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Às vésperas do Dia dos Pais, data a ser comemorada neste 10 de agosto, apresentamos dez filmes disponíveis nas principais plataformas de streaming no Brasil que exploram a figura paterna sob diversas perspectivas. São filmes para o Dia dos Pais que emocionam, provocam e ajudam a entender a profundidade dos laços entre pais e filhos.
Obras que mostram o pai que luta contra a pobreza para garantir o futuro do filho, o que precisa lidar com a própria fragilidade emocional, passando por histórias de reconexão familiar, superação, perdas e aprendizados.
A lista abaixo, que segue em ordem cronológica, foi formada com indicações anteriores já publicadas pela Gazeta do Povo e mais novas sugestões de filmes para o Dia dos Pais. Aproveite!
Ladrões de Bicicleta (1948)
Clássico do neorrealismo italiano, inaugurou um tipo de cinema humanista que usa uma realidade histórica dura e atribulada para contar dramas pessoais comoventes. De Sica narra magistralmente alguns dias na vida de Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani), pai de uma família pobre na Roma do pós-Segunda Guerra, que busca a bicicleta que lhe foi furtada e que precisa recuperar para trabalhar colando cartazes nos muros da cidade. Acompanhado do filho Bruno (o carismático Enzo Staiola), Antonio varre Roma em busca da bicicleta, e nessa jornada se conecta emocionalmente com o menino. As cenas de pai e filho andando pela cidade em busca da bicicleta são das mais emocionantes da história do cinema. Uma obra-prima que influenciou incontáveis cineastas, como o britânico Ken Loach e os iranianos Abbas Kiarostami e Asghar Farhadi, uma boa pedida de filme para o Dia dos Pais. (André Barcinski)
Onde assistir: Prime Video, Belas Artes à La Carte e Oldflix.
Arizona Nunca Mais (1987)
Segundo filme dirigido, escrito e produzido pelos irmãos Joel e Ethan Coen (o primeiro foi o neo noir sanguinolento Gosto de Sangue, de 1984), Arizona Nunca Mais é uma comédia surrealista e bizarra que revelou ao mundo a estética muito peculiar dos Coen. Nicholas Cage e Holly Hunter fazem um casal bastante atípico – ele um bandido, preso tantas vezes por ela, uma oficial da polícia, que os dois acabam se apaixonando e casando – e que não consegue ter filhos. No estranho mundo dos Irmãos Coen, a solução desse problema é simples: basta sequestrar um dos cinco bebês recém-nascidos de um milionário do ramo dos móveis domésticos, o que provoca uma caçada aos pais sequestradores. Sob essa trama rocambolesca, os Coen revelam uma tocante história sobre o amor aos filhos e as alegrias da paternidade e da maternidade. (André Barcinski)
Onde assistir: Disney+.

À Procura da Felicidade (2006)
O longa dirigido por Gabriele Muccino e estrelado por Will Smith acompanha a jornada de um homem que, após perder o emprego e ser abandonado pela esposa, precisa cuidar sozinho do filho pequeno enquanto enfrenta as dificuldades impostas pela situação financeira. O drama se estrutura sobre o vínculo entre Chris e o filho, vivido por Jaden Smith, filho do ator também na vida real. A paternidade, neste caso, é sinônimo de resiliência. O filme evita a vitimização e trabalha com um realismo emocional que torna cada conquista uma vitória genuína. Ao mostrar Chris passando noites em abrigos, banheiros públicos ou correndo de entrevista em entrevista com o filho nos braços, À Procura da Felicidade constrói um retrato comovente do que significa amar incondicionalmente em um mundo repleto de desafios, excelente pedida de filme para o Dia dos Pais. (André Pugliesi)
Onde assistir: disponível para locação no Prime Video e Apple TV.
Os Descendentes (2011)
O diretor e roteirista Alexander Payne já tinha realizado a obra-prima Sideways – Entre Umas e Outras quando ressurgiu com Os Descendentes, ambientado no Havaí. Esse cacife possibilitou ter George Clooney como ator principal do novo filme, e com ele provar uma vez mais sua habilidade de contar histórias que ficam entre o drama mais terno e a comédia. Clooney vive um pai muito dedicado ao trabalho que precisa se organizar para cuidar das duas filhas após a esposa sofrer um acidente de lancha. Com ela em coma, descobre que estava sendo traído e empreende uma caçada para encontrar o responsável pelo “chifre”. Teria o “Ricardão” direito a se despedir da mulher antes do fatal desligamento de aparelhos? Somente um pai de família muito ponderado e de moral elevada seria capaz de chegar a esse questionamento. (José Flávio Júnior)
Onde assistir: Disney+.
Nebraska (2013)
Outro excelente filme, também dirigido por Alexander Payne, Nebraska é um drama pesado, lindamente filmado em preto e branco, sobre um idoso (Bruce Dern) mentalmente instável, que acredita ser o vencedor de um bilhete premiado no valor de um milhão de dólares, e convence o filho (Will Forte) a ir com ele ao estado americano de Nebraska receber o tal prêmio. Payne fez um road movie denso e emocionante sobre a reconexão de um pai com o filho. É um dos melhores papeis da carreira de Dern, que ganhou o prêmio de Melhor Ator em Cannes e foi indicado ao Oscar (perdeu para Matthew McConaughey por Clube de Compras de Dallas). (André Barcinski)
Onde assistir: disponível no Max, e para locação via Claro Video, AppleTV e Amazon.

Capitão Fantástico (2016)
Ben Cash (Viggo Mortensen) é um pai anarquista e revoltado com o consumismo do americano médio que decide criar seus seis filhos numa montanha sem energia elétrica, caçando animais e plantando vegetais, e treinando a prole no mais sofisticado homeschooling. Mas o cenário alternativo não é perfeito, pois a esposa de Cash está internada num hospital e termina se matando em decorrência de um transtorno bipolar. Em testamento, ela pede para ser cremada e ter suas cinzas jogadas numa privada, mas seus pais optam por um enterro convencional, o que explicita que eles sempre foram contra o modo de vida imposto por Cash às crianças. Ter de lidar com o luto e com esse conflito com a família da mulher leva o protagonista a radicalizar sua filosofia, até que a própria molecada o faz enxergar que a situação pede equilíbrio e serenidade. Mesmo o pai mais fora da caixa compreende que nada é tão gratificante quanto garantir o melhor futuro para os filhos. Um filme para o Dia dos Pais com uma reflexão interessante. (José Flávio Júnior)
Onde assistir: Prime Video e Disney+.
Querido Menino (2018)
Quem se acostumou a gargalhar com Steve Carell na série The Office talvez demore alguns minutos para aceitar que nessa história inspirada em fatos reais ele viva um pai desesperado com a ideia de perder o filho para as drogas. É Timothée Chalamet quem interpreta o rapaz viciado em metanfetamina nesse dilacerante drama, que joga luz num dos maiores desafios que um pai pode enfrentar. Não há como o espectador não se condoer com o sofrimento de David, que busca todo tipo de ajuda para tirar o filho Nic dessa, inclusive experimentando a substância em determinado momento para tentar entender em que tipo de prisão psicológica o garoto se meteu. A música tem grande papel no filme, a começar pelo título original, Beautiful Boy, que alude a uma canção que John Lennon fez para o filho Sean pouco antes de ser assassinado (é aquela que diz que a vida é o que acontece quando você está ocupado fazendo outros planos). (José Flávio Júnior)
Onde assistir: Prime Video.
Você Não Estava Aqui (2019)
Penúltimo trabalho lançado por Ken Loach, Você Não Estava Aqui é o típico filme do cineasta inglês de 87 anos, um devotado a analisar as relações trabalhistas no Reino Unido. Nesse caso, ela foca a uberização de nossos tempos, em que trabalhadores utilizam seus próprios veículos para trabalhar e cinicamente são tratados como “empresários”, não como os peões que de fato são. Ricky é o pai de família que conduz esse drama, cada vez mais dedicando suas horas ao transporte de mercadorias para conseguir o sustento dos seus. Com a esposa dando duro como enfermeira particular, claro que os filhos acabam sendo negligenciados nessa relação e os pais passam a ter de lidar com o ônus dessa ausência no lar. Num dos momentos mais tocantes, a filha caçula faz o pai enxergar que ele precisa encontrar um balanço entre o labor e a vida familiar. Mas, sem a labuta árdua, como colocar pão e leite na mesa? Eis o dilema que a maioria dos pais conhece bem. (José Flávio Júnior)
Onde assistir: disponível no Mubi e para locação pelo YouTube, Apple TV e Google Play.
Meu Pai (2020)
Dirigido por Florian Zeller, o filme é um drama que mergulha na mente de um homem em declínio cognitivo. Anthony Hopkins, em atuação premiada com o Oscar de Melhor Ator, interpreta o personagem Anthony, um idoso orgulhoso e espirituoso que se vê confrontado com a perda da autonomia e da própria memória. Embora o foco principal do filme seja o Alzheimer e seus impactos, Meu Pai é um retrato delicado da paternidade na velhice. O vínculo entre Anthony e sua filha Anne (Olivia Colman) estrutura a narrativa. A inversão de papéis, a filha que passa a ser mãe do próprio pai, revela o desgaste emocional da paternidade quando ela já não se expressa por proteção, mas por dependência. É uma reflexão sobre a dignidade, a finitude e a persistência dos laços familiares. Uma obra que desafia o público com sua crueza emocional e sensibilidade. É um filme para o Dia dos Pais que honra a paternidade não como função idealizada, mas como relação humana, imperfeita e, ainda assim, essencial. (André Pugliesi)
Onde assistir: disponível para locação no Prime Video e Apple TV.
Aftersun (2022)
O filme estrelado pelo irlandês Paul Mescal (da série Normal People) foi considerado um dos melhores do ano passado e rendeu a ele uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. Seu trabalho realmente merece aplausos, pois o longa escrito e dirigido por Charlotte Wells é cheio de lacunas, que o espectador precisa preencher conforme analisa as atitudes e humores do protagonista. Ele vive o escocês Calum, que passa férias na Turquia com a graciosa filha Sophie (vivida pela atriz Frankie Corio, hoje com 13 anos). Apesar da esperteza da menina e do clima ameno, é nítido que algo perturba Calum profundamente. Ele pratica tai chi chuan, tenta criar bons momentos ao lado da menina, mas seu olhar deprimido não esconde que há algo muito errado no ar, e isso não tem relação unicamente com seu momento financeiro complicado. Ao mostrar essa fragilidade do pai, Aftersun dialoga com as novas gerações e com as patologias contemporâneas, que às vezes derrotam até alguém com a nobre missão de criar uma filha. (José Flávio Júnior)
Onde assistir: disponível no Mubi ou para locação no Apple TV.
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