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A minissérie Dia Zero, estrelada por Robert De Niro, está em quinto lugar no ranking das produções mais assistidas da Netflix. Além da presença do consagrado ator, que estreia sua primeira série de TV, a produção conquista a audiência com um roteiro envolvente, que mistura investigação policial e temas políticos, despertando reflexões sobre o impacto da tecnologia na sociedade contemporânea.
A trama se desenrola a partir de um ataque cibernético devastador que paralisa os Estados Unidos. O dia do “cyber atack” é chamado de “Dia Zero”, dando nome à série. Em meio ao caos, o ex-presidente dos EUA, George Mullen (Robert De Niro), é convocado para identificar os responsáveis pelo incidente, que atingiu sistemas de transporte e hospitais, resultando em milhares de mortes.
Conforme avança na investigação, Mullen adota posturas cada vez mais autoritárias na intenção de identificar os culpados e os métodos usados no ataque. Enquanto enfrenta críticas, desinformação e lida com suspeitas sobre sua própria sanidade, ele passa a questionar o que é real e o que pode ser fruto de alucinação. Existe ainda a possibilidade de que tenha sido vítima de uma arma neurológica capaz de causar confusão mental temporária.
Autoritarismo, senilidade e armas biológicas
O enredo desafia a confiança do público naquilo que se vê e ouve. Fotos e vídeos já não são provas definitivas, pois podem ser facilmente manipulados digitalmente. A atmosfera de incerteza paira sobre todos os personagens. Com um roteiro que mescla ação e intriga, a produção provoca reflexões sobre o equilíbrio entre segurança nacional e liberdades individuais, remetendo o espectador aos excessos exercidos por autoridades políticas durante a pandemia da Covid-19.
Outro aspecto relevante da série é a presença de influenciadores digitais que descredibilizam a política tradicional, destacando o impacto das redes sociais no cenário político. A trama questiona até que ponto a opinião pública pode influenciar decisões de Estado e como a disseminação de informações manipuladas interfere na democracia.
Além disso, a produção ilustra a fragilidade das relações humanas em meio à instabilidade social e política. O protagonista, interpretado por De Niro, e sua filha, a congressista Alexandra Mullen (Lizzy Caplan), adicionam uma camada mais profunda à narrativa, explorando o nível de envolvimento profissional que uma pessoa pública consegue suportar ao se deparar com problemas pessoais envolvidos.
Distopia sobre um ataque cibernético
Tecnicamente, Dia Zero se destaca pela direção envolvente e pelo desempenho do elenco. A fotografia escura e os tons frios reforçam a atmosfera de incerteza, enquanto a trilha sonora intensifica a sensação de tensão. A narrativa remete a produções clássicas do gênero, com momentos de ação bem dosados e uma construção cuidadosa dos personagens. O roteiro, apesar de algumas reviravoltas questionáveis, mantém o espectador intrigado do início ao fim, em um drama sobre vulnerabilidade digital e a fragilidade humana diante de conflitos de interesse.

Especialistas em cibersegurança apontam que, embora a série exagere em alguns aspectos técnicos, ela acerta ao alertar sobre os perigos reais dos ataques digitais. A complexidade das ameaças virtuais e a dificuldade de rastrear os responsáveis são retratadas de forma convincente, trazendo um senso de urgência ao tema. Questões sobre inteligência artificial e sua evolução para ameaças ainda mais sofisticadas também são exploradas, levantando discussões sobre o futuro da tecnologia.
Todos os seis episódios de Dia Zero já estão disponíveis na Netflix. Apesar de algumas liberdades criativas, a série se destaca por sua capacidade de provocar reflexões sobre o mundo digital, o papel do Estado em momentos de crise e os desafios tecnológicos da era da informação. Mais do que entreter, a produção desperta inquietações sobre o futuro da democracia e da segurança global.
- Dia Zero
- 2025
- Seis episódios
- Indicado para maiores de 16 anos
- Disponível na Netflix
Conteúdo editado por: Jones Rossi






