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Na Netflix

“O Preço da Verdade”: o filme que nos obriga a olhar para o Brasil de hoje

"O Preço da Verdade" (2019): Mark Ruffalo em ambiente de tribunal, capturando a tensão do momento decisivo
Em "O Preço da Verdade", Mark Ruffalo interpreta um advogado lutando contra o sistema (Foto: Divulgação/ Focus Features)

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A verdade liberta, mas também testa. Testa a paciência, a coragem e a capacidade de suportar ameaças para quem decide defendê-la. Baseado em uma história real, O Preço da Verdade está disponível no catálogo da Netflix. 

Mark Ruffalo, conhecido por viver o Hulk nos filmes da Marvel, dá vida aqui a um tipo bem raro de herói, um advogado corporativo chamado Robert Bilott. A história começa quando um fazendeiro do interior dos Estados Unidos aparece no escritório de Bilott com uma caixa cheia de vídeos e a acusação de que uma fábrica da poderosa empresa química DuPont estaria envenenando a água local e matando o gado da região. 

Inicialmente cético, Bilott começa a investigar e, aos poucos, vai descobrindo um escândalo ambiental de proporções gigantescas. Ele descobriu que a empresa estava despejando ilegalmente o composto químico PFOA (ou C8) no rio e em aterros sanitários contaminando o abastecimento de água da região. Esse composto era utilizado na fabricação do Teflon, material comum em panelas antiaderentes e outros produtos domésticos usados pelo mundo inteiro. 

Implicações terríveis para a humanidade

A investigação revelou que a DuPont sabia dos riscos à saúde desde a década de 1970, mas ocultou os dados. Ainda, que a substância estava ligada a vários problemas de saúde, incluindo câncer, problemas reprodutivos e má formação fetal. Por fim, e pior ainda, que a essa altura, todos os seres humanos do planeta já estariam contaminados de alguma forma. 

Além de Ruffalo, que dá vida ao advogado que se sacrifica pela verdade, o elenco conta ainda com Anne Hathaway, Tim Robbins e Bill Camp em excelentes participações. Em um roteiro com pouquíssimas liberdades dramáticas, O Preço da Verdade busca reconstruir de maneira fiel o escândalo ambiental que expôs a fragilidade das instituições diante de grandes corporações. 

Detalhes que aprimoram a obra

O caso verdadeiro ocorreu no estado de West Virgíinia e, como não poderia faltar, a excelente música country “Take Me Home, Country Roads” coube perfeitamente, dando ainda mais sentido à ânsia do advogado, que cresceu na região, em defender aquelas terras, a produção rural e as pessoas do lugar. A representação da religiosidade do casal, Billot e sua esposa, também agrega valor ao sofrimento que enfrentam juntos pela justiça. 

Outra curiosidade é que o filme foi inspirado em um artigo investigativo publicado na revista do jornal The New York Times em 2016 intituladoThe Lawyer Who Became DuPont’s Worst Nightmare (o advogado que se tornou o pior pesadelo da DuPont), do jornalista Nathaniel Rich.  

Anne Hathaway em cena intimista, representando o desgaste familiar da jornadaAnne Hathaway interpreta a esposa do advogado no filme "O Preço da Verdade! (Foto: Divulgação/ Paris Filmes)

O caso é das maiores ações ambientais da história dos EUA, que se arrastou por mais de 20 anos. Mas, em conclusão, o final foi feliz. Além das várias mudanças na legislação, a empresa foi obrigada a pagar centenas de milhões de dólares em indenizações e alterar seus processos industriais. 

A maior lição de O Preço da Verdade para o Brasil é mostrar como estruturas de poder, sejam empresas, sejam instituições públicas, agem para calar, desmoralizar e isolar quem ousa questionar o status quo. Além de um bom filme, é uma obra essencial para quem ainda acredita que lutar pela verdade vale a pena, mesmo quando tudo parece conspirar contra. 

  • O Preço da Verdade
  • 2019 
  • 126 minutos 
  • Indicado para maiores de 12 anos 
  • Disponível na Netflix, Globoplay e para locação e compra na Amazon e YouTube

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