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A triste história do animal que está sendo dizimado pela China comunista

Kulu, o pangolim, e seu caminhar exótico: documentário da Netflix mostra sua jornada até voltar à natureza
Kulu, o pangolim, e seu caminhar exótico: documentário da Netflix mostra sua jornada até voltar à natureza (Foto: Divulgação/Netflix)

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Os pangolins são uma das primeiras espécies de mamíferos conhecidas, com pelo menos 80 milhões de anos. Mas eles, que foram contemporâneos de tiranossauros e tricerátops, podem ser extintos graças a outra espécie mamífera, que circula no planeta há pouco mais de 300 mil anos: o Homo sapiens.  

Por culpa da ineficaz medicina tradicional chinesa (a ideia de que ela equivale à medicina de base científica é uma invenção da Revolução Comunista de 1949), milhares de pangolins são mortos anualmente.  

Chineses acreditam que as escamas desses animais são afrodisíacas, e sua carne é apreciada como iguaria na cozinha asiática. A carne do pangolim (a manipulação nas cozinhas poderia infectar humanos) chegou a ser cogitada como fonte da Covid-19, mas testes genéticos mostraram pouca semelhança entre o vírus do bicho e o que provocou a pandemia. 

Cada vez mais raros na Ásia, onde pelo menos três espécies de pangolins estão em risco de extinção, os traficantes de animais se voltaram para o continente africano. E é na África do Sul que vive o carismático protagonista do documentário Pangolim, a Viagem de Kulu, disponível na Netflix.

Kulu foi resgatado das mãos de traficantes em Joanesburgo ainda quando era um bebê, e enviado para uma reserva para a vida selvagem. Pangolins são aparentados biologicamente a guaxinins e ursos, embora se alimentem, assim como os tamanduás, de formigas e cupins. Com suas garras incrivelmente fortes, são capazes de destruir cupinzeiros (quem conhece um cupinzeiro sabe como são resistentes) em busca de alimento, e podem comer até 200 mil formigas e cupins por dia.  

Ao chegar na reserva, Kulu fica aos cuidados do cuidador voluntário Gareth Thomas, um ex-jogador de pôquer que enfrentou momentos bem difíceis na vida. Kulu não pode simplesmente ser devolvido à natureza, ele precisa ganhar peso para sobreviver sozinho na floresta. E não adianta trazer milhares de formigas de bandeja para o pangolim — ele precisa encontrar os insetos por si mesmo.  

Por isso, todo dia é Gareth que age como pai de Kulu, acompanhando-o mata adentro, em jornadas que duram horas, para que ele possa explorar o ambiente e achar formigas e cupins, e se desesperando quando o bicho some de vista.  

Dirigido por Pipa Erlich, que venceu o Oscar de Melhor Documentário em Longa-metragem de 2021 pelo ótimo Professor Polvo, outro documentário que explora a conexão entre um humano e um animal, A Viagem de Kulu emociona ao retratar o envolvimento de Gareth com o pangolim, até que o animal possa sobreviver sozinho na floresta. A cena de despedida é tocante.

De bônus, o espectador vai se deliciar com as cenas do pangolim em seu exótico modo de caminhar: ele anda arqueado sob as patas traseiras, com as patas dianteiras juntas, como se estivesse com muita pressa. Só nos resta torcer para que os simpáticos pangolins não sejam mais uma vítima do comunismo chinês, que pouco ou nada faz para combater o tráfico do animal.   

  • Pangolim, a Viagem de Kulu 
  • 2025 
  • 88 minutos
  • Indicado para maiores de 10 anos 
  • Disponível na Netflix 

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