dimensão sobrenatural e teofânica da fé cristã. O risco é que a fé seja vista como um mero conjunto de boas condutas (moralismo), em vez de uma resposta a um Deus vivo e atuante que transcende a lógica e opera o extraordinário (misticismo cristão e sobrenatural).

Série não é compêndio doutrinal

A crítica, porém, padece de um anacronismo: ignora que as narrativas são construídas da perspectiva humana de quem convivia com Jesus antes da sua Paixão. São histórias que acompanham a progressividade da revelação de Jesus como filho de Deus e o Messias Salvador.

Ou seja, nesta etapa da revelação, nem os discípulos compreendiam o que acontecia. Basta lembrar o diálogo de Jesus e Pedro na cena do lava-pés, antes da Páscoa, com Jesus dizendo: “Você não compreende agora o que estou fazendo; mais tarde, porém, entenderá.” (Jo 13:7)

Portanto, as séries retratam o caminho bíblico do desvelamento do Mistério. É sobre o encontro, o assombro, o maravilhamento nas pessoas que conhecem Jesus. O “sinal” teológico está sugerido no maravilhamento do carneiro na primeira aparição de Jesus no desenho animado e sua autoridade se revela mansamente, quando Abby o reconhece como seu professor.

Ou seja, é um erro julgar as séries como se fossem um compêndio doutrinal. Estão mais para um preâmbulo narrativo aos Evangelhos. Com mediação dos pais e continuidade formativa (leitura da Bíblia, catequese, liturgia), a progressão natural levará à vivência completa do milagre pascal, o qual, aliás, ainda está por ser retratado nos seriados.

Boa ferramenta para pais cristãos

Apesar das críticas teológicas, a recepção tem sido majoritariamente positiva pelo público. As Aventuras Escolhidas chegou a ocupar o segundo lugar entre os programas mais assistidos do Prime Vídeo. Comunidades online e grupos de pais frequentemente recomendam o desenho como uma opção de entretenimento seguro e edificante.

Além disso, o formato de episódios curtos e histórias diretas tem sido especialmente elogiado por famílias com crianças no espectro autista, que se beneficiam da estrutura e do ritmo da narrativa.

Em sites de avaliadores e agregadores de notas, como o Rotten Tomatoes, The Chosen chega a ter impressionantes 97% de aprovação do público. Já As Aventuras Escolhidas ainda não reuniu notas suficientes naquele site, mas em outros, como o IMDB, tem boa aceitação geral.

A animação é, portanto, um esforço deliberado de estender a pedagogia narrativa de The Chosen a uma nova geração, respeitando a progressividade com que a própria Bíblia revela o mistério de Jesus. Para pais cristãos preocupados com a formação do imaginário infantil, a série oferece uma ferramenta valiosa para iniciar os filhos na leitura das Escrituras, servindo como porta de entrada sem ser um substituto delas. Funciona muito bem para despertar a curiosidade sobre o texto sagrado que, se bem conduzida pela família, certamente ajudará a florescer em fé madura e consciente.

  • As Aventuras Escolhidas
  • 2025
  • 14 episódios
  • Classificação indicativa livre
  • Disponível no Prime Video

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