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Em A Última Showgirl, a diretora Gia Coppola constrói um drama centrado na figura de Shelly, uma dançarina veterana de Las Vegas que se vê obrigada a recomeçar aos 57 anos, após o fechamento do espetáculo no qual brilhou por décadas. Com 89 minutos de duração, o longa-metragem acompanha todo o lento e solitário processo de redescoberta da personagem vivida pela atriz Pamela Anderson.
Imortalizada nos anos 1990 como o rosto (e o corpo) de S.O.S. Malibu, símbolo sexual absoluto da cultura pop daquela década, a canadense estreia em seu primeiro papel dramático no cinema. Como Shelly, Anderson interpreta não apenas uma mulher esquecida pela indústria, mas também uma artista que busca se redefinir e entender seu novo lugar no mundo. Aos 58 anos, a atriz rompe com os estigmas que a acompanharam por décadas e emerge como intérprete madura e vulnerável.
A performance rendeu indicações importantes na temporada de premiações de 2025. Pamela Anderson foi lembrada como Melhor Atriz no Globo de Ouro e no SAG Awards, além de figurar em listas prévias ao Oscar, embora não tenha sido nomeada pela Academia. A ausência, no entanto, não ofuscou o impacto de seu desempenho, que foi amplamente elogiado por críticos e cineastas, consolidando um novo momento na carreira da canadense.
O roteiro de Kate Gersten apresenta uma Shelly desajustada diante de uma sociedade que mudou. A estética do show business atual já não comporta mulheres como ela — nem em seus palcos, nem em suas narrativas. Isolada, afastada da filha adulta com quem mantém uma relação truncada, a personagem tenta manter alguma dignidade enquanto revê as escolhas que fez e o que sobrou de seus dias de glória.

Diversos momentos evocam memórias, saudade e vergonha. A câmera acompanha Shelly em audições constrangedoras. Em uma das cenas mais simbólicas do longa, ela encara o palco vazio onde se apresentou por 30 anos.
Há cenas de nudez, mas que reconstituem os bastidores do universo burlesco em que a personagem trabalhou. Nada de exposição ou erotização gratuita. São cenas que reforçam a crítica ao olhar que a sociedade impõe às mulheres que envelhecem sob julgamento constante.
Pamela Anderson e Mickey Rourke
A jornada de Shelly encontra paralelo direto em O Lutador, de Darren Aronofsky, protagonizado por Mickey Rourke. No filme lançado em 2008, o ator interpreta um ex-lutador profissional em declínio, vivendo à margem da fama e do afeto.
Como Pamela Anderson, Rourke havia sido ofuscado por sua imagem pública e encontrou, naquele papel, uma forma de reinvenção artística. Assim como O Lutador foi um marco no retorno de Rourke ao prestígio da crítica, A Última Showgirl representa para Anderson um ponto de virada, uma redenção profissional e simbólica.
Para além de uma crônica sobre Las Vegas, este é um filme sobre perda, mas, acima de tudo, sobre a possibilidade de recomeçar. E sobre o valor de ser reconhecida, não pela imagem projetada ao longo dos anos, mas pela verdade que se revela após a fama construída no showbiz.
- A Última Showgirl
- 2025
- 89 minutos
- Indicado para maiores de 14 anos
- Disponível para locação na Amazon, Apple TV+ e Claro Video
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