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Homem versus Estado

“Poder Absoluto”: filme político esquecido de Clint Eastwood chega ao streaming

Ed Harris e Clint Eastwood são as estrelas de "Poder Absoluto"
Ed Harris e Clint Eastwood são as estrelas do thriller "Poder Absoluto" (Foto: Divulgação)

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Poder Absoluto é um filme que ocupa um lugar discreto dentro da consagrada e extensa carreira de Clint Eastwood como diretor, mas que merece ser redescoberto. Lançado em 1997, e agora disponível no Brasil pelo catálogo da HBO Max, a produção traz o astro americano também como protagonista. Eastwood interpreta Luther Whitney, um ladrão de elite já veterano, marcado pelas escolhas que o afastaram de uma vida comum. 

O longa é um thriller político, adaptado do romance homônimo de David Baldacci, que explora as contradições do poder e como a corrupção pode corroer instituições. Whitney invade a mansão de um milionário e acaba testemunhando um crime envolvendo diretamente o presidente dos Estados Unidos, interpretado por Gene Hackman, e seus agentes do serviço secreto. O que era para ser apenas mais um assalto transforma-se em uma encruzilhada moral. 

Ao longo de suas duas horas de duração, Poder Absoluto aposta no contraste entre o homem que vive de transgredir a lei e a autoridade máxima do país, que deveria garanti-la. O personagem de Eastwood não é um herói convencional e Whitney não somente precisa lidar com as consequências de ter presenciado o crime, mas também com questões pessoais que o perseguem. Entre elas, está a relação distante com a filha Kate, promotora de justiça interpretada por Laura Linney. 

Drama íntimo e intriga política 

A tentativa de Luther de reconquistar a confiança de Kate se mistura à sua necessidade de expor a verdade sobre o assassinato, criando uma trama que une drama íntimo e intriga política. A filha, acostumada a ver o pai como criminoso, passa a se deparar com um homem que busca uma espécie de redenção.

O roteiro, assinado por William Goldman, reforça essa tensão ao introduzir o detetive Seth Frank, vivido por Ed Harris. Representante do sistema, Frank começa a desconfiar das versões oficiais apresentadas pelo governo. Com o andamento da investigação, cresce a percepção de que a cena do crime não corresponde aos relatos divulgados. As inconsistências tornam-se cada vez mais evidentes, e o espectador é levado a compartilhar da angústia de Frank. 

O estilo de Clint Eastwood como diretor

A direção de Eastwood se destaca pela sobriedade. O estilo contido, que já se consolidava em sua filmografia à época, reflete uma fase de transição em sua carreira. Nos anos 90, Clint deixava para trás a imagem de astro de westerns e de filmes de ação para afirmar-se como cineasta interessado em dilemas morais. 

Luther Whitney é o típico protagonista “eastwoodiano”: envelhecido, à margem, mas ainda guiado por um senso de honra. Mesmo sendo ladrão, não se furta a agir quando se depara com uma injustiça. Essa contradição é um dos pontos altos do filme, que dialoga com outros trabalhos de Eastwood nos quais a sobrevivência e a moralidade se enfrentam.  

Clint Eastwood interpreta um ladrão veterano em "Poder Absoluto"Clint Eastwood interpreta um ladrão veterano em "Poder Absoluto" (Foto: Divulgação)

Embora não tenha conquistado destaque quando lançado, Poder Absoluto permanece como um thriller político relevante. A obra propõe uma reflexão sobre até onde vai a manipulação de quem ocupa o poder e como a verdade pode ser distorcida. O filme é um retrato da fragilidade das estruturas governamentais e da necessidade de resistência individual. 

Por tudo isso, Poder Absoluto merece ser revisitado. É um exemplo de como Clint Eastwood consegue unir uma narrativa envolvente a questões universais, explorando as sombras da política e a luta de um homem comum contra as forças do Estado. 

  • Poder Absoluto
  • 1997
  • 121 minutos
  • Indicado para maiores de 14 anos
  • Disponível na HBO Max

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