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O Filho de Sam

Série da Netflix mergulha na mente doentia de assassino que apavorou Nova York

Filho de Sam
Em três episódios, série sobre o Filho de Sam mostra também uma Nova York degradada. (Foto: Divulgação/Netflix)

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Conversando com um Serial Killer: O Filho de Sam, incluída no catálogo da Netflix em julho, é mais do que uma série documental sobre um dos assassinos mais notórios da história dos Estados Unidos. Dividida em três episódios de cerca de uma hora, a produção revela a mente perturbada de David Berkowitz e reconstrói o ambiente sombrio da cidade de Nova York na segunda metade dos anos 1970.

A série, dirigida por Josha Zeman, tem como base gravações inéditas em áudio de entrevistas com Berkowitz, feitas pelo jornalista investigativo Maury Terry. Imagens de arquivo, relatos de vítimas sobreviventes, depoimentos de policiais e jornalistas da época costuram a narrativa de um crime que abalou profundamente a cidade. O documentário oferece ao público não só os detalhes de uma investigação complexa, mas também uma leitura crítica sobre medo coletivo, histeria midiática e os abismos da mente humana. 

Ao longo dos três capítulos — Cidade do Medo, Perambulando e Ninguém Está a Salvo — a produção percorre as fases mais intensas da caçada ao assassino, desde o caos inicial até a escalada de terror e o sentimento de impotência generalizada. O grande destaque são os relatos do próprio Berkowitz: memórias da infância marcada pela adoção, traumas emocionais profundos e as justificativas paranoicas para os ataques. Tudo é exposto com crueza, sem dramatização excessiva, revelando um criminoso articulado, mas dominado por delírios. 

O Filho de SamDavid Berkowitz, o Filho de Sam, é preso em Nova York em 1977. (Foto: EFE)

O contexto histórico é essencial para entender a dimensão do medo provocado pelos crimes. Nova York, nos anos 1970, vivia uma crise sem precedentes. A cidade enfrentava altos índices de violência, crise fiscal, greves constantes e apagões — uma combinação explosiva que criou o cenário ideal para o surgimento do Filho de Sam, apelido que Berkowitz adotou em cartas provocativas enviadas aos jornais. 

Entre 1976 e 1977, Berkowitz assassinou seis pessoas e feriu outras sete, usando sempre um revólver calibre .44. O padrão dos ataques parecia aleatório, o que alimentava a paranoia generalizada. Qualquer pessoa que estivesse nas ruas à noite, especialmente mulheres jovens de cabelos escuros, poderia ser a próxima vítima. O medo se espalhou, alterando o comportamento dos nova-iorquinos e transformando o cotidiano da metrópole. 

Outro ponto alto da série é a crítica ao papel da imprensa. Na ânsia por manchetes exclusivas, os tabloides nova-iorquinos disputavam atenção a qualquer custo e contribuíram para construir uma figura quase mitológica em torno de Berkowitz. A cada nova edição, o clima de terror urbano era amplificado, gerando um ciclo de medo e fama mórbida. O documentário não ignora essa dinâmica e propõe uma reflexão sobre os limites éticos da cobertura jornalística em casos extremos. 

A série Conversando com um Serial Killer: O Filho de Sam também pode ser inserida em um fenômeno maior: o sucesso contínuo do gênero true crime nas plataformas de streaming. Obras sobre crimes reais se tornaram um dos filões mais populares do entretenimento digital, misturando suspense, curiosidade psicológica e a promessa de revelar “verdades ocultas” sobre crimes emblemáticos. O documentário da Netflix, em vez de apenas narrar os eventos, explica o contexto em que os ataques aconteceram: a cidade em colapso, a cultura de medo, a influência da mídia e a obsessão do público.

  • Conversando com um Serial Killer: O Filho de Sam
  • 2025 
  • 3 episódios 
  • Indicado para maiores de 14 anos
  • Netflix 

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