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Até quem não entende patavinas de basquete pode se divertir com Quadra de Ouro, série documental em seis episódios lançada pela Netflix que refaz a disputa por medalhas na categoria durante os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Como a produção é americana e o ouro mais uma vez ficou com eles, há um destaque natural para o mais recente dream team. Mas a produção também acompanha as jornadas dos times da França, Canadá e Sérvia.
Quadra de Ouro faz de tudo para envolver o leigo na emoção do basquete. Um exemplo disso está o episódio 3, que dá um belo foco na seleção sérvia. Em vez de explorar apenas Nikola Jokic, o maior jogador em atividade no mundo, a série rebobina até os anos 80, quando a Iugoslávia praticava o melhor basquete da Europa. Explica-se como o desmembramento do país prejudicou uma geração fenomenal nos anos 90 e como isso impactou nas primeiras equipes sérvias, ainda que a paixão pelo basquete tenha sido mantida intacta.
Para quem acompanhou os jogos de Paris e viu a jornada sérvia até o bronze, após perder uma semifinal com os Estados Unidos que parecia ganha até o terceiro quarto, vale citar que Quadra de Ouro mostra os bastidores da monumental bebedeira que os jogadores protagonizaram após garantir a medalha. Além de ressaltar tudo que há de nobre num ambiente de esporte de alto rendimento, como o trabalho em equipe, as renúncias individuais e a força mental de cada envolvido, a série também contempla as histórias divertidas que rolaram nas Olimpíadas, por isso ela é tão irresistível.
O futuro do esporte
No roteiro de Quadra de Ouro, a seleção canadense representa o grupo que fracassou em Paris, pois dela se esperava mais do que um avanço para as quartas de final. Mas o Canadá também representa o futuro do esporte, um possível finalista em 2028, com sua geração repleta de grandes talentos, incluindo Shai Gilgeous-Alexander, eleito o jogador mais valioso da última temporada da NBA.
Já a França foi a seleção que conquistou a prata aos trancos e barrancos. Houve desentendimentos entre atletas e comissão técnica, uma derrota humilhante para a Alemanha, mas também uma recuperação fantástica com ajuda da torcida da casa e muito empenho do jovem Victor Wembanyama, que todos apostam que será o maior jogador de basquete do mundo em poucos anos. Os franceses chegaram a apertar o jogo final contra os Estados Unidos no último quarto, mas não foi o suficiente para tirar o ouro do país que só perdeu essa medalha uma vez em tempos recentes (para a Argentina, em 2004).
Quadra de Ouro demonstra que os inventores desse esporte são movidos por brio, além da natural fome de vencer. Vacilos em campeonatos mundiais fizeram as maiores estrelas da NBA querem disputar jogos olímpicos, em vez do país mandar selecionados semiamadores, com era praxe até 1992, ano em que nasceu o dream team de Magic Johnson, Michael Jordan, Larry Bird, David Robinson e etc. Em 2024, eles também tinham um time dos sonhos, capitaneado pelos veteranos LeBron James, Kevin Durant e Stephen Curry, este último sem nunca ter disputado uma Olimpíada.
A série exibe a trupe empolgada na plateia de outras modalidades em Paris – da esgrima ao tênis de mesa –, dando carona para o rapper Snoop Dogg no ônibus da seleção e curtindo muito as seis vitórias (a contra o Brasil não entrou porque não ofereceu qualquer dificuldade para eles). Num momento de internacionalização do basquete, em que os prêmios principais da NBA têm sempre ido para gringos, e que já existem seleções com capacidade de encarar os EUA quase no mesmo nível, LeBron e seus pupilos sentiram que tinham um legado para defender. E defenderam com o denodo que nunca falta nas maiores estrelas do esporte nos EUA.
- Quadra de Ouro
- 2025
- 6 episódios
- Indicado para maiores de 12 anos
- Disponível na Netflix
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