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Ao longo do mês de junho, o leitor da Gazeta do Povo terá acesso a uma curadoria com os filmes mais bacanas do gênero western disponíveis nos catálogos dos principais serviços de streaming. A primeira parte traz faroestes que integram o pacote do Prime Video.
Os Oito Odiados (2015)
Há dez anos, Quentin Tarantino lançou esse tenso faroeste com pitadas de mistério sobre oito estranhos que se reúnem, durante uma tempestade de neve em 1877, numa estalagem no estado americano de Wyoming.

Um exercício cinematográfico bem ao estilo de Tarantino, com diálogos longos e intrincados, violência explícita e um clímax sanguinolento, Os Oito Odiados dividiu fãs do diretor: alguns amaram, outros consideraram o filme um dos menos inspirados dele. Mas qualquer obra de Quentin Tarantino, mesmo as menos celebradas, vale seu tempo, especialmente com um elenco desses: Jennifer Jason Leigh, Kurt Russell, Samuel L. Jackson e Tim Roth, entre outros. Leigh foi indicada a um Oscar, assim como o fotógrafo Robert Richardson. Mas o grande vencedor foi o compositor italiano Ennio Morricone, que fez a trilha sonora – a primeira trilha original de um filme de Tarantino – e ganhou sua primeira estatueta da carreira, depois de cinco indicações e de ter merecido um Oscar honorário.
Por um Punhado de Dólares (1964), Por uns Dólares a mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966)
Entre 1964 e 1966, o italiano Sergio Leone dirigiu três grandes faroestes na Espanha, transformando a paisagem árida da região de Almería na versão dele para o Velho Oeste dos Estados Unidos. Os filmes seriam conhecidos como a “Trilogia dos Dólares” e inaugurariam o que se convencionou chamar de western spaghetti.
Os três filmes trariam como personagem principal um pistoleiro misterioso interpretado por Clint Eastwood, então um ator em decadência em Hollywood, mas que veria seu cacife comercial e sua apreciação crítica ganharem enorme impulso depois dessa trilogia.
Lançada na Itália entre 1964 e 1966, a trilogia só seria vista nos Estados Unidos depois, quando os longas chegaram aos cinemas, respectivamente em janeiro, maio e dezembro de 1967. Nos filmes, o personagem de Eastwood é chamado de “Joe”, “Manco” e “Blondie”, mas quando a trilogia foi lançada nos Estados Unidos, o distribuidor espertamente o batizou de “O Homem Sem Nome”, para dar unidade às três histórias. A tática deu certo.
No primeiro, Por um Punhado de Dólares, Leone copiou na maior cara de pau a história de Yojimbo (1961), clássico filme de samurai dirigido pelo japonês Akira Kurosawa e interpretado por Toshiro Mifune, ator predileto do cineasta. Clint Eastwood faz um caubói que chega a uma cidade disputada por dois bandos rivais e passa a trabalhar para os dois grupos, com o objetivo de eliminá-los.
O segundo filme, Por uns Dólares a mais, tem Clint e o grande Lee Van Cleef como dois caçadores de recompensas que disputam o mesmo bandido, “El Indio”, vivido pelo italiano Gian Maria Volonté. Destaque no elenco para o alemão Klaus Kinski (Fitzcarraldo, Aguirre, a Cólera dos Deuses) no papel de um bandido.
O melhor dos três é, sem dúvida, Três Homens em Conflito, em que Clint Eastwood disputa um tesouro com dois outros mercenários sanguinolentos vividos por Lee Van Cleef (sempre ele!) e Eli Wallach. O filme traz a deslumbrante fotografia de Tonino Delli Colli e a música marcante de Ennio Morricone, dupla que Sergio Leone usaria magistralmente em Era Uma Vez no Oeste (1968), sua grande obra-prima.
O Homem do Oeste (1958)
Excelente filme do craque Anthony Mann, que usa elementos do cinema policial noir para criar um faroeste diferente e criativo. Gary Cooper, em um de seus últimos faroestes, faz um caubói misterioso – e aparentemente pacífico – que entra num trem para o Texas, onde conhece uma mulher linda (vivida pela cantora Julie London) e acaba testemunhando um assalto perpetrado por um bando de criminosos.
O Homem do Oeste não foi bem recebido na época do lançamento, mas o filme foi elogiado anos depois por críticos e cineastas franceses – Jean-Luc Godard era um de seus mais fervorosos admiradores – e mereceu reconhecimento tardio.





