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Filmes de 1995

Nunca um ator fez tão bem um presidente como Anthony Hopkins em “Nixon”

Pela sua performance como Nixon, Anthony Hopkins foi indicado ao Oscar
Pela sua performance como o presidente Nixon, Anthony Hopkins foi indicado ao Oscar (Foto: Divulgação Hollywood Pictures)

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Se há um tema que o cinema americano explorou como nenhum outro é a vida dos presidentes dos Estados Unidos. De George Washington a Abraham Lincoln, de John F. Kennedy a George W. Bush, Hollywood fez dezenas e mais dezenas de filmes de ficção, documentários, séries, filmes para TV e até desenhos animados contando as trajetórias de vários de seus líderes.

De Jefferson em Paris (1995), de James Ivory, sobre Thomas Jefferson, a LBJ (2020), de Rob Reiner, sobre Lyndon Johnson, passando por incontáveis filmes sobre Abraham Lincoln: Lincoln (2012), de Steven Spielberg, Young Mr. Lincoln (1939), de John Ford, e O Dia em que Lincoln Foi Morto (1998), de James Gray, a fascinação dos americanos por seus líderes não tem fim.

Um cineasta em especial parece ter verdadeira tara por histórias sobre os homens mais poderosos da nação: Oliver Stone. Ele dirigiu filmes sobre John F. Kennedy (JFK, 1991) e George W. Bush (W, 2001), e produziu um filme para TV sobre a tentativa de assassinato de Ronald Reagan (The Day Reagan Was Shot, 2001). Vale lembrar que Stone não se interessa apenas por presidentes americanos, tendo dirigido filmes documentais sobre Fidel Castro, Vladimir Putin, Hugo Chávez e, mais recentemente, Lula.

Mas o melhor filme que Oliver Stone já fez sobre um presidente é, sem dúvida, Nixon. Lançado há exatos 30 anos, o filme tem Anthony Hopkins no papel de Richard Nixon (1913-1994), o 37º presidente americano e o único a renunciar ao cargo, depois do escândalo de Watergate, em que pessoas associadas à sua campanha de reeleição foram presas ao tentar entrar à noite numa sede do Partido Democrata para colocar aparelhos de escuta.

Pressão insuportável

O filme de Stone começa justamente em 1973, logo depois da prisão e quando a pressão sobre Nixon tornava-se insuportável. O Chefe de Gabinete da Presidência, Alexander Haig (Powers Boothe) se encontra com Nixon no Salão Oval da Casa Branca para ouvir as famosas “fitas de Nixon”, gravações que o próprio presidente mandara fazer de suas reuniões. As fitas fazem Nixon rememorar passagens de sua vida e de sua presidência, e boa parte do filme é contada em flashback.

A atuação de Anthony Hopkins é soberba. Tive a sorte de fazer as entrevistas desse filme em Los Angeles, em 1995, e Hopkins me disse que interpretar Nixon foi um dos maiores desafios de sua carreira. “Era um homem extremamente complexo e incompreendido. Para muitos, um vilão, mas acho que a verdade é muito mais interessante do que isso”. Hopkins foi indicado ao Oscar de Melhor Ator, mas perdeu para Nicolas Cage por Despedida em Las Vegas.

Anthony Hopkins dança com a atriz Joan Allen, que viveu sua esposa no filme de Oliver StoneAnthony Hopkins baila com a atriz Joan Allen, que viveu sua esposa no filme de Oliver Stone (Foto: Divulgação Hollywood Pictures)

Não é só Hopkins que está bem demais no filme: Joan Allen foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo papel da esposa de Nixon, Pat, mas perdeu para Mira Sorvino, por Poderosa Afrodite. Outro destaque do filme é Paul Sorvino, pai de Mira, que interpretou, escondido em pesada maquiagem, o Secretário de Estado Henry Kissinger.

Mas o destaque mesmo era Anthony Hopkins. Durante as entrevistas, James Woods, que fazia H.R. Haldeman, Chefe de Gabinete e conselheiro mais próximo de Nixon, disse que atuar ao lado de “Tony” era um problema para qualquer um do elenco: “O cara decora 20 páginas de texto sem suar, faz toda tomada de forma perfeita, com sotaque perfeito, acentuação perfeita, tudo irretocável. Aí o Oliver diz “Corta!” e em um segundo o Tony voltou a ser o Tony. É assombroso”.

  • Nixon
  • 1995
  • 193 minutos
  • Indicado para maiores de 14 anos
  • Disponível no Disney +

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