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Nos anos 1980, Hollywood lançou diversos filmes importantes que tinham por tema a Guerra do Vietnã. Oliver Stone fez Platoon (1986) e Nascido a Quatro de Julho (1989). Francis Ford Coppola, que em 1979 havia dirigido Apocalypse Now, filmou Jardins de Pedra (1987). Stanley Kubrick lançou Nascido para Matar (1987). Eram obras que criticavam a atuação norte-americana na guerra e faziam uma espécie de mea culpa do Tio Sam.
Um dos filmes marcantes desse período foi Pecados de Guerra, de Brian De Palma. Lançado em 1989, contou um dos eventos mais pesados e vergonhosos da atuação norte-americana no Vietnã: o “Incidente no Morro 192”, o estupro coletivo e assassinato de uma jovem vietnamita de 21 anos chamada Phan Ti Mao, ocorrido em 1966.
Pecados de Guerra tem início quando um pelotão de soldados é atacado durante a noite por soldados vietcongues. Max Eriksson (Michael J. Fox) cai numa armadilha cavada pelo inimigo e é resgatado heroicamente por outro soldado, Sargento Tony Meserve (Sean Penn).
O que começa como uma história de bravura e heroísmo logo ganha contornos sombrios depois que um soldado popular no pelotão é morto numa emboscada. Meserve, que era amigo próximo do soldado morto, é muito afetado pela tragédia e decide se vingar de civis vietnamitas. Numa incursão a uma pequena vila rural, Meserve e outros soldados sequestram uma jovem chamada Tran Thi Oanh (Thuy Thu Le), que é violentada e morta. Eriksson se recusa a participar da violência e delata os colegas para seus superiores. Pecados de Guerra vira um drama pesado sobre um homem em conflito com todo seu pelotão.
Do futuro para o front
O filme foi adaptado de uma reportagem escrita em 1969 pelo jornalista Daniel Lang, publicada na revista The New Yorker e que depois seria lançada em livro pelo próprio Lang. O roteiro de Pecados de Guerra foi escrito pelo diretor Brian De Palma e pelo dramaturgo David Rabe e foca na relação tensa entre o soldado delator (na vida real, Robert M. Storeby) e o pelotão.
De Palma teve uma ideia brilhante ao escalar para um filme tão violento e pesado um dos atores mais adorados dos anos 1980, Michael J. Fox, ainda celebrado pelo hit mundial de De Volta para o Futuro. Ao jogar Marty McFly no universo sanguinolento da Guerra do Vietnã, De Palma brincou com a própria imagem do ator, e a presença dele ali foi um choque para muita gente.

Fox está ótimo no papel, assim como o grande Sean Penn no papel do brutal Meserve. O elenco todo é ótimo: Ving Rhames (Pulp Fiction – Tempo de Violência), John Leguizamo (O Pagamento Final), John C. Reilly (Boogie Nights: Prazer sem Limites), Don Harvey (Os Intocáveis) e Erik King (da série Dexter).
Pecados de Guerra é um filme diferente na carreira de Brian De Palma. Ele, que sempre foi um diretor interessado em fazer filmes que celebrassem o cinema – especialmente thrillers hitchcockianos –, aqui se limita a contar uma história triste e comovente. Alguns dos críticos mais importantes do mundo amaram o filme: Pauline Kael, temida e respeitada crítica da revista The New Yorker, escreveu: “Esse filme sobre guerra e estupro – o 19º da carreira de De Palma – é a culminação de seu melhor trabalho”. Para Quentin Tarantino, é o melhor filme já feito sobre a Guerra do Vietnã. Não é pouca coisa.
- Pecados de Guerra
- 1989
- 109 minutos
- Indicado para maiores de 18 anos
- Disponível no Sony One e para locação e compra na Amazon, Apple TV+ e YouTube
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