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Desde os últimos dias de maio, o Amazon Prime Video vem disponibilizando – sem qualquer alarde – levas e levas de filmes dos Trapalhões. A desova já totaliza 28 títulos no serviço de streaming, sendo que foram filmados 43 longas entre 1965 e 2017, 21 deles estrelados pelo quarteto completo: Didi, Dedé, Mussum e Zacarias.
A adição ao catálogo é notável porque os filmes encabeçados por Renato Aragão há muito não pintavam no streaming. Pessoas próximas ao eterno Didi sequer acreditavam que os trabalhos ficariam disponíveis tão cedo pelo fato do artista ser negligente na questão de licenciamento de produtos, além de manter disputas extrajudiciais com herdeiros dos diretores e produtores de certas obras.
Mas 28 filmes já estão no Prime, para alegria dos fãs, ainda que alguns venham usando as redes sociais para reclamar que o uso de Inteligência Artificial para retocar as imagens tenha redundado em terríveis barbeiragens. As feições dos atores foram adulteradas de forma tosca, algo perceptível especialmente em cenas em que os rostos estão em evidência.

De qualquer forma, a existência desse material numa plataforma supre uma lacuna grandiosa não só para quem tem saudade dos Trapalhões, mas para a história da cultura brasileira. Houve um tempo em que sete das dez maiores bilheterias do cinema nacional eram de filmes protagonizados pela trupe.
Os tempos mudaram e, segundo a Agência Nacional do Cinema (ANCINE) e o portal Filme B, com a chegada de Ainda Estou Aqui ao ranking, não há mais trabalhos do quarteto no top 10. A melhor posição é de O Trapalhão na Mina do Rei Salomão (1977) no 11º lugar. Uma pena que este ainda não tenha ido para o streaming.
A seguir, a lista de todos os filmes dos Trapalhões que já podem ser assistidos no Prime Video.
Adorável Trapalhão (1967)
Após dois filmes ao lado de Dedé Santana, Renato Aragão aparece sozinho na pele de um dedicado funcionário de um empresário musical. Sua missão é arranjar uma esposa para o patrão. Marca o início da parceria com o croata J.B. Tanko, que dirigiria Didi e seus parceiros outras dez vezes.
Ali Babá e os 40 Ladrões (1972)
Renato Aragão é Ali Babá, um vagabundo que vive na aba do irmão, papel de Dedé Santana. As paródias de clássicos da literatura e do cinema virariam uma constante na obra dos humoristas.
Robin Hood, o Trapalhão da Floresta (1973)
Com J.B. Tanko na direção, Didi e Dedé reinam nessa adaptação de Robin Hood, que chegou perto de bater 3 milhões de expectadores nos cinemas.
O Trapalhão na Ilha do Tesouro (1974)
Na aventura cômica, Didi e Dedé fazem dois pescadores que encontram material roubado por contrabandistas e passam a ser perseguidos pelos mesmos.
Simbad, o Marujo Trapalhão (1975)
Em 1975, os filmes estrelados por Renato Aragão e Dedé Santana já levavam mais de 4 milhões de brasileiros aos cinemas. Neste, eles vivem dois artistas de circo metidos em altas confusões.
Cinderelo Trapalhão (1979)
Com Adriano Stuart na direção, os Trapalhões rodaram cinco filmes em sequência. Cinderelo Trapalhão foi a segunda parceria do cineasta com o grupo e também o segundo a contar com Mussum e Zacarias no elenco. O primeiro, Os Trapalhões na Guerra dos Planetas (1978), ainda não chegou ao streaming.
O Rei e os Trapalhões (1980)
Inspirado no conto das Mil e uma Noites, o filme contou com gravações no Marrocos, França e Estados Unidos.
Os Três Mosquiteiros Trapalhões (1980)
De volta ao Brasil, mais precisamente em Foz do Iguaçu, Dedé, Mussum e Zacarias são três mosquiteiros (cuidam do jardim de uma endinheirada) e contam com a ajuda de Zé Galinha (Didi) para buscar um colar de esmeraldas que a patroa perdeu.
O Incrível Monstro Trapalhão (1981)
Super-heróis como Superman e Hulk são satirizados nessa aventura, com cenas rodadas no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Didi faz o Dr. Jegue, zoeira com o Dr. Jekyll, de O Médico e o Monstro.
O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981)
Esse destoa do resto da leva. É um documentário assinado por Silvio Tendler, que conta a gênese e explica o sucesso dos Trapalhões.
Os Saltimbancos Trapalhões (1981)
Para muitos, o grande clássico do grupo. Superou cinco milhões de espectadores à época e atualmente figura no 15º posto entre os filmes mais vistos no Brasil. Teve continuação em 2017: Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood, até agora o último trabalho de Didi e Dedé juntos.
Os Vagabundos Trapalhões (1982)
Retoma o personagem Bonga, que Renato Aragão havia feito em 1971, no filme Bonga, o Vagabundo. Sua inspiração foi o Carlitos de Charlie Chaplin. As então promessas Louise Cardoso e Edson Celulari estão no elenco.
Os Trapalhões na Serra Pelada (1982)
Outro trabalho dos Trapalhões a levar mais de 5 milhões de pessoas ao cinema e que figura no top 5 da maioria dos fãs. É o 17º mais visto do país atualmente, com sua história de garimpo nas minas do Pará.
O Cangaceiro Trapalhão (1983)
Baseado na minissérie Lampião e Maria Bonita, o filme marca o encontro dos Trapalhões com Daniel Filho. Além de dirigir, ele assina o roteiro ao lado de Chico Anysio e Renato Aragão. Regina Duarte e Bruna Lombardi são alguns dos nomes do grande elenco.
O Trapalhão na Arca de Noé (1983)
Marca um período em que Dedé, Mussum e Zacarias se separaram de Didi. Enquanto os três lançavam Atrapalhando a Suate, Didi surgia sozinho nessa comédia ecológica de bilheteria tímida.
Os Trapalhões e o Mágico de Oróz (1984)
A reunião do quarteto se deu em grande estilo nessa adaptação de O Mágico de Oz, com Didi vivendo um humilde sertanejo nordestino que faz três novos amigos: o Espantalho (Zacarias), o Homem-de-lata (Mussum) e o Delegado Leão (Dedé).
Os Trapalhões no Reino da Fantasia (1985)
Com Dedé na direção e animações de Mauricio de Sousa, o filme tem clima de faroeste, ambientado no espaço que foi o embrião do Beto Carreiro World. Xuxa faz a Irmã Maria, gestora do orfanato onde os Trapalhões fazem um show beneficente que dispara toda a aventura.
Os Trapalhões no Rabo do Cometa (1986)
A passagem do cometa Halley justifica essa nova parceria dos Trapalhões com Mauricio de Sousa, agora com ainda mais ênfase na animação, com resultado pouco satisfatório.
Os Trapalhões e o Rei do Futebol (1986)
Renato Aragão faz Cardeal, técnico de um time de peladeiros, enquanto Pelé interpreta o jornalista esportivo Nascimento. Ambos terminam jogando uma partida no Maracanã nesse filme criado para celebrar os 20 anos dos Trapalhões.
Os Trapalhões no Auto da Compadecida (1987)
A nova geração se acostumou em ver Selton Mello e Matheus Nachtergaele como Chicó e João Grilo, mas quem viveu os anos 80 sabe que Dedé e Didi já tinham encarnado a dupla nessa adaptação da obra de Ariano Suassuna.
Os Fantasmas Trapalhões (1987)
A aventura começa com Didi, Dedé, Mussum e Zacarias testemunhando um tiroteio em Manaus e segue para a Itália, onde a trupe vai atrás de um tesouro num castelo assombrado.
Os Heróis Trapalhões - Uma Aventura na Selva (1988)
Mais uma vez na Amazônia, Didi, Dedé, Mussum e Zacarias são detidos após se apropriarem de um tanque de guerra. Depois, são enviados numa missão de resgate, quando Didi usa sementes mágicas de um xamã para voar.
O Casamento dos Trapalhões (1988)
Atualmente, é o filme que fecha a lista das 20 maiores bilheterias do Brasil. Didi está em busca de uma mulher para noivar e a conhece numa briga de bar, iniciada por um encrenqueiro interpretado por José de Abreu.
A Princesa Xuxa e os Trapalhões (1989)
A rainha dos baixinhos faz uma princesa encastelada no planeta Antar. Ela conta com o auxílio de três príncipes – Dedeon, Mussaim e Zacaling – e do Cavaleiro sem Nome (Didi) para libertar as crianças do lugar do trabalho escravo.
Uma Escola Atrapalhada (1990)
A comédia juvenil com Angélica e Supla marca o último trabalho nas telonas de Zacarias com os Trapalhões. O humorista morreria um mês após a estreia nos cinemas. É também o primeiro filme de Selton Mello.
Os Trapalhões e a Árvore da Juventude (1991)
Outro filme ambientado na Amazônia e outra despedida. Os Trapalhões seguiram como trio depois da partida de Zacarias, mas este foi o último trabalho de Mussum nas telas. Ele morreria em 1994.
O Noviço Rebelde (1997)
Após seis anos sem filmar, Didi contracena com Sandy e Júnior nessa paródia de A Noviça Rebelde. No ano seguinte, Renato Aragão voltaria à TV para comandar A Turma do Didi, muito no embalo dado pelo filme.
O Trapalhão e a Luz Azul (1999)
Possivelmente, a menor bilheteria de Renato Aragão, o filme conta com Rodrigo Santoro e números musicais de O Rappa e Raimundos.





