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Minissérie da Netflix

“Cilada” investiga crimes envolvendo adolescentes abusadas na bela Bariloche

Matías Recalt, Alberto Ammann, Soledad Villamil, Juan Minujín e Carmela Rivero estão em "Cilada"
Matías Recalt, Alberto Ammann, Soledad Villamil, Juan Minujín e Carmela Rivero estão na minissérie "Cilada" (Foto: Divulgação Netflix)

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Quem poderia imaginar que, depois do sucesso estrondoso de Adolescência, o hit seguinte da Netflix seria mais uma minissérie em que pais são surpreendidos com os comportamentos de seus filhos na puberdade? Cilada não é apenas isso, mas tem esse elemento, o que reforça que o descompasso entre progenitores e suas crias nos tempos digitais em que vivemos é um dos assuntos mais em voga. E, antes que role alguma confusão: essa Cilada nada tem a ver com a sitcom que Bruno Mazzeo começou a fazer em 2005 e está prestes a ganhar uma temporada de retorno. Essa é argentina, originalmente batizada de Atrapados (encurralados seria a tradução literal), inspirada no romance Caught, do americano Harlan Coben.

Estrelada por Soledad Villamil, de O Segredos dos Seus Olhos, e com participações importantes de Juan Minujín (Matrimilhas) e Matías Recalt (A Sociedade da Neve), a série é um thriller em seis episódios passado em San Carlos de Bariloche, norte da Patagônia, com alguns trechos rodados em Buenos Aires. O foco é em Ema Garay (Soledad) jornalista especializada em crimes que está particularmente interessada num caso de um homem mais velho que marca encontros com menores pela internet para cometer abusos. Mais ágil do que a polícia, ela arma um flagrante e descobre que Leo Mercer seria o tal abusador. Problema um: o cara coordena um programa para ajudar jovens carentes e é defendido com unhas e dentes por quem o conhece. Problema dois: pouco antes do flagra, Ema se envolve sexualmente com Mercer.

Cilada segue apresentando cenários que vão deixando a trama mais complexa. A adolescente Martina some do mapa após ser vista numa festa organizada pelo filho da jornalista, Bruno. O desaparecimento mobiliza boa parte de Bariloche, incluindo o melhor amigo de Mercer, Marcos Brown, e logo uma das famílias mais abastadas da cidade acaba sendo tragada para o enredo, os Brigel. Martina, aparentemente uma estudante convencional, com paixão por música erudita (peças de Vivaldi sonorizam muitas das cenas), vende conteúdo soft porn num desses aplicativos da moda e seu cliente mais empolgado pertence a essa nobre família local.

Curte um Coben?

Apesar dos vários fios soltos, tudo é amarrado sem que o espectador fique confuso por muito tempo. Os mistérios de Harlan Coben têm essa característica de serem envolventes, porém sem grandes arroubos artísticos, o que já se mostrou uma fórmula de sucesso dentro do ambiente Netflix. Tanto que, em 2018, o serviço de streaming fechou um contrato multimilionário com o autor para adaptar 14 de suas obras. Cilada é a décima-primeira de uma lista que já conta com os grandes êxitos Safe, Não Fale com Estranhos, Fique Comigo, A Grande Ilusão e Que Falta Você Me Faz. São sempre seis ou oito capítulos em que um caso é apresentado e desvendado sem alienar a audiência média, que só quer um bom divertimento do gênero.

Cilada tem o diferencial de ser filmada na bela Bariloche, e sem envolver turistas, só com os moradores locais. Com paisagens belíssimas da província de Rio Negro, junto à cordilheira dos Andes, mas ainda com o verde que caracteriza o início da região patagônica, a minissérie explora muito bem as características de uma cidade pequena, em que quase todo mundo se conhece, a polícia é inoperante e todos temem retaliações das três ou quatro famílias que mandam no lugar. Só quem não tem medo de nada é a intrépida Ema Garay, que tem seus momentos de heroína, mas também comete muitas falhas, seja em suas investigações, seja em seu lar.

A jornalista investigativa Ema Garay, vivida pela atriz Soledad VillamilA jornalista investigativa Ema Garay, vivida por Soledad Villamil (Foto: Divulgação Netflix)

Numa comparação com Adolescência, é como se Ema Garay fosse o detetive da série inglesa, mergulhada em seu trabalho e negligenciando os cuidados com o próprio filho, que pode fornecer dicas preciosas para que ela elucide seu maior caso. Já o equivalente à família principal de Adolescência seria a da jovem desaparecida Martina, que não faz ideia de que a filha usa o computador para vender conteúdo erótico na internet. Mas o impacto de ambas as minisséries não merece ser comparado. Cilada é apenas um produto bem costurado destinado a um público ávido por desvendar casos criminais. Não vai deixar o mundo boquiaberto como a tragédia envolvendo o pestinha Jamie Miller.

  • Cilada
  • 2025
  • 6 episódios
  • Indicado para maiores de 16 anos
  • Disponível na Netflix

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