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Em “Maestro”, o ator Bradley Cooper utiliza uma prótese para aumentar seu nariz
Em “Maestro”, o ator Bradley Cooper utiliza uma prótese para aumentar seu nariz| Foto: Netflix/Reprodução

E lá vamos nós. Fica difícil saber se esse assunto realmente deixou cinéfilos ultrajados ou (o que acho mais provável) se é apenas um tópico de intenso, porém passageiro, interesse para cerca de sete pessoas no Twitter: Bradley Cooper está sendo cancelado por supostamente realizar uma ofensa cultural.

O trailer de Maestro – filme com boas chances de indicações ao Oscar que conta a história de Leonard Bernstein e está previsto para estrear no catálogo da Netflix em 20 de dezembro – foi lançado recentemente e não apenas revelou que o ator responsável por interpretar o lendário condutor de orquestras não é judeu (o que já era sabido), mas também que ele usou um nariz protético para o papel. Esse tipo de controvérsia já se tornou um drama próprio e, assim como em outros casos, é pura besteira.

Primeiramente, o que vale é a intenção.  Como disse um porta-voz da Liga Anti-Difamação ao jornal Washington Post: “Ao longo da história, os judeus foram frequentemente retratados em filmes e propaganda antissemitas como caricaturas malignas com narizes grandes e aduncos. Este filme, que é uma cinebiografia do lendário maestro Leonard Bernstein, não é isso.”

Os herdeiros do condutor também concordam que essa é uma tentativa vazia de criar polêmica. Eles disseram em uma declaração: “Acontece que é verdade que Leonard Bernstein tinha um belo e enorme nariz. Bradley optou por usar maquiagem para amplificar sua semelhança, e estamos perfeitamente tranquilos com isso. Também temos certeza de que nosso pai também teria aceitado isso.”

Exagero a ser ignorado 

Mas há outra camada neste retrocesso: a ideia generalizada de que apenas um representante de uma determinada etnia pode contar as histórias que lhe dizem respeito, seja dirigindo, escrevendo, atuando, cozinhando, etc. O movimento Stop Antisemitism já criticava que Cooper, “um não judeu”, estava interpretando Bernstein, antes mesmo de condenar seu “nojento” nariz falso. Este também foi um tema abordado por alguns usuários do Twitter mencionados acima.

Em uma edição da National Review do ano passado, um artigo de Sebastian Junger falou sobre o cancelamento do documentário Jihad Rehab e explicou o poder exercido por fanáticos que insistem no princípio da “autoria artística”:

“O princípio da “autoria artística” ou “inclusão”, como é conhecido, insiste que os cineastas partilhem a identidade étnica e cultural dos seus sujeitos. De acordo com estes padrões, os estrangeiros não só são incapazes de compreender as experiências dos outros, como nem sequer têm o direito de tentar; fazer o contrário seria tirar a oportunidade de, por exemplo, uma pessoa negra mais qualificada.”

Mas nesse caso é simplesmente uma proteção exagerada. A Netflix deveria ignorar esta polêmica.

© 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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