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O candidato a presidente argentino entrou na política em 2021
O candidato a presidente argentino entrou na política em 2021| Foto: Divulgação Brasil Paralelo

No próximo domingo, os argentinos vão decidir se um candidato libertário será eleito presidente do país em primeiro turno. As chances de isso acontecer, levando-se em conta a média das pesquisas de intenção de voto, de fato existem. Mas Javier Milei ainda é mais conhecido no Brasil por bravatas e conversas fiadas, tipo a de que ele tomaria decisões psicografando seu falecido cão, do que pela batalha cultural que travou no país vizinho nos últimos anos. Por isso mesmo que é salutar que a Brasil Paralelo tenha legendado e dublado em português o documentário Javier Milei – A Revolução Liberal e o disponibilizado tanto em seu serviço de streaming quanto em seu canal no YouTube.

O filme de Santiago Oría, cineasta que acompanha o economista em sua campanha, já constava em redes que apoiam o candidato (caso do canal El Peluca Milei, com mais de 1 milhão de inscritos no YouTube), mas só havia sido visto no Brasil pelos poucos abnegados que verdadeiramente mergulharam no tema da sucessão presidencial argentina. E o material, apesar de só trazer relatos de pessoas próximas, sem o contraditório, tem sua importância por resumir o que foi a trajetória recente do azarão, com bastante foco na campanha que o elegeu deputado dois anos atrás.

Até 2021, Milei era apenas uma figura midiática, que levava conceitos do liberalismo econômico para os programas de debate que o convidavam. Como mostra o documentário, a entrada para a arena política foi bastante ponderada e virou uma briga de foice quando tomou forma. Outros partidos tentaram boicotar a agremiação formada pelo economista e a imprensa tradicional ignorou o crescente movimento até onde foi possível. Mas a tática de se aproximar do povo caminhando pelos bairros pobres e de adotar peças publicitárias sem firulas, só com o candidato olhando para a câmera, deu resultado e fez Milei chegar ao Congresso argentino com votação expressiva. Partidos rivais passaram a fazer propaganda nos mesmos moldes e a explorar a palavra “liberdade” nos discursos, pois notaram que aquilo pegava bem com o eleitorado.

Um equivalente nacional: não temos

É nessa caminhada que o espectador brasileiro sente uma certa inveja. Além de ser um outsider de verdade, alguém que só montou partido e entrou para a política há dois anos, Milei não defende o “mileiísmo” ou qualquer pataquada personalista que o valha. O que ele sempre promoveu foi o que chama de “liberalismo libertário”, trazendo para o debate público conceitos filosóficos e econômicos que existem há mais de século. O filme registra palestras ao ar livre que eram verdadeiras aulas magnas sobre o tema, reunindo pessoas comuns que saíam dos encontros felizes por terem aprendido mais sobre economia com o “profe” Milei. Alguns até faziam anotações em bloquinhos enquanto o ouviam.

O brasileiro sequer se recorda do último presidenciável vindo do mundo acadêmico que agitou a massa com conteúdo de verdade, não com promessas vazias e ataques baixos. Milei sempre entendeu que estava no meio de uma batalha cultural e precisava conquistar os corações e as mentes dos jovens cansados de empulhações socialistas e de uma oposição fracote, que quando esteve no poder não promoveu a ruptura aguardada.

Seu carisma é exaltado por quem participa do documentário, entre eles está sua irmã Karina, a “jefe” (chefe), um dos poucos seres humanos que fazem Milei chorar. Na última quarta-feira, enquanto a Brasil Paralelo fazia a primeira exibição do doc no YouTube, os irmãos vibravam abraçados diante de 15 mil pessoas na Moviestar Arena, em Buenos Aires, num ato que marcou o fim da campanha presidencial da coalizão La Libertad Avanza. A imagem dos Milei no palco, ladeados por meia dúzia de correligionários, ao som de Se Viene, da banda Bersuit Vergarabat, ilustrava que o sonho liberal, inicialmente sonhado por tão poucos, está próximo de virar realidade no país vizinho. Como ele será implantado, aí são outros quinhentos (dólares, não pesos).

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