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Comovente e inspirador, o filme Batalhão 6888 retrata uma história pouco conhecida: a do primeiro batalhão feminino negro enviado à Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Com destaque elogioso ao figurino elegante e modesto das moças, a obra nos transporta para a dura realidade dos que sofreram as mazelas da Grande Guerra, sob uma perspectiva feminina. São muitos os momentos emocionantes do longa-metragem, que joga luz na dedicação de mulheres reais que buscavam ajudar o próprio país na guerra e, ao mesmo tempo, provar para os superiores militares que elas também eram competentes e capazes de resolver tarefas complexas.
Disponível na Netflix, o longa foi indicado ao Oscar 2025 na categoria de Melhor Canção Original com a música The Journey. Apesar do favoritismo de El Mal, da trilha de Emilia Pérez, a música composta por Diane Warren (já indicada 16 vezes ao prêmio) tem chance de ganhar. A produção é dirigida e roteirizada por Tyler Perry, e conta com um elenco competente – incluindo Kerry Washington, Susan Sarandon, Dean Norris e a famosa Oprah Winfrey, cuja personagem aparece em um contexto aparentemente anacrônico – conversando com o presidente americano da época e intercedendo pelo batalhão de mulheres negras. Essa passagem não é muito convincente, diga-se.
Apelidado de "Seis Triplo Oito", o 6888º Batalhão do Diretório Postal Central era composto por 855 mulheres negras, entre alistadas e oficiais. Sua missão essencial era organizar e entregar mais de 17 milhões de correspondências paradas em diversos hangares da base militar de Birmingham. A falta de comunicação entre os militares no front e suas famílias intensificava o sofrimento e a angústia da guerra. Diante desse cenário, o lema do batalhão era claro: "Sem correio, moral baixo".
O filme explora a hesitação dos comandantes em confiar a tarefa a um grupo de mulheres negras, que só foi enviado à Europa após pressão de representantes da raça dentro da própria instituição militar – a personagem da Oprah Winfrey tem esse papel. O 6888º Batalhão enfrentou desafios diários, lidando com aproximadamente 65 mil encomendas por turno. Além disso, sofreu os horrores da Segunda Guerra: antes mesmo de chegar ao Reino Unido, o grupo foi atacado no mar e precisou fugir do porto de Glasgow, na Escócia, sob intenso bombardeio. O batalhão enfrentou baixas e, apesar de seu papel fundamental, não recebeu sequer o devido respeito fúnebre esperado.
A atuação de Kerry Washington como Major Charity Adams é um dos grandes destaques. Como líder do batalhão, suas palavras de incentivo às mulheres desacreditadas e inexperientes ressoam como um exemplo primoroso de conselho para aqueles que se consideram vítimas de todas as minorias existentes.
Reconhecimento tardio
Antes de retornar aos Estados Unidos, as mulheres do Batalhão 6888 ainda passaram pelo front francês. Seus feitos, no entanto, demoraram a ser reconhecidos pelo governo americano. Quando elas retornaram para casa, os Estados Unidos ainda viviam sob as leis Jim Crow, que impunham a segregação racial no sul dos Estados Unidos. As normas estiveram vigentes até 1964, negligenciando a todos os negros o devido reconhecimento pela participação na guerra.
Com o passar dos anos, o impacto do batalhão começou a ser devidamente reconhecido. Em 2018, um monumento em homenagem ao 6888º foi erguido no Kansas, e uma agência dos correios em Buffalo, Nova York, recebeu o nome de Indiana Hunt-Martin, uma das integrantes do pelotão. Em 2021, o Congresso americano concedeu ao batalhão a Medalha de Ouro do Congresso, uma das maiores honrarias do país.
Batalhão 6888 não é apenas uma obra cinematográfica; é um tributo emocionante a um capítulo muitas vezes esquecido da história da Segunda Guerra Mundial.
- Batalhão 6888
- 2024
- 129 minutos
- Indicado para maiores de 14 anos
- Disponível na Netflix
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