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Omar J. Dorsey, Chuck Lorre e Charlie Sheen durante as gravações de “Bookie”
Omar J. Dorsey, Chuck Lorre e Charlie Sheen durante as gravações de “Bookie”| Foto: HBO/Divulgação

“Onde está aquele idiota?”, é o que diz o personagem Danny, um cobrador de apostas ilegais, quando quer descobrir o paradeiro do ator Charlie Sheen. Essa é uma das cenas mais emblemáticas de Bookie, a nova série do HBO Max realizada por Chuck Lorre, o roteirista de produções como Two and a Half Men, O Método Kominsky e Big Bang Theory. O momento não é somente importante para entendermos qual é a relação do bookmaker com seus clientes, mas também por marcar o reencontro entre Sheen e Lorre.

Para quem não se lembra, Sheen, astro de Two and a Half Men, teve problemas sérios com drogas durante as gravações do seriado, chegando a esquecer falas e criar momentos de tensão no set de filmagem. A coisa piorou quando Sheen, após uma temporada na reabilitação, passou a criticar publicamente Lorre. Ele chegou a afirmar que transformava as “latas de lixo” do roteirista em “ouro puro”. Não tardou muito para que o criador do seriado decidisse matar o personagem de Sheen, jogando uma pá de cal na parceria de sucesso, em 2011.

De lá para cá, o ator se embrenhou em outras polêmicas. Em uma entrevista, claramente alterado, afirmou que tinha “sangue de tigre” – algo que virou piada no segundo episódio de Bookie. Também revelou ter contraído HIV por suas “festanças” que culminaram no fim de seu contrato em Two and a Half Men, que lhe rendia 1,8 milhão de dólares por episódio.

Sua carreira parecia arruinada, mas o ator ficou sóbrio e agora cava um retorno como ele próprio no novo seriado. O espectador encontra Sheen comandando um jogo de pôquer em um rehab,  vangloriando-se de que está próximo de conseguir um assento dentre os jurados do programa de calouros Japan's Got Talent – se você já assistiu ao filme Encontros e Desencontrosdeve se lembrar de que a ida de um astro americano para o Japão significa, na verdade, o seu fundo do poço. Mas o importante é que Bookie consegue ser divertido mesmo para quem não conhecia essa polêmica.

Zoeira com a Califórnia 

O roteiro do seriado acompanha como Danny, interpretado por Sebastian Maniscalco, luta para manter o seu negócio funcionando quando as apostas esportivas estão prestes a ser legalizadas no estado da Califórnia. Para isso, ele conta com o apoio de Ray (vivido por Omar J. Dorsey), um ex-jogador da NFL que atua como seu guarda-costas.

A série se baseia principalmente nas andanças desses dois enquanto vão cobrar as dívidas. Suas personalidades diferentes rendem boas risadas. Por exemplo: vemos Ray questionando Danny se eles realmente precisam ouvir a música What a Fool Believes, do The Doobie Brothers, enquanto se preparam para uma cobrança. Os desentendimentos vão se tornando cada vez mais comuns e rendem situações bastante estressantes para ambos.

Com muitas das piadas voltadas ao público adulto, Bookie tem uma boa porção de sua comédia proveniente de uma sátira do estilo de vida californiano. O estado é considerado um dos mais liberais dos Estados Unidos, tendo legalizado o uso recreativo da maconha em 2016. Por causa disso, o seriado ganha algumas cenas bastante gráficas, que podem deixar desconfortáveis aqueles que não entenderem de imediato que Bookie está zoando esse contexto. Os personagens principais também estão longe de serem exemplos para quem assiste, algo reconhecido pelo criador da produção.

“Gosto muito da ideia de fazer um programa sobre pessoas que trabalham fora dos limites da sociedade”, disse Lorre, em entrevista recente ao jornal Los Angeles Times. “O corroteirista Nick Bakay e eu entrevistamos muitos corretores de apostas, o que foi realmente inspirador porque são personagens maravilhosos com histórias maravilhosas.”

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