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O astro do rock britânico Roger Waters | Reprodução
O astro do rock britânico Roger Waters| Foto: Reprodução

O astro do rock britânico Roger Waters levou ao palco da Arena Fonte Nova, em Salvador, 12 crianças em situação de vulnerabilidades social do Projeto Axé para se apresentarem durante The Wall parte 2.

Vestidos como presidiários americanos, de macacão laranja, com capuzes pretos na cabeça, as crianças vestiam uma camisa com o escrito "resist".

Logo em seguida, o público presente no show desta quarta-feira (17), emendou um estrondoso "Ele não" — grito que endossou atos de rua contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

Roger Waters apresentou as crianças do projeto e saiu para um intervalo. "São crianças excelentes, daqui mesmo de Salvador. Vamos fazer um intervalo e voltar com a resistência", disse.

Durante o intervalo, o telão exibiu a mensagem para resistir a Mark Zuckerberg. "Resista ao antissemitismo de Israel".

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Ao contrário da polarização demonstrada nos shows anteriores pelo Brasil, Rogers Waters se sentiu em casa para manifestar-se politicamente na Bahia, onde o petista Fernando Haddad ganhou em 411 dos 417 municípios, com 60% dos votos.

Waters tornou a exibir no telão a frase "ponto de vista censurado", retribuído pelo público com o coro "ele não".

Depois de o telão exibir a frase "resista a volta da tortura, resista a forças policiais militarizadas", seguiu-se novamente o coro de "ele não"

Mas um grupo de cerca de cinco pessoas ensaiou rebater com gritos de "mito", "ele sim", que foram rapidamente cessados.

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Um casal que estava no grupo, ao ser questionado pela reportagem da Folha sobre o comparecimento ao espetáculo, mesmo ciente do posicionamento político de Roger Waters, respondeu que "foi pela música".

A mulher, que não quis se identificar, se referiu aos partidários do "ele não" como "comunistas de shopping center" e criticou Roger Waters.

"Pra ele, que mora fora, é fácil vir falar ele não. Ele que venha morar aqui pra ver", disse.

"Aqui no Nordeste, nós estamos sintonizados com o que é o certo a fazer, sobretudo no que diz respeito aos direitos humanos. Nossa cultura é da paz", cravou.

Outra que comunga com as ideais de Waters, a bióloga Adriana Bispo, 43 anos, avaliou que o momento não é de divisão.

"O Brasil já tem mortes demais. Precisamos estar sintonizados com a preservação do bem maior, que é a vida. Não precisamos de mais violência".

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Apesar das manifestações , as divergências políticas não se impuseram ante o clima de simbiose entre público e artistas, sobretudo durante as baladas "Wish you were here", "Us and them" e "Great gig in the sky "

O tom mais ácido da passagem de Waters pela capital baiana teve passagens pontuais, com música do mais recente disco solo e sucessos como The Wall, "Welcome to the machine", "Money", "Pigs".

Roger apareceu no palco com as mãos amarradas por uma corda que descia do teto, enquanto o telão exibia pessoas sob tortura.

Durante a exibição de Eclipse, a produção de Waters levou ao público uma pirâmides de luzes, acompanhada com as cores que representam o movimento LGBT.

Moa do Katendê 

Waters fez uma homenagem a mestre Moa do Katendê, assassinado no último dia 7, por discordar de um eleitor de Bolsonaro.

"Ele foi morto por causa das ideias que ele acreditava, de paz, de amor. Perdemos um enorme talento".

"O futuro do Brasil deve ser construído com base na filosofia de vida dele, não dos agressores. Mesmo que não acredite nos direitos humanos, você deve defendê-los para todos os povos, não só no Brasil. Independentemente da cor da pele. Nós somos incolores".

A homenagem ao mestre Moa provocou de gritos de "ele não", mas também ouvia-se em menor amplitude gritos de reprovação por partidários de Bolsonaro.

Sem direito a bis, Waters encerrou a apresentação ao som anestesiante de "Comfortably numb".

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