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Uma queda de neve tóxica surpreende a cidade de Buenos Aires, que em poucos minutos se transforma em um cemitério vivo. Os poucos sobreviventes tentam se conectar uns com os outros e enfrentar essa invasão alienígena. Essa é a premissa de O Eternauta, minissérie argentina da Netflix que faz sucesso no mundo todo.
Depois de mais de duas décadas de tramas apocalípticas pipocando no cinema e na televisão, O Eternauta surge com vários destaques originais. Para começar, os sobreviventes não são mais americanos, mas argentinos. A primeira edição da história em quadrinhos na qual a série da Netflix se baseia tem quase 70 anos, e seu autor é um dos desaparecidos durante a ditadura argentina.
Desde a bem-sucedida estreia como gibi, em 1957, O Eternauta teve várias sequências de sucesso internacional, que duraram até 2016, muitos anos após a morte de seu criador, em 1977. Durante esse período, houve várias tentativas de adaptação para o cinema lideradas por cineastas argentinos, como Lucrecia Martel e Adolfo Aristarain, que não conseguiram levar o projeto adiante devido à falta de orçamento e alguns desentendimentos com a família do autor.
O produto da Netflix começou a ser desenvolvido em 2020, com o veterano Bruno Stagnaro (Um Galo para Esculápio, Okupas) dirigindo e escrevendo o roteiro. Ele convenceu Ricardo Darín a interpretar o papel principal, apesar do ator já ter completado 68 anos. A diferença de idade em relação ao personagem original é bem explicada e utilizada no desenvolvimento dramático de uma ficção científica que é melhor produzida e atuada do que escrita. Embora a história tenha algumas reviravoltas originais que ajudam a série a crescer no meio da temporada, nota-se uma lentidão narrativa aqui e ali, decorrente do grande número de personagens e do enredo convencional de conflito de sobrevivência.
A recriação da cidade de Buenos Aires (totalmente desolada) é excelente, com efeitos especiais altamente realistas. Da mesma forma, O Eternauta tem a capacidade de combinar o respeito pelo romance original com alguns conflitos mais atuais e universais relacionados a famílias disfuncionais, polarização e crenças religiosas “à la carte”. Se a isso somamos um grupo de atores latinos sensacionais, como o uruguaio César Troncoso (Uma Noite de 12 Anos) e os argentinos Marcelo Subiotto (Puan), Ariel Staltari (Quase Morta) e Carla Peterson (Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual), a ficção acaba sendo uma produção notável, cujo sucesso ao redor do mundo é bastante lógico.
© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
- O Eternauta
- 2025
- 6 episódios
- Indicado para maiores de 16 anos
- Disponível na Netflix





