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Tristán Ulloa e Candela Peña dão vida aos pais adotivos e principais suspeitos da morte do assassinato da filha
Tristán Ulloa e Candela Peña dão vida aos pais adotivos e principais suspeitos da morte da garota| Foto: Divulgação Netflix

Em 2017, o prolífico produtor espanhol Ramón Campos apresentou a excelente série documental Operação Nenúfar – O Caso Asunta, sobre a morte e a subsequente investigação do caso da pré-adolescente chinesa assassinada em 21 de setembro de 2013 na região da Galícia. Dez anos depois do ocorrido, o produtor transporta para o terreno da ficção essa história repleta de reviravoltas e nuances sombrias, protagonizada pelos pais adotivos da menina. A série, batizada somente de O Caso Asunta, é uma das mais vistas da Netflix atualmente, isso contando todos os países servidos pela plataforma.

Entre as primeiras decisões complicadas que os produtores desta minissérie tiveram de tomar estava a escolha do enfoque e do elenco. O crime ocupou muitas horas de telejornais e gerou documentários na Espanha, portanto não era fácil surpreender o espectador local. Ramón Campos e sua produtora Bambú tinham uma vasta experiência com quase meia centena de séries e filmes no currículo. No entanto, embora todas essas produções exibissem um nível técnico inquestionável, a qualidade dos roteiros era passível de críticas pelo uso excessivo de efeitos melodramáticos, derivados de seus primeiros grandes sucessos – as novelas Gran Reserva e Seis Irmãs (não disponíveis no Brasil).

Conscientes da relevância da história, seus criadores optaram pelo tom mais equilibrado e matizado de seus melhores audiovisuais de ficção. Para interpretar Rosario Porto e Alfonso Basterra, pais da menina, contaram com dois atores seguros: Candela Peña e Tristán Ulloa. Eles compõem seus personagens de forma verdadeiramente mimética, mostrando a vulnerabilidade ciclotímica e doentia da mãe e a contenção medida e maquiavélica do pai.

O elenco é complementado por outros atores de primeiro nível, mas que têm um desenvolvimento de personagens muito menos detalhado e sugestivo. Isso diminui as possibilidades interpretativas de Carlos Blanco, María León, Raúl Arévalo, e especialmente de um desenfreado Javier Gutiérrez, cuja impulsividade se torna demasiadamente repetitiva.

O roteiro de O Caso Asunta brinca com muita habilidade e talento com a estrutura temporal e os pontos de vista, ao mostrar uma investigação tão bem documentada quanto aberta a todo tipo de interpretações sobre os verdadeiros motivos do assassinato. O relato é minucioso, mas moderado nos detalhes mais mórbidos da investigação, além de ser muito sugestivo ao abordar os limites da privacidade e o direito à intimidade em relação aos meios de comunicação.

Por último, a trilha sonora de Federico Jusid vai evoluindo com a história, com uma combinação muito acertada dos instrumentos de corda e da gaita de fole galega, que termina por definir uma história tão local quanto universal em seu reflexo de uma sociedade em estado de choque.

© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.

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