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Gabby Petito tinha apenas 22 anos quando seu corpo foi encontrado num parque florestal no estado de Wyoming, em 2021. A garota estava tentando se projetar como blogueira de viagens, enquanto cruzava os Estados Unidos numa van ao lado do noivo Brian Laudrie. Um ano mais velho, o rapaz foi o responsável por estrangular Gabby e, dias depois, tirar sua própria vida, num dos casos mais chocantes ocorridos naquele país nesta década.
Quem não viva em solo americano no período dificilmente acompanhou a tragédia e seus desdobramentos. Por isso que o material reunido em Homicídio nos EUA: Gabby Petito impacta tanto a audiência brasileira. A série documental em três capítulos da Netflix não é a única produção sobre o tema (o HBO Max, por exemplo, oferta os mais enxutos O Assassinato de Gabby Petito: o que Aconteceu? e Crimes e Mentiras: o Assassinato de Gabby Petito), mas é a que reúne mais qualidades.
Primeiramente, a série da Netflix se beneficia do tempo, não foi concebida e finalizada no calor da hora como outros produtos. Os realizadores conseguiram ouvir os parentes de Gabby Petito, amigos próximos e até um ex-namorado, além das autoridades envolvidas na resolução do caso e busca pelo cadáver. Outro ponto positivo é que a narrativa não conta a história como se fora senso comum. Um espectador brasileiro pode se surpreender com revelações que um americano cansou de ver nos programas diários que cobriram o sumiço e assassinato da blogueira.
O sonho de ser influenciadora
No primeiro episódio, intitulado A Gente Comprou uma Van, há um belo retrato da alegre e sonhadora Gabby Petito, que se conecta com Brian sem notar traços preocupantes de sua personalidade. O relacionamento evolui rápido e a ideia de passar um tempo na estrada se torna tentadora para a garota, que, como muitas de sua geração, sonhava em virar uma celebridade da internet. Infelizmente, o reconhecimento só veio depois que seu desaparecimento começou a ser explorado pela mídia convencional.
Em Cadê a Gabby?, o documentário se aprofunda nas diferenças do casal, que chegou a ser abordado pela polícia após uma denúncia anônima de agressão dentro da van. O mais desesperador é acompanhar o drama pelos olhos dos pais da garota, que dão depoimentos angustiantes sobre o período em que a filha deixou de responder mensagens e ligações. Por outro lado, causa indignação o comportamento dos pais de Brian, que encobertam o filho e dificultam o trabalho de investigação da polícia por alguns dias.
A conclusão Queime Depois de Ler é focada no noivo. Tanto em suas motivações para o crime, como na maneira que ele encontrou de tirar sua própria vida, quando populares já faziam manifestações do lado de fora de sua residência exigindo respostas. Também é marcante a forma como a família e os amigos de Gabby Petito encontram de vivenciar o luto, reproduzindo a jornada que ela teria feito no parque nacional até seu fatídico assassinato, imaginando como ela teria reagido às belezas locais.
Para quem tem filho adolescente ou experimentando as primeiras liberdades da vida adulta, Homicídio nos EUA: Gabby Petito serve como um potente alerta sobre os perigos cotidianos. Mais do que isso: confirma que a felicidade exibida nas redes sociais pode esconder dramas pesados, que nem sempre os filhos conseguem fazer chegar aos pais. Apenas pelo que era postado pelo casal, ninguém imaginaria se tratar de uma relação tóxica, com passagens violentas escalando dia após dia. Quando tudo foi descoberto, já era tarde demais.
- Homicídio nos EUA: Gabby Petito
- 2025
- 3 episódios
- Indicado para maiores de 14 anos
- Disponível na Netflix
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