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Elio tem onze anos, uma imaginação sem limites e uma certeza inabalável: não estamos sozinhos no universo. Incompreendido pelo ambiente que o cerca, seu maior desejo é um dia ser abduzido por alienígenas, pois acredita que nada o fará mais feliz. Desde o dia 17 deste mês, o filme que passou pelos cinemas está disponível na plataforma de streaming Disney+.
A Pixar mais uma vez faz o que sabe fazer de melhor: abordar temas profundos com naturalidade e uma abordagem aparentemente direta, mas que, na verdade, é avassaladora. Elio gira em torno de identidade e pertencimento, do desejo de ser reconhecido e aceito, e também aborda – com toques cativantes – a importância da família, da amizade e do papel insubstituível dos pais. Basta pensar em uma cena-chave do filme em que a reação de um pai malvado diante do filho tem impacto devastador.
O projeto foi iniciado por Adrián Molina (um dos roteiristas de Viva – A Vida É uma Festa, ao lado de Lee Unkrick), mas acabou nas mãos de Madeline Sharafian (do curta-metragem Burrow) e Domee Shi (diretora de Red: Crescer É uma Fera e do curta-metragem vencedor do Oscar Bao), que codirigem com o próprio Molina. O resultado, como costuma acontecer com filmes que trocam de diretor no meio da produção, é um quebra-cabeça um tanto desconexo.
Original, sensível e inteligente
A estrutura narrativa lembra Up: Altas Aventuras e WALL-E, com personagens principais bem desenvolvidos. No entanto, os personagens secundários são um tanto confusos, e a história geral não consegue atingir a emoção ou a profundidade das animações já citadas. Visualmente, Elio herda a espetacularidade técnica de Lightyear, e o enredo ecoa a profundidade de Interestelar. Não faltam referências cinematográficas a filmes dos anos 1980, de Contatos Imediatos do Terceiro Grau à série de filmes de terror Alien, sempre temperadas com um humor terno e envolvente.
Em suma, Elio é uma obra original, sensível e inteligente, algo bem-vindo em uma programação cinematográfica cada vez mais saturada de sequências, franquias e fórmulas repetitivas. Tem charme e um trabalho impecável. Mas não ousa romper com o molde ou explorar novos caminhos, como Viva – A Vida É uma Festa, Divertida Mente ou Soul fizeram em sua época.

E, embora ofereça momentos emocionantes e visuais brilhantes, Elio não alcança aquele "clique" que transforma um bom filme em um clássico. Está mais próximo de obras menores do estúdio – como Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica ou Elemental – do que dos inesquecíveis Os Incríveis ou Ratatouille, para citar dois títulos bem diferentes. Da Pixar a gente sempre pede mais. É o que se espera de um estúdio que produziu onze preciosidades consecutivas que marcaram a história da animação.
© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
- Elio
- 2025
- 98 minutos
- Classificação indicativa livre
- Disponível no Disney+
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