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Cena do documentário romeno de 2015 que agora está no catálogo da Brasil Paralelo
Cena do documentário romeno de 2015 que agora está no catálogo da Brasil Paralelo| Foto: Divulgação

Novidade no serviço de streaming da Brasil Paralelo, Chuck Norris Vs. Comunismo é um documentário que roda festivais e impressiona plateias conservadoras e liberais desde 2015. Há inclusive um canal de YouTube que oferta o filme na íntegra e legendado em português há dois anos. Trata-se de um trabalho assinado por Ilinca Calugareanu que revela como o cinema americano, consumido de forma clandestina, ajudou um povo dominado pelo jugo do comunismo a se divertir e também a desejar uma vida melhor, o que de fato ocorreu com o fim dos anos liderados por Nicolae Ceausescu.

O relato é centrado na década de 80, período em que a TV estatal romena tratava de esconder dos cidadãos todas as inovações que ocorriam no “mundo capitalista”. Filmes estrangeiros com mensagens consumistas, com fartura de comida ou com mensagens religiosas eram terminantemente proibidos pelo governo comuna. Só que havia o videocassete – e alguns romenos conseguiam contrabandear aparelhos da Alemanha. Com o auxílio de um alto funcionário da máquina estatal que não seguia as regras, fitas de sucessos como Rambo, De Volta para o Futuro, Purple Rain e, claro, os indefectíveis trabalhos do ator Chuck Norris começaram a circular em cópias piratas de VHS, descortinando uma realidade que o romeno comum não imaginava que existisse.

A circulação das fitas se dava da maneira mais caseira possível. Quem tinha videocassete cobrava ingresso para que os vizinhos tivessem acesso ao conteúdo. De fundamental importância nesse circuito foi a tradutora Irina Nistor, que dublava absolutamente todas as vozes dos personagens, com atrasos de milésimos de segundos após cada diálogo ser proferido (e, por conta própria, ela diminuía o peso de algumas expressões chulas originais). Por muitos anos, a geração que se encantou pelo cinema nessas sessões clandestinas em Bucareste e outras cidades do país se ressentia da voz de Irina traduzindo filmes de cabo a rabo quando seu trabalho não era mais necessário.

Com depoimentos de espectadores da época e cenas que reconstituem o que eram essas exibições de guerrilha, Chuck Norris Vs. Comunismo defende a tese de que essas informações que chegavam de Hollywood via VHS contribuíram para que os romenos se rebelassem na década seguinte e rechaçassem a carestia do comunismo de uma vez por todas. É como se o cinema tivesse ensinado aquele povo a sonhar, um direito que esse tipo de regime sempre tenta sequestrar das pessoas.

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