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No quesito comédia, o catálogo do Prime Video não é dos mais fartos. Aliás, nenhum serviço de streaming se destaca no gênero. Mas, cavoucando bem, consegue-se para achar ali boas opções para dar risadas num fim de semana qualquer.
Talvez a maior carência da plataforma da Amazon seja no terreno de comédias clássicas. Ainda assim, o Prime recentemente incluiu em sua seleção filmes da franquia A Pantera Cor-de-rosa. Se você se diverte com o Inspetor Clouseau de Peter Sellers, com o charme vigarista de David Niven e com a primorosa trilha de Henry Mancini, essa é uma boa notícia.
Já quem prefere rir de coisa nova pode aproveitar a assinatura para ver Anora, grande ganhador do último Oscar. O filme de Sean Baker vai muito além da comédia, com sua premissa de conto-de-fadas e algumas passagens “soco no estômago”, como a cena final. Mas é inegável que há muito para dar risada no roteiro, especialmente quando os capangas russos e armênios entram em ação e a história ganha ares tarantinescos. Por sinal, Era uma Vez... Em Hollywood, filme de Quentin Tarantino onde Mikey Madison apareceu e chamou a atenção de Sean Baker para protagonizar Anora também está no streaming da Amazon.
A seguir, em ordem cronológica, cinco comédias bem distintas entre si que estão no Prime – e que podem sair do catálogo a qualquer momento, como é praxe no streaming.
Máfia no Divã (1999)
Essa comédia levinha escrita e dirigida por Harold Ramis (Os Caça-Fantasmas, Feitiço do Tempo) foi um furacão nos cinemas, rendendo até uma continuação três anos depois. Robert De Niro, que faz um mafioso em crise, nunca tinha estreado com uma bilheteria tão alta e aumentou sua presença em filmes cômicos depois desse. Ele contracena com Billy Crystal, que faz o terapeuta acionado para aplacar os ataques de pânico do temido criminoso. Os dois levam a história com ajuda de Lisa Kudrow, a Phoebe, do seriado Friends, na pele da namorada do analista. Uma participação luxuosa do cantor Tony Bennett (1926-2023) amplifica o apelo do filme, especialmente para quem gosta de ver gente com ascendência italiana fazendo “italianices” na tela.
South Park: Maior, Melhor e sem Cortes (1999)
O primeiro longa-metragem com os personagens criados por Matt Stone e Trey Parker chegou até a ser indicado ao Oscar em 2000 na categoria Canção Original. Pena que a hilária Blame Canada perdeu para a açucarada You’ll Be in my Heart, que Phil Collins fez para Tarzan. Mesmo assim, a animação entrou para a história como uma das mais desbocadas e provocativas de todos os tempos. Stan, Kyle, Cartman e Kenny tentam impedir uma guerra entre Estados Unidos e Canadá e a execução de seus personagens favoritos, os peidorreiros Terrance e Phillip. Caso eles não tenham êxito, Saddam Hussein e Satanás emergirão do inferno para dominar o planeta. Bill Gates e Mahatma Gandhi são alguns dos figurões esculachados sem dó pelo desenho, que obviamente não é recomendado para menores nem para quem tem problemas com palavrões e obscenidades.

Encontros e Desencontros (2003)
O segundo trabalho de Sofia Coppola não fica de fora das listas de melhores filmes deste século e o motivo é óbvio. Trata-se de um clássico moderno. Encontros e Desencontros é sobre a aproximação de uma jovem estudante de filosofia vivida por Scarlett Johansson com um veterano ator encarnado com muita graça por Bill Murray, que é estrela de comerciais de uísque no Japão. Enquanto as afinidades entre os entediados solitários afloram, o espectador é brindado com diversas piadas envolvendo nipônicos – desde a exagerada cordialidade até a baixa estatura, passando pelo amor por karaokês e a dificuldade de pronunciar certas palavras da língua inglesa. Um filme extremamente “cancelável” em 2025, e que por isso mesmo está ainda mais saboroso de ser assistido.
Tudo Pode Dar Certo (2009)
Esse é um daqueles exemplos de título em português que arruína o sentido original por completo. Woody Allen batizou o filme com a expressão “whatever works”, que seria algo na linha “como for melhor” ou “o que funcionar para você”. Mas os jegues daqui e de Portugal transformaram o único encontro do lendário cineasta com o não menos mítico Larry David (da série Segura a Onda, boa tradução para Curb Your Enthusiasm) em Tudo Pode Dar Certo. OK, whatever works... Na história, um ranzinza chamado Boris, anteriormente um gênio da física e no presente um nada ambicioso professor de xadrez para crianças, tem a vida sacudida por uma jovem interiorana que foge para Manhattan. Quando seus pais descobrem seu paradeiro, suas vidas também são afetadas – e bota afetadas nisso! – pela modernidade de Nova York. Donald Trump, que já tinha feito uma ponta em Celebridades (1998), volta a render piada num filme de Woody Allen, mas na versão estátua de museu de cera.
Que Horas Eu Te Pego? (2023)
A comédia adolescente dirigida por Gene Stupnitsky é toda centrada em Jennifer Lawrence. Ela vive Maddie, uma bartender e uberista trintona cheia de dívidas que aceita um trabalho inusitado: namorar um menino tímido que está prestes a ir para a faculdade. A missão contratada pelos pais do garoto redunda em lições de vida e até no nascimento de um sentimento real entre o “casal”. Mas, até isso acontecer, quem assiste é premiado com muitas cenas gozadas, com a atriz consagrada encarando até um nu frontal para fazer graça. O melhor momento se dá quando a personagem de Jennifer adentra uma festa colegial. A geração mais nova só quer saber de TikTok e de denunciar bullying nas redes sociais em vez de curtir a balada para valer. Maddie acaba ofendendo uns fedelhos com uma piada que “na sua época” ninguém acharia homofóbica. Mas lidar com novinhos tem dessas coisas nos dias atuais.
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