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Já em sua segunda semana de exibição nos cinemas brasileiros, Coração de Lutador: The Smashing Machine tem gerado um sentimento estranho entre os fãs do ator protagonista Dwayne Johnson. O filme vai mal de bilheteria em todos os territórios, algo incomum na carreira repleta de blockbusters do astro mais conhecido como The Rock. A situação é tão incomum que o próprio artista fez uma manifestação em suas redes sociais dizendo não ter controle sobre o número de ingressos vendidos, mas mostrando zero arrependimento de ter embarcado na empreitada.
Isso porque sua interpretação do lutador de MMA Mark Kerr está sendo bastante especulada para concorrer ao Oscar, algo inédito na trajetória de The Rock. Ele fez um movimento artístico consciente de trabalhar com o diretor e roteirista Benny Safdie, cujo longa-metragem anterior (dividido com o irmão Josh Safdie) foi o excelente Joias Brutas, também responsável por elevar o nível de atuação de Adam Sandler – mas que não rendeu prêmios, diga-se.
Coração de Lutador: The Smashing Machine fotografa Mark Kerr no auge do sucesso, entre 1997 e 2000. Após vencer o Ultimate Fighting duas vezes, o atleta passa a competir nos torneios Pride, que pagam mais dinheiro. Só que Kerr é viciado em analgésicos e precisa enfrentar a reabilitação, enquanto tenta sustentar um relacionamento complicado com sua namorada Dawn, vivida pela atriz Emily Blunt.
A jornada do herói foi aplaudida pela maioria dos veículos conservadores que cobrem cinema. Ainda que com uma ressalva aqui e outra ali, Movieguide, Common Sense Media e Aceprensa recomendaram a obra para os seus leitores. A seguir, trechos das resenhas publicadas.
Movieguide
Coração de Lutador: The Smashing Machine é um drama esportivo soberbo. Dwayne Johnson entrega uma atuação fantástica como Mark Kerr e Emily Blunt está magnífica como sua namorada volátil. Mark descobre que há coisas mais importantes do que vencer, e que entre elas estão a amizade e o carinho por aqueles que você ama. A verdadeira felicidade vem de coisas assim.
Dito isso, o filme tem bastante linguagem chula e alguma violência extrema. Outro porém: o relacionamento entre Mark e sua namorada chega a um ponto perturbador, mas o amor termina vencendo. Portanto, o Movieguide recomenda cautela para quem deseja assistir ao filme em família.
Common Sense Media
Johnson oferece uma atuação dramática memorável, em um papel que parece ter nascido para interpretar. Safdie optou por elevar a história de um atleta de elite notável, mas pouco conhecido (fora dos fãs de MMA, pelo menos). Assim como o documentário homônimo de 2002, o filme biográfico oferece um olhar envolvente sobre um campeão forjado como um super-herói, tão confiante em suas habilidades que não sabe como encarar a derrota, muito menos lidar com uma perda real ou admitir que tem um vício.
Mas não se trata de um filme biográfico típico de azarão do esporte, nem uma história estilo “we are the champions”. Por isso, alguns espectadores podem se decepcionar com o terceiro ato e o final, que se distanciam dos finais inspiradores geralmente associados a filmes de esporte. Ainda assim, Coração de Lutador: The Smashing Machine triunfa como uma homenagem a um atleta pioneiro, que Safdie claramente acredita merecer maior reconhecimento.

Amigos de longa data, The Rock e Emily Blunt compartilham uma química natural que torna seu relacionamento volátil visceral. Kerr é retratado como sendo tão doentiamente codependente de Dawn quanto de analgésicos. No fim das contas, como um veículo para mostrar a amplitude dramática de Johnson – e sua extraordinária presença física –, o filme se destaca. O ritmo às vezes fica lento, e os personagens coadjuvantes são muito menos desenvolvidos do que poderiam ser, mas as atuações fortes e as sequências de luta autênticas fazem com que a experiência valha a pena.
Aceprensa
O filme apresenta um roteiro equilibrado que reflete o contraste entre os momentos de glória nos anos 90 – quando Kerr era uma besta, uma autêntica “máquina de bater” – e suas situações mais íntimas e dolorosas: a dependência química, as alterações emocionais e uma relação amorosa bem próxima, mas difícil, na qual tantas vezes ele sente incompreensão, apesar de receber apoio de Dawn.
O que mais sobressai é a interpretação de Johnson, que surpreende por sua vulnerabilidade e veracidade, junto com a direção de arte que recria com precisão a atmosfera dos Estados Unidos dos anos 90. Igualmente destacada é a estética dos ringues de luta, o design de vestiário e a criação de um clima nostálgico reforçado por canções como My Way e melodias de jazz que acompanham as cenas de combate, subjugando com força os momentos mais tensos.
No entanto, o filme brilha porque Safdie escolhe enfatizar não o brilhantismo de Kerr como um lutador imbatível entre 1997 e 2000, mas sim sua vulnerabilidade, suas feridas mais profundas e sua luta constante para seguir em frente em um mundo onde a solidão, escondida atrás da fama e da pressão, espreita mesmo quando o oposto poderia ser esperado.
- Coração de Lutador: The Smashing Machine
- 2025
- 123 minutos
- Indicado para maiores de 16 anos
- Em cartaz nos cinemas
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