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Com Sylvester Stallone

“O Demolidor” antecipou a censura, o cancelamento e o distanciamento social

Sylvester Stallone e Wesley Snipes em cena de "O Demolidor" (1993), filme futurista visionário
Sylvester Stallone e Wesley Snipes são rivais em filme premonitório (Foto: Divulgação/Warner)

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Estrelado por Sylvester Stallone, O Demolidor estreou nos cinemas em outubro de 1993 como mais um filme de ação do super astro de Rocky e Rambo. A produção tinha uma pegada de sátira futurista. Mas, com o tempo, o que inicialmente pareceu somente uma obra de ficção científica de qualidade duvidosa, ganhou contornos, quase proféticos, sobre as sociedades modernas.

A trama acompanha os personagens de Sylvester Stallone, o policial John Spartan, e de Wesley Snipes, o criminoso Simon Phoenix. Após uma perseguição que resulta na morte de inocentes, ambos são condenados e congelados criogenicamente.  

O DemolidorJohn Spartan recebe multa por falar palavrão em "O Demolidor" (Foto: Divulgação/Warner)

Décadas depois, em 2032, Phoenix consegue escapar e passa a ameaçar a pacífica cidade de San Angels, numa realidade completamente diferente do passado. E adivinha quem é a única pessoa capaz de deter o sanguinário vilão? Ele mesmo: Spartan, que, então, é despertado do congelamento.  

Dirigido por Marco Brambilla, O Demolidor previu debates e, por causa disso, tornou-se um cult visionário. A seguir, listamos os motivos que mostram como a obra estava à frente do seu tempo. 

Linguagem controlada e cultura do cancelamento

No universo do filme, o vocabulário é policiado por máquinas e o pensamento crítico foi substituído por frases aprovadas. Isso antecipa os debates sobre liberdade de expressão, censura indireta, e a cultura do cancelamento, em que pessoas e ideias são silenciadas por se desviarem do que é considerado “aceitável”. A vigilância sobre o que se pode dizer, sentir ou consumir expõe o risco de uma sociedade onde o discurso é padronizado por medo de punição pública ou digital. 

Higienização total e o controle do comportamento 

Na sociedade futurista de San Angeles, tudo é limpo, pacato e “civilizado” — ao custo da autonomia individual. Palavrões são multados, o contato físico é proibido, o sexo é virtual, e a carne e os alimentos gordurosos o são substituídos por versões artificiais “saudáveis”. Essa tentativa de eliminar tudo o que é considerado ofensivo ou arriscado remete ao debate atual sobre a hiper-regulação da vida cotidiana, a medicalização do comportamento e a perda da espontaneidade social em nome da segurança. 

A extinção do contato humano 

Beijos são banidos, abraços são simulados com gestos no ar, e o sexo é feito com capacetes. O distanciamento físico imposto pela sociedade do filme tem tudo a ver com a virtualização das relações, potencializado pela pandemia de Covid-19 e pela ascensão do digital.  

Stallone e Sandra Bullock em ação em O Demolidor. Stallone e Sandra Bullock em ação em "O Demolidor" (Foto: Divulgação/Warner)

Controle estatal e a falsa harmonia 

A cidade de San Angeles, onde se passa a trama, vive sob uma paz artificial, controlada por um governo tecnocrático e paternalista, onde as armas foram erradicadas. Esse cenário levanta questões sobre o autoritarismo disfarçado de bem-estar, a perda de liberdade individual em nome de uma suposta ordem coletiva e os riscos do excesso de vigilância — temas discutidos hoje no contexto de redes sociais, censura e algoritmos. 

Automatização e perda da agência humana 

A sociedade do filme depende de inteligência artificial e automação para tarefas básicas, como preparar comida, policiar e até aplicar as multas por palavrões. Isso antecipa o debate contemporâneo sobre o avanço da tecnologia e a obsolescência humana, além do impacto da IA sobre o livre-arbítrio e o emprego. 

  • O Demolidor
  • 1993
  • 115 minutos
  • Indicado para maiores de 16 anos
  • Disponível para locação e compra no Prime Video, Apple TV+ e YouTube

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