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Em 1984, o cineasta Robert Zemeckis e seu parceiro criativo, o roteirista Bob Gale, estavam quase desistindo de oferecer aos estúdios uma história que haviam criado quatro anos antes, sobre um rapaz que entra numa máquina do tempo para modificar o passado de sua família. Gale teve a ideia durante uma visita aos pais, quando achou um velho álbum de fotos escolares do pai e se perguntou se ele e o pai teriam sido amigos caso estivessem na mesma classe.
Zemeckis e Gale desenvolveram o roteiro e levaram o projeto a vários estúdios. Foram recusados nada menos do que 40 vezes. No início dos anos 1980, as comédias que faziam sucesso eram marcadas pelo erotismo ou por um humor mais adulto, como Porky’s, Clube dos Cafajestes, Um Tira da Pesada e Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu!, e nenhum estúdio se interessou pela história, que era muito mais “inocente” do que a desses filmes.
Para piorar, Zemeckis e Gale não eram nomes conhecidos. O primeiro só havia dirigido dois filmes baratos, Febre de Juventude (1978) e Carros Usados (1980), ambos escritos por Gale. O projeto passou por quase duas dezenas de estúdios e produtoras, mas ninguém queria arriscar grana nele.
A sorte da dupla começou a mudar quando Zemeckis foi contratado pelo ator e produtor Michael Douglas para dirigir Tudo por uma Esmeralda, um filme de aventuras escrito por uma garçonete chamada Diane Thomas, que nunca havia feito um filme (e não faria mais nenhum, já que, infelizmente, morreria num acidente de carro em 1985). Zemeckis não estava muito empolgado com o projeto, mas o filme acabou se tornando um inesperado e imenso sucesso de bilheteria, a sexta maior arrecadação de um filme no mundo em 1984.
O sucesso de Tudo por uma Esmeralda mudou o status de Robert Zemeckis em Hollywood, e ele finalmente conseguiu uma produtora, a Amblin, de propriedade de seu amigo e mentor, Steven Spielberg, para fazer De Volta para o Futuro.
Protagonista demitido
Para o papel principal do filme, o do adolescente Marty McFly, Zemeckis queria o ator Michael J. Fox, que fazia grande sucesso na TV com a série Caras e Caretas. Só que Fox não estava disponível, e o papel acabou com Eric Stoltz, um excelente ator que havia acabado de ser indicado ao Globo de Ouro por sua atuação em Marcas do Destino, de Peter Bogdanovich, em que fazia um menino com um severo caso de displasia que tinha o rosto inteiramente deformado.
Por cinco a sete semanas – as informações variam de acordo com a fonte – Zemeckis rodou De Volta para o Futuro com Eric Stoltz no papel de Marty McFly, mas as coisas não andavam como o diretor imaginava. Zemeckis continuava achando que Fox era o ator perfeito para o papel. Isso prejudicou as gravações, e o diretor tomou uma decisão radical: iria despedir Stoltz e fazer de tudo para trazer Fox, mesmo que isso atrasasse as filmagens e custasse um bom dinheiro.

Com Michael J. Fox finalmente a bordo, Zemeckis refilmou todas as cenas que já havia feito com Stoltz, ao custo de cerca de quatro milhões de dólares (cerca de 20% do valor total do filme). Mas, assim que as primeiras sessões prévias com plateias foram realizadas, todo mundo esqueceu esse custo extra, porque os resultados de pesquisas com o público foram extraordinários.
Quando De Volta para o Futuro estreou, em 4 de julho de 1985, tornou-se o filme mais rentável do ano, à frente de pesos-pesados como Rambo 2, Rocky 4, A Cor Púrpura e Entre Dois Amores. Num desfecho que só pode ter dado muita satisfação a Robert Zemeckis, De Volta para o Futuro arrecadou quatro vezes mais do que Cocoon, um filme que Zemeckis havia sido contratado para dirigir, mas do qual fora demitido após a Fox ver uma prévia de Tudo por uma Esmeralda. Depois de De Volta para o Futuro, Zemeckis virou um dos cineastas mais populares do mundo, fazendo megahits como Uma Cilada para Roger Rabbit, Forrest Gump e Náufrago.
- De Volta para o Futuro
- 1985
- 113 minutos
- Indicado para maiores de 12 anos
- Disponível no Globoplay, Telecine e Claro Video, e para locação no Google Play, Amazon e Apple TV





